Fruticultura

Aberta a temporada do caqui

Fruta com produção mais expressiva em Arroio do Padre é uma das protagonistas da festa municipal

(Foto: Jô Folha) - thompsen. Família do produtor Válter se dedica à atividade há mais de 70 anos e foi iniciada pelo pai e avô Rodolfo

Anualmente, no período entre os meses de março e maio, os pomares do município de Arroio do Padre ganham um colorido avermelhado proporcionado pela produção do caqui, uma fruta característica do outono e que, há muitos anos, é fonte de renda para famílias locais. É o caso da família Thompsen, que há mais de sete décadas se dedica à atividade da fruticultura, iniciada pelo avô Rodolfo e seguida pelo filho Válter e o neto William. “Conseguíamos sobreviver só com a renda do caqui, duas famílias viviam tranquilas”, diz o produtor ao lembrar dos tempos áureos da fruta.

A valorização do caqui é tão expressiva que ganhou um evento anual, a Festa Regional do Caqui e da Maçã, em sua 14ª edição, e que ocorre nos dias 15 e 16 deste mês, próximo final de semana, no Centro de Eventos Dorothéa Coswig Buss. A família Thompsen estará presente, com a mostra e comercialização de suas frutas, apesar das dificuldades acumuladas ao longo dos últimos dez a 12 anos e que vêm provocando, entre outros fatores, a queda gradual na produção da fruta

O produtor Válter Thompsen conta que, no ano passado, em pleno período pandêmico, foram colhidas sete toneladas da fruta mas, neste ano, não sabe se vai conseguir chegar nas três toneladas. No pomar de 3,5 hectares, localizado na margem da ERS-737, a Federeca, um hectare é ocupado pelos caquizeiros, que já chegaram a produzir próximo de dez mil quilos por semana.

Há alguns anos a cultura vem sofrendo com um estranho fenômeno foliar. O produtor conta que, na fase da floração, entre os meses de agosto e setembro, aparece um branqueamento nas folhas, com o enfraquecimento da planta e consequente abortamento da flor, que não chega a se desenvolver. O resultado é uma carga bem menor de frutos por planta.

Thompsen não chegou a fazer uma análise laboratorial do problema, mas possui algumas suspeitas sobre o que pode estar causando o problema. “Com o enfraquecimento da planta, ela fica suscetível ainda a outras doenças fúngicas, como a antracnose”, explica. Aliás, a antracnose é um problema enfrentado pelos demais produtores do município, desde a safra passada, a partir do surgimento de uma mancha escura no fruto maduro.


Entre as variedades de caqui cultivadas na propriedade estão a Granada, Rama Forte, Folha Forte, Taubaté, Fuji e Kyoto, mais conhecida como Chocolate, eliminada recentemente, pelo produtor por ser suscetível à antracnose e por trazer a doença para o pomar, diz. No mesmo local, outras frutas como a goiaba, ameixa, araçá, pitanga, nectarina e maçã diversificam a produção e complementam a renda. “Na maçã ainda não conseguimos produzir”, ressalta.

Ele destaca que, pelas suas características nutricionais e de fortalecimento do sistema imunológico, além de ser uma fruta barata, o caqui é muito indicado para consumo. Mas não é o que vem ocorrendo, nos últimos anos, pois além da perda do poder de compra pelo consumidor, as frutas não têm sido prioridade na hora de adquirir alimentos.

Após três anos sem a realização da Festa do Caqui e da Maçã, a prefeitura retoma neste ano, o evento que é um excelente canal de comercialização para as frutas, com a venda direta nas bancas.


Produção municipal
Além de Thompsen, outros dois produtores cultivam área mais expressiva da fruta no município. Somado a outros pequenos produtores, que chegam a 12, a área totaliza quatro hectares. A produtividade média da fruta é de 20 toneladas por hectare e a expectativa para este ano é atingir uma produção de 80 toneladas. Desde o ano passado, no entanto, a cultura enfrenta a antracnose, uma pequena mancha escura, que se espalha pela polpa e compromete a qualidade da fruta, resultando em perda total. O chefe do escritório da Emater local, extensionista Ricardo Bonini Afonso, explica que mancha é causada por um fungo que ainda não está identificado. “Sabemos que é antracnose mas não temos definido o agente causador”, ressalta.

A dificuldade se dá na hora do controle, pela falta de produto registrado. “Não é apenas uma medida de controle, mas várias coisas que precisam ser feitas”, ressalta. O objetivo é reduzir a fonte de inóculo do fungo na lavoura, diz. “Precisamos diminuir a possibilidade de contaminação com o produtor colhendo e comercializando”, explica.

Entre as práticas, ele cita o corte de ramos e galhos com frutos doentes e retirar do pomar, fazer a limpeza da área e tratamentos de inverno. “São várias medidas de prevenção, práticas que culminam num controle mais efetivo”, diz. Identificar e usar variedades resistentes, fazer a limpeza da área, retirar folhas e frutos afetados e diminuir ao máximo a fonte de infecção estão entre essas práticas.

A fruticultura, apesar de inexpressiva economicamente, é diversificada no município, com cultivo de citros, pêssego, ameixa, pitaya, morango, além é claro do caqui e da maçã. “São pequenas áreas, poucos produtores, mas está presente como alternativa de renda nas pequenas propriedades”.

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