Crédito fundiário
Aquisição de terras ajuda a fixar os jovens no meio rural
Programa Terra Brasil teve teto fixado pelo Plano Safra em R$ 184 mil e recursos do Pronaf A ampliados para R$ 40 mil por beneficiário
Foto: Jô Folha - DP - A lucratividade da cultura irá ajudar no pagamento dos financiamentos, que inicia a partir de 2026
Eles são muito jovens. Soriane Herger tem 20 anos e Wellington, 22. São dois irmãos que resolveram se dedicar à agricultura e se fixar no meio rural. E eles começaram com o pé direito. Quando tiverem a idade dos pais, Sonia, 40, e Elmar, 48, já serão praticamente donos da sua própria terra. Após terem seu projeto aprovado através do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) Terra Brasil e o contrato assinado em março deste ano, há dois meses, estão instalados e trabalhando na propriedade, localizada na Colônia Santa Clara, no interior de Pelotas.
A primeira safra, cultivada em parceria entre os dois, e com a ajuda dos pais, é do tabaco de inverno, com 30 mil plantas em fase de desenvolvimento. Outras 70 mil mudas estão semeadas nas bandejas e têm ainda 90 dias pela frente nas estufas antes de irem para a terra. A cultura foi escolhida pela experiência já passada pelos pais e também pela lucratividade. Em 2026, após cumprido o prazo de três anos de carência, previsto no programa, eles começam a pagar as prestações dos financiamentos, em torno de R$ 7 mil por ano, por mais 22 anos, até fechar 25 anos de prazo total, calculam.
O projeto produtivo da propriedade, com o total de dez hectares, somadas as frações de cada um dos irmãos, inclui as culturas do milho grão, na resteva do fumo e, ainda, do feijão, batata, entre outras hortaliças. Após a falência da empresa em que o pai trabalhou por longos anos, ele passou a se dedicar à cultura do fumo. Foram cinco anos, trabalhando em 1,5 hectare de terra arrendada, na Colônia São Francisco, também no interior de Pelotas. “Em terras arrendadas não tem como investir”, alega o pai, satisfeito pela conquista dos filhos.
O extensionista do escritório municipal de Pelotas da Emater/RS-Ascar, André Perleberg, responsável pela elaboração dos projetos de crédito fundiário, conta que foram elaborados, até o momento, nove projetos para produtores de Pelotas. “Destes nove projetos, três já foram aprovados, um está em análise financeira, que é a última etapa antes de sair o contrato, dois estão na análise federal, outros dois na análise estadual e um ainda está em fase de elaboração”, ressalta.
Perleberg observa que hoje o teto máximo de liberação de recursos para o financiamento de compras de terras é de R$ 184 mil por beneficiário. “Dependendo da região do município, com este valor não se consegue comprar terras”, diz. Segundo ele, áreas mais planas, com maior fertilidade de solo e que têm proximidade ao asfalto são mais valorizadas e podem variar de R$ 25 mil a R$ 70 mil o hectare, ressalta.
Com o novo plano safra, anunciado esta semana pelo governo federal, os recursos liberados através do Pronaf A, linha de investimento para a estruturação da propriedade rural dos beneficiários do Terra Brasil, também melhoraram e passaram de R$ 30 mil para R$ 40 mil. “Isso é muito bom para estes futuros beneficiários, visto que possibilita a compra de implementos ou máquinas um pouco maiores, pois aumenta o seu poder de compra”, diz.
Perleberg explica que, na propriedade dos irmãos Herger, o cultivo do tabaco foi escolhido pelo fato de ser a época da cultura e entressafra das demais, além de que agrega valor em áreas menores. “Eles não vão ficar apenas no cultivo do tabaco. O projeto produtivo inclui o milho, feijão preto, batata inglesa e doce, tanto para consumo da casa quanto para venda do excedente”, ressalta. Ele destaca que o exemplo dos irmãos vem ao encontro das grandes vantagens do Terra Brasil, que é a permanência dos jovens no campo.
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