Protagonismo

As mulheres à frente da agropecuária em Turuçu

Atividades culturalmente com a predominância do gênero masculino têm a marca do trabalho feminino

Foto: Jô Folha - DP - Raquel Scheunemann Ollermann, de 23 anos, faz parte da nova geração de agricultoras

Elas ainda não são a maioria em Turuçu - o último Censo do IBGE indica que de uma população de 3.522 pessoas, 49,5% são do gênero feminino e 50,5% masculino - as mulheres turuçuenses exercem um protagonismo inegável em atividades econômicas antes dominada por homens: agricultura, pecuária, agroindústria, cooperativismo e extensão rural têm à sua frente lideranças femininas.

Para celebrar todo este protagonismo, prefeitura, Emater e Sicredi realizam, na próxima quarta-feira (15), o 1º Encontro de Mulheres de Turuçu. A partir das 13h, no salão da Comunidade Católica São José do Operário, são esperadas entre 80 a 100 mulheres. Entre as atrações, haverá o espaço do cuidado com procedimentos de estética, relaxamento e atividade física. Também ocorre a Feira de Trocas de Sementes e Mudas para a continuidade da vida e haverá espaço kids com atividades para as crianças.

Mais do que lembradas neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, elas estão deixando sua marca no desenvolvimento deste pequeno município da Zona Sul do Estado, que tem a pimenta, o morango e também o leite como referências para o Estado e o País.

As primeiras agroindústrias familiares do município de Turuçu são fruto do empreendedorismo de pequenas agricultoras. "Das agroindústrias familiares instaladas hoje em Turuçu, 89% estão sob a coordenação feminina e algumas delas já na segunda geração", salienta a chefe do escritório municipal da Emater, Alessandra Storch.

Segundo ela, as mulheres agricultoras, já há algum tempo, deixaram o papel de coadjuvantes nas propriedades e se tornaram protagonistas de histórias de sucesso nas suas agroindústrias. "A produção em pequena escala e realizada pela família caracteriza os empreendimentos e torna os produtos exclusivos quanto ao sabor e à apresentação", diz. Uma receita tradicional, com características únicas, um toque especial e o saber fazer são passados para as novas gerações que agregam hábitos e atendem gostos, mantendo e reforçando a identidade e a história da família, diz Alessandra.

A agroindústria Encanto do Campo, fundada pela produtora Jaine Dóris Scheunemann Ollermann, é um dos exemplos destas histórias de família, que têm propriedades diversificadas e sustentáveis e com um elemento diferenciado, a sucessão familiar feminina. "A filha Raquel Scheunemann Ollermann, de 23 anos, representa a geração moderna, que com base na valorização do conhecimento, no estudo e no desenvolvimento de competências técnicas mantém, com sucesso, o pioneirismo da mãe". Muito mais do que as receitas de família, ela herdou o empreendedorismo da matriarca.

A busca incessante por novos produtos, a partir do cultivo de variedades atuais de pimenta, é onde se destaca a atuação da nova geração de agricultoras. Hoje o município tem cultivadas mais de 15 variedades do condimento, que vão desde a bico doce sem ardência, passando pelas tradicionais malagueta e dedo de moça e a top Carolina Reaper, a mais ardida do mundo e que figura no topo do Livro dos Recordes, o Guiness Book.

Cooperturuçu
E o protagonismo feminino ultrapassou os limites das propriedades e chegou à gestão da Cooperativa das Atividades Agroindustriais e Artesanais dos Agricultores Familiares de Turuçu (Cooperturuçu), que elegeu a diretoria para o biênio 2022/23 com uma peculiaridade: ser composta exclusivamente por mulheres. Três delas são agricultoras familiares e uma representa a produção artesanal.

Na presidência, lá está mais uma vez a produtora Raquel Scheunemann Ollermann, acompanhada da vice Márcia Solange Volrath, a tesoureira Francine Klug Schimmelpfennig e a secretária Vera Tuchtenhagen. No dia 15 de março, sete dias após o dia da mulher, a diretoria completa seu primeiro ano de atividades.

A tesoureira Francine Schimmelpfennig, 29, é responsável pela agroindústria Delícias Coloniais, que além da pimenta, agrega o morango, outra cultura tradicional do município, aos seus produtos, doces e conservas produzidos artesanalmente, com a matéria-prima cultivada na propriedade.

A presença feminina na cooperativa sempre foi forte e marcante, nos seus 16 anos de existência, e as mulheres sempre estiveram envolvidas nos cargos de diretoria e conselho, bem como no dia a dia da administração e gestão. Das nove agroindústrias cooperadas, oito são registradas e administradas pelas mulheres das famílias, que também se envolvem diretamente na comercialização dos produtos.

Pecuária leiteira
Com o olhar de sustentabilidade e empreendedorismo, que a produtora Veneida Mailahn, conduz sua propriedade, localizada em Corrientes, em Turuçu, dedicada à produção leiteira e onde possui 29 vacas em produção. O trabalho da produtora é destaque pela adoção da tecnologia da silagem de colostro para a alimentação de terneiras, uma maneira sustentável de reduzir custos na criação destes animais.

A produção mensal na propriedade fica em torno de 14 mil litros de leite, uma média de 900 litros por coleta, que é feita de dois em dois dias pela Cooperativa Coopar. Dedicada à pecuária leiteira desde 2012, Veneida está nesta propriedade desde 2015, onde mora com os filhos e o marido. A atividade vem de família, herdada do pai e da mãe. "Meu pai e minha mãe passaram a vida vendendo leite em tarros de 30 litros", recorda.

Veneida foi a primeira presidente da Associação dos Leiteiros de Turuçu (ALT) e hoje exerce a função de tesoureira. Também participa do projeto Quintais Orgânicos, da Embrapa Clima Temperado Pelotas, no cultivo de frutas na propriedade.

Extensão Rural
No suporte a todo este trabalho, está a equipe do escritório municipal da Emater, também formada apenas por mulheres, a chefe municipal, a médica veterinária Alessandra Storch, a engenheira agrônoma Janaína Rosa e a extensionista social e enfermeira Karin Peglow. Segundo a chefe, na composição do escritório de Turuçu as mulheres sempre estiveram presentes na área social. "A partir de 2010, passou a contar com 50% de mulheres com a chegada da técnica da área produtiva e desde 2019, 100% de mulheres", diz.

Por ser um município essencialmente agrícola, pois 57% da população reside no meio rural, Turuçu tem na produção agropecuária uma das bases da economia local. Em 2022, essas extensionistas atenderam 80% dos estabelecimentos rurais do município, em uma diversidade de atividades, um total de 370 famílias e entre elas, pelo menos 210 mulheres.

Através de diferentes métodos de atendimento (contato no escritório municipal ou Whatsapp, visitas, reuniões, oficinas, excursões e outros) as extensionistas trabalham no fortalecimento da agricultura familiar e buscam contribuir com o desenvolvimento do meio rural.

Entre os grupos assistidos em 2022 seis são de mulheres. O foco são as prioridades municipais: morango, leite, agroindústrias, agricultura de base ecológica, plantas bioativas, cooperativismo, turismo, segurança e soberania alimentar, ATER mulheres e ATER remanescentes de quilombolas.

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