Por Luciara Schneid
[email protected]

Após mais de dez anos sem acessar recursos através do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), duas famílias de pescadores da Colônia Z-3, em Pelotas, assinaram ontem os contratos, junto a agência do Banrisul. A conquista é resultado de um esforço iniciado em 2022, liderado pela extensionista rural da Emater Pelotas, Marcia Vesolosquzki, que realiza trabalho junto aos pescadores artesanais, há oito anos. "Fizemos projetos para o Sicredi, Caixa e por último Banrisul e estou com eles prontos há mais de um ano, trocando daqui para lá", ressalta.

Segundo a extensionista, todos os pescadores teriam direito ao Pronaf, mas ultimamente no município de Pelotas, nenhum estava acessando devido a uma série de fatores. "São três projetos no total, um ainda está no forno, mas temos a informação de que logo sairá", diz a extensionista.

Esses três contratos, apesar de uma vitória, ainda representam menos de 1% dos pescadores, diz Márcia. Pelotas tem em torno de 650 pescadores artesanais regularizados e pelo menos 300 estão aptos a acessar o Pronaf, pois muitos não possuem toda a documentação necessária, estima a extensionista.

Na sua visão, o pescador foi prejudicado e sofre até certo preconceito, pois a grande maioria dos agricultores acessa o Pronaf. "Para os pescadores tudo é mais difícil, pois a categoria foi enquadrada como beneficiária do programa bem após sua criação", diz. Na comparação entre agricultores e pescadores, ela vê como desvantagem, a sua área de atuação. "Agricultores exploram base física (terra), privada e com limites definidos, exercendo domínio sobre ela, enquanto os pescadores, têm como base física águas públicas, sem limite devido e principalmente sem domínio", ressalta. Segundo ela, o número de agricultores também é relevante se comparado aos pescadores.