O dia de campo do milho em Pelotas, além de abordar as questões relacionadas à produção do grão, neste ano, teve um diferencial. A partir de trabalho realizado pela extensionista rural social da Emater Pelotas, Joana Caetano, e pela assistente técnica social regional, Caroline Crochemore, os participantes tiveram uma estação específica sobre o aproveitamento do produto na alimentação. Foram realizadas degustações de pratos a base de milho e apresentadas ideias de aproveitamento do grão.

Durante evento em Pinheiro Machado, na quarta-feira (31), a temática também será abordada na segunda estação “Milho na alimentação humana”. Além disso, o almoço terá polenta e milho verde, e no café da tarde serão servidos exclusivamente panificados com milho. São esperados em torno de 50 participantes.

Segundo Joana, no Brasil, apenas 5% do milho produzido se destina ao consumo humano (Embrapa/Conab), pois os hábitos alimentares da população privilegiam outros grãos, como arroz e feijão. Além de desconhecer as qualidades nutricionais desse grão, falta estímulo ao consumo, acredita. “É necessário mais divulgação de receitas que servem de inspiração para novas formas de aproveitamento dos alimentos”, observa. Segundo ela, receitas são o primeiro passo para que o consumidor diversifique e se aventure na culinária. Aproveitando que, nesta semana, tem início a Fenadoce, ela sugere uma receita de Docinho de Milho Verde (veja quadro).

Ela ressalta ainda, a versatilidade do grão na alimentação humana. “Podemos extrair óleo desse grão, fazer amido de milho, canjica, pipoca e farinha”, ressalta. A partir da farinha, pode-se fazer pão, bolo, bolachas e uma diversidade de pratos, doces e salgados, como a famosa polenta, que pode ser consumida mole e frita.

Entre as qualidades nutricionais do milho, é alimento energético por ser fonte de carboidratos e amido, e construtor por ser fonte de proteínas. Contém óleo, fibras, vitaminas A, E e Complexo B, sais minerais, alto teor de potássio, fósforo, magnésio, betacaroteno e antioxidantes. E um detalhe: não contém glúten. “Muito importante à alimentação e nutrição de pessoas que têm intolerância ao glúten ou doença celíaca”, ressalta.

Além disso, ela lembra do milho verde em espiga, muito consumido na beira da praia, pode ser congelado e armazenado para consumo, diz. “Aquele milho que ainda não está maduro, que tem o grão macio e se consome direto na espiga”, ressalta. No dia de campo elas ensinam um passo a passo sobre como congelar o produto:

• Faça o pré-cozimento por três minutos em água fervente;
• Em seguida, faça o resfriamento colocando o milho em água gelada pelo dobro do tempo do pré-cozimento;
• Seque com papel absorvente, coloque em saco plástico e congele.
• Podem ser congelados somente os grãos. Basta retirá-los da espiga com uma faca afiada, fazer o pré-cozimento e resfriamento da mesma foram e colocá-los numa vasilha aberta no congelador até que endureçam. Depois é só embalar e congelar.
• Sugere-se não cozinhar em excesso para que os grãos não fiquem duros. Entre os temperos que combinam canela, sal, açúcar, manjericão, noz moscada, cebola, cebolinha-verde, orégano, alho, pimenta e tomilho.

O milho é um cereal muito antigo, originário da América Central, base da alimentação dos povos indígenas (Maias, Incas e Astecas) e tem mais de dez mil anos de utilização na alimentação. No Brasil, era cultivado e consumido pelos índios guaranis.