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Indígenas kaingangs iniciam projeto de avicultura colonial

Atividade que tem o apoio financeiro da Cáritas e técnico da Emater contribuirá à segurança alimentar das 12 famílias da aldeia Gyró

Foto: Robson Loeck - DP - Proteína é garantida através da carne e dos ovos produzidos

As 12 famílias indígenas da etnia kaingang, residentes na aldeia Gyró, iniciaram atividades para desenvolver a avicultura colonial. A aldeia está localizada, na Colônia Santa Eulália, 5º distrito de Pelotas. A chegada das aves, no total de 252, movimentou a aldeia, na manhã de terça-feira (4). Além dos adultos, as crianças também participaram, ao serem conduzidas da sala de aula para o Centro Cultural, pelo professor indígena Marcos Salvador. Os pequenos demonstraram grande curiosidade e interesse pelo que estava acontecendo.

De acordo com o extensionista rural social e sociólogo Robson Loeck, a Emater/RS-Ascar e a Cáritas têm uma parceria de longa data e convivem há algum tempo com a comunidade indígena. “O interesse partiu dos próprios indígenas, que passaram a contar com o apoio da Cáritas e da Emater/RS-Ascar para a implementação, que respeitou a cultura e o tempo da aldeia, ou seja, nada foi imposto, ao contrário, tudo foi sendo construído com muito diálogo”, ressalta.

Loeck explica que esse projeto integra outro maior, denominado Prática de Incidência Política: alimentando vidas por direitos da Cáritas local e da Alemã/Misereor. “É mais um trabalho em parceria das entidades, que visa contribuir para a segurança alimentar das famílias indígenas”, ressalta. Segundo ele, os técnicos da Emater acompanham de perto as atividades na aldeia, também com explicações de frutíferas, açudes, solo e hortaliças, entre outras. “É nosso trabalho fazer extensão rural lá, estamos sempre à disposição deles”, salienta.

O projeto da avicultura colonial foi proposto, no final do mês de maio, após reunião realizada com o cacique Pedro Salvador e Josias Salvador, com recursos financeiros da Cáritas e o assessoramento técnico da Emater/RS-Ascar. Na oportunidade, os técnicos das entidades ouviram os indígenas e expuseram as possibilidades à execução, que passaram a ser discutidas internamente na aldeia.

Depois disso, na primeira semana de junho, os extensionistas rurais André Perleberg e Márcio Guedes realizaram capacitação técnica com as famílias que, por hora, se lançam ao desafio de exercer a atividade de criação de aves de postura (produção de ovos). O restante do mês foi de ajustes no projeto financeiro e de compras das aves e materiais necessários para a construção dos galinheiros, no total de 12, um por família, explicou a assistente social da Cáritas Diocesana de Pelotas, Adriana de Moraes Teixeira.

Segundo ela, a Cáritas é uma instituição de assistência social que trabalha na perspectiva do empoderamento das pessoas, grupos e comunidades em que atua. “Desde 2015, acompanhamos a aldeia Gyró e esta ação concreta é um projeto de segurança alimentar vindo deles, que decidiram pela construção dos galinheiros, pois irão ter a proteína tanto da carne quanto do ovo”, explica. A Cáritas entrou com a parte de infraestrutura, desde a compra das aves, ração, milho, tela, lona, para que se organizassem e possam dar continuidade, ressalta.

Ela explica que o projeto Prática de Incidência Política tem outras atividades como rodas de conversa sobre acesso a direitos e regularização de terras. Envolve dez comunidades ao todo, quilombolas e indígenas, que têm a parceria ainda da ONG Cidadania e Direitos Humanos, de Porto Alegre, que atua principalmente nas questões territoriais. “A proposta é o enfrentamento das desigualdades sociais, para maior resiliência das comunidades e que resulte na efetivação de políticas públicas que tragam fortalecimento, organização da base deles e consigam acessar os seus direitos”, conclui.

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