Clima
La Niña deve perder força a partir de janeiro
Reflexos do fenômeno ainda serão sentidos ao longo do mês de dezembro com estiagens localizadas em determinadas regiões do Estado
Foto: Fernando Dias/Seapdr - DP - Plantios de verão, como a soja, estão em fase final de implantação
Os meses de setembro, outubro e novembro apresentaram chuvas abaixo da média no Rio Grande do Sul. Na Zona Sul do Estado, segundo a Emater, a virada do mês de novembro para dezembro se caracterizou pelas temperaturas mais altas, até acima da média para os padrões da época, mas com precipitações em quase todos os municípios e ventos moderados no geral, o que permitiu os trabalhos de campo para a implantação das culturas de verão. As culturas que estão em colheita, como o trigo, também foram beneficiadas pelo clima.
Ainda segundo a Emater, o solo já apresenta deficiência de umidade e as aguadas estão com nível baixo. Se não ocorrerem chuvas relevantes nos próximos dias, influenciará nas lavouras implantadas e no preparo de novas áreas.
De acordo com o coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS) da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), Flavio Varone, a chuva diminuiu, nos últimos três meses, em todo o Estado, com eventos isolados de maior precipitação. “A tendência é de redução da chuva na primavera, mas sem reflexos graves no balanço hídrico, que se mantém dentro da normalidade”, ressaltou.
Varone alerta para a elevação das temperaturas no final do ano, causando evapotranspiração que pode prejudicar o balanço hídrico. “A partir de agora a situação fica mais preocupante, porque as chuvas diminuem e as temperaturas permanecem em elevação”, disse.
Segundo ele, os modelos meteorológicos apontam para a perda de força do efeito La Ninã a partir de janeiro, tendendo para a normalidade. “O La Niña deve perder força no início de 2023, mas ainda vamos sentir seus reflexos, principalmente ao longo do mês de dezembro”, ressaltou.
O meteorologista informa que não há previsão de estiagem ampla, como no ano passado, mas estiagens localizadas em determinadas regiões do Estado, que são comuns no verão. “A pior situação será em dezembro mas alguns modelos que consultamos preveem chuva boa em janeiro e fevereiro, que é quando está prevista a redução da força do La Niña”, afirma. Outro ponto é que, na estiagem anterior, ocorreram ondas de calor muito intensas e extensas, diz. “Com a perda da força do La Niña, a tendência é termos ondas de calor mais localizadas e menos extensas, dentro da normalidade”, finalizou.
Nesta semana, a umidade e o calor permanecem no Rio Grande do Sul, de acordo com o Boletim Integrado Agrometeorológico 47/2022 da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), Emater-RS/Ascar e Irga. Entre a última sexta e o sábado, a propagação de uma frente fria no oceano manteve a nebulosidade e ocorreram pancadas de chuva e trovoadas isoladas na maioria das regiões. No domingo, a umidade e o calor predominaram em todo o Estado, porém somente nos setores Norte e Nordeste ocorreram períodos de céu encoberto e pancadas isoladas de chuva, associadas ao forte calor.
Na segunda-feira, a presença de massa de ar quente e úmido manteve as temperaturas elevadas, com máximas acima de 35°C em diversas regiões. Na terça e quarta-feira, o calor segue predominando e o deslocamento de uma nova área de baixa pressão favorecerá a maior variação de nuvens, com períodos de céu encoberto e pancadas de chuva e trovoadas, principalmente entre a tarde e à noite. Os totais esperados devem oscilar entre 15 e 20 mm na maioria das regiões.
Chuvas na região Sul
As chuvas ocorridas na semana mantiveram a boa umidade no solo para as lavouras já plantadas e não atrapalharam significativamente o preparo das áreas com plantio em andamento, segundo a Emater. No litoral Sul, houve precipitações de 2,0 mm em Tavares, 1,8 mm em Rio Grande e São José do Norte sem chuvas. Na Fronteira, as chuvas foram esparsas, com variação entre as localidades.
Há registros de 4,0 mm em Arroio Grande, 25 mm em Pedras Altas, 55 mm em Herval, 1 mm em Jaguarão e 4,7 mm em Santa Vitória do Palmar. Em um só dia choveu mais do que a média para o mês em Chuí, em uma chuva que se concentrou intensamente sobre o município, sendo que na sede registrou 139 mm de chuva em menos de 4 horas.
A Colônia de Pelotas teve ocorrência de precipitações, mas mal distribuídas, com alta umidade do ar. Choveu 2,0 mm em Capão do Leão, 3,0 mm em Pedro Osório, 20 mm em Cerrito, 77 mm em Morro Redondo e 27 mm em Arroio do Padre.
Na serra do Sudeste, o mês de novembro finalizou com acumulado de chuvas de 71 mm em Santana da Boa Vista. O mês de dezembro iniciou com registro de 17 mm na média. Em Canguçu houve ocorrência de chuvas irregulares e em volume variado, com 39 mm na sede. Também houve acumulado de 18 mm em Piratini e 14 mm em Pinheiro Machado. Amaral Ferrador teve 12 mm, Turuçu 28 mm e São Lourenço do Sul com chuvas bastante variáveis em volumes, de 15 a 60 mm.
Carregando matéria
Conteúdo exclusivo!
Somente assinantes podem visualizar este conteúdo
clique aqui para verificar os planos disponíveis
Já sou assinante
Deixe seu comentário