Vinicultura
Pelotas agora também tem produção de vinhos finos
Agroindústria familiar D´Vinus possui em elaboração mais de dois mil litros das variedades Tannat, Chardonnay, Merlot e Cabernet Sauvignon
Foto: Jô Folha - DP - A arte de elaborar vinhos passou de pai para filhos e virou um empreendimento familiar
No dia 20 de abril, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) liberou o funcionamento de mais uma vinícola no interior de Pelotas, a agroindústria de produção familiar D´Vinus, localizada no corredor da Estrada da Gama, no Monte Bonito. O diferencial em relação às outras quatro vinícolas já regulamentadas no Município é que em vez de vinho de mesa, são fabricados vinhos finos, de uvas de origem europeia como Cabernet Sauvignon, Tanat, Merlot e Chardonay.
A vinícola é a primeira de Pelotas a investir na produção de vinhos finos. Para a safra 2023, estão em elaboração mais de dois mil litros da bebida, 450 litros de Tanat, 500 de Chardonay, 350 de Merlot e mil de Cabernet Sauvignon, que devem estar prontos para serem engarrafados, rotulados e consumidos no inverno do ano que vem.
Na propriedade de cinco hectares, onde está localizada a cantina, meio hectare é ocupado por uvas de variedades de mesa norte-americanas Niágara branca, Bordô e Concord. A matéria-prima para os vinhos finos, no entanto, é adquirida de terceiros, parte vem do Vinhedo San Felício, de Pinheiro Machado, e parte do produtor Selmar Raffi, da Vila Nova, em Pelotas. “Nossa produção ainda é pequena, de três a cinco mil litros por ano”, destaca o vinhateiro Divino Azevedo, que trabalha ao lado da esposa Arlete, dos filhos, Igor e Tiano, filhas Teisitel e Ilana, sócio José Carlos Lorenzato Almeida, noras e genros. O genro Regis de Andrade é o responsável técnico pela agroindústria.
Uma paixão que atravessa gerações
A relação de Azevedo com o vinho vem de berço, pois em 1968, quando ainda era um jovem adulto, teve sua primeira experiência com vinificação junto com o pai, mas sem que tivesse continuidade. Anos depois, herdou do irmão mais velho alguns equipamentos para uma pequena produção de vinho e passou então a produzir a bebida para o consumo da família, em sua casa, no bairro Obelisco, em Pelotas, onde montou um lagar e chegou a produzir mil litros da bebida.
Trata-se de uma paixão que atravessa gerações da família Azevedo, afirma. “Meu pai tentou fazer vinho num aquário, meu irmão num barril de 50 litros e eu em um de 50, depois de cem, mais tarde 250 e 500 litros chegando a tanque de mil litros. Meus filhos estão no mesmo caminho e espero que meus netos também”, diz o produtor, orgulhoso da trajetória que construiu.
Ao longo dos anos, entre uma imersão e outra no mundo dos vinhos, sozinho ou em parcerias, fez vários cursos, se aperfeiçoou e nunca deixou de se atualizar sobre o tema. Também acompanhou de perto todas as ações realizadas por instituições como Emater, Embrapa, UFPel, Sindicato Rural e Prefeitura de Pelotas, a partir de 2005, para a profissionalização do produtor e melhoria da qualidade do vinho colonial local. “Foram muitas palestras, viagens para Bento Gonçalves para visitar grandes e pequenas vinícolas”, conta.
Sonho realizado
Aos 75 anos, completados em 23 de agosto, realiza o sonho de ter sua própria cantina, que começou a ser erguida em 2018 e com recursos próprios. Foram cinco anos de obras e adaptações de acordo com as especificações exigidas para a legalização. Todo o processo de liberação junto ao Mapa, como lançamento das informações de planta, memorial descritivo, boas práticas de fábrica, registro de rótulos, informações fiscais entre outras foi acompanhado de perto pelo engenheiro agrícola Telmo Garcez, CEO da empresa Agrolocal Sistemas Agroalimentares.
A inauguração oficial da nova cantina ainda não foi definida, mas uma data em especial lhe agrada: o primeiro domingo do mês de junho, dia dedicado ao vinho, com o objetivo de valorizar a produção da bebida no País. Devido à proximidade da data, tornou-se inviável organizar uma comemoração, que deve ficar para mais adiante.
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