Desta segunda (5), Dia Mundial do Meio Ambiente, até sexta-feira, é comemorada a Semana do Meio Ambiente, período dedicado aos debates e ações à preservação ambiental. Nesse cuidado com o meio ambiente, abelhas e meliponicultores exercem um papel fundamental. Em Rio Grande, um projeto lançado em 21 de outubro do ano passado, o Polinizando o Pampa, envolve este público e entra no seu oitavo mês, com impactos visíveis sobre os ambientes em que é desenvolvido. A avaliação é da coordenadora do projeto, a bióloga Rosana Halinski, da empresa Halinski Soluções.

O Polinizando o Pampa envolve 15 produtores das regiões da Reserva da Vida Silvestre Banhado do Maçarico, da área de proteção ambiental Lagoa Verde e Ilha dos Marinheiros, com a criação de abelhas Jataí, sem ferrão, o que vem transformando tanto as vidas das comunidades quanto o meio ambiente destas regiões. Cada produtor com propriedades localizadas próximas a estas unidades de conservação recebeu dez colmeias. O projeto é realizado em parceria com as Secretarias do Meio Ambiente, Pesca, Agricultura e Cooperativismo da Prefeitura de Rio Grande.

Segundo a bióloga, pelo menos 87% das plantas são polinizadas pelas abelhas, que impactam também na produtividade das culturas agrícolas, como por exemplo o morango, com aumento na produtividade de 20% a 70%, melhorando tanto a qualidade quanto a quantidade da fruta.

Na APA da Lagoa Verde, produtores de morango orgânico já observam melhorias na sua produção. É o caso de Gilvane Silva, que produz 14 mil mudas de morangos orgânicos. Segundo ele, desde que as colmeias foram instaladas próximas às estufas, as frutas polinizadas pelas abelhas sem ferrão têm se desenvolvido muito melhor. “Retomamos a plantação de morango, pesquisei tudo que fosse mais sustentável e descobri que as abelhas sem ferrão Jataí eram a melhor alternativa. O morango fica mais doce, o fruto é maior e conseguimos uma melhora significativa com as abelhas”, relata Silva.

Na Ilha dos Marinheiros, a produção de hortifrutigranjeiros de Claudio Costa também sofreu algumas mudanças. “Tenho observado que o morango está mais doce e maior. Geralmente isso ocorre em setembro com a chegada do calor. Acredito que isso esteja ocorrendo graças às frutas que estão sendo polinizadas pelas abelhas sem ferrão.”

Após capacitação, estes produtores estão aptos a fazer a divisão e a multiplicação das colmeias e gerar renda com a produção de mel, propólis e caixas. “Na divisão, cada caixa vira duas e assim sucessivamente, o que proporciona ao mesmo tempo renda e recuperação do meio ambiente onde estes produtores estão morando”, ressalta a bióloga.

A espécie Jataí, que possui ferrão atrofiado, é uma espécie rústica entre as 24 espécies existentes no Estado, diz. “Esta é uma espécie rústica, de fácil adaptação, amarelinha, conhecida como alemãzinha.” Segundo ela, uma colmeia com cinco mil indivíduos da espécie produz um litro de mel por ano, um produto saboroso e de valor diferenciado, ressalta.

A ideia é difundir o projeto, que terá a duração de dois anos, a outros municípios, especialmente os da região do Pampa, que segundo a bióloga, possui extensas áreas degradadas. Os benefícios aos produtores vêm em forma de geração de renda na produção de mel, propólis, geleia real entre outros produtos e, também, na exploração do turismo. Além disso, a polinização auxilia na recuperação do meio ambiente.

O projeto inclui ainda educação ambiental: três escolas ganharam caixas didáticas com a espécie sem ferrão, o que possibilita o manejo por crianças a partir dos três anos. “Dispensa roupa especial, uso de fumaça e demais cuidados observados no manejo das espécies com ferrão.” Também está programada capacitação dos professores que irão acompanhar os alunos nestas escolas. “Já fechamos a cartilha educativa e estamos vendo data em junho para capacitação dos professores”, finaliza.