Pesquisa

Subcomitê Sul busca indicação geográfica à cebola litorânea

Levantamento histórico busca validar o cultivo da hortaliça há mais de 200 anos e sua importância econômica regional

Foto: divulgação - DP - Litoral Sul é principal região produtora no Estado com 2.492 hectares

Por Luciara Schneid
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Presente em 1.701 unidades produtivas da região Sul - 1.291 delas localizadas na região litorânea entre Mostardas, Tavares, São José do Norte e Rio Grande - mais do que a principal cultura destes municípios, a cebola pode ser considerada um patrimônio.

A partir de projeto de Indicação Geográfica por denominação de origem, conduzido pelo Subcomitê da Cebolicultura, que reúne representantes dos quatro municípios, é defendida a certificação da cebola local como produto diferenciado cultivado neste território de 200 quilômetros da costa de Rio Grande, há mais de 200 anos.

O engenheiro agrônomo Fábio Correia Martins, da Secretaria Municipal de Agricultura e Pesca de São José do Norte, explica que o objetivo é identificar a população, o clima, o agricultor familiar, este diferencial da região, que resulta em produto diferenciado e único no Brasil, além da região ser a origem, o berço da cebola para todo o País, diz. Segundo ele, este trabalho está em fase inicial. “No ano passado, tivemos uma especialista falando sobre o assunto na Abertura da Colheita da Cebola e também no seminário de cebola, em junho deste ano”, ressalta. Trata-se da bióloga e pesquisadora do Ministério da Agricultura, Pecuária de Abastecimento (Mapa), Edna Ferronatto, que abordou Conceitos e exemplos de Indicação Geográfica.

“Mas enfim, a gente busca isso para se ter um valor agregado, assim como existe, o doce de Pelotas, o arroz do litoral Sul, a carne do Pampa, o vinho da Serra Gaúcha, a gente quer ter a cebola da região litorânea do Rio Grande do Sul”, salienta. Segundo Martins, quem concede o Registro de Indicação Geográfica é o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). “Estamos buscando aporte de instituições de pesquisa como a Embrapa e recursos junto a parlamentares para a realização do estudo”, salienta.

Enquanto isso, o historiador Cledenir Mendonça, reúne registros históricos a fim de validar através de documentação, a relevância histórica e econômica da hortaliça para esta região.

O Rio Grande do Sul teve, com a chegada dos açorianos um novo - e necessário - incremento na produção de alimentos na Comandância Militar no Sul, salienta. “A cultura da cebola se estabelece principalmente no cordão litoral médio, que hoje são áreas que compreendem os municípios de Mostardas, Tavares, São José do Norte e Rio Grande”, afirma.

Ele salienta que, John Luccock, um comerciante inglês que esteve no Brasil entre 1808 e 1818, descreveu os costumes, habitantes, paisagens, economia em sua obra “Notas sobre o Rio de Janeiro e partes meridionais do Brasil. Ele cita que “na Província do Rio Grande, por essas dilatadas águas se recolhem as exportações que constam principalmente de couros, sebo, trigo, cebola, queijo e charque: todos esses produtos remetidos para o Rio de Janeiro…”.

Nesse mesmo sentido, o sacerdote, geográfo e historiador, Aires Casal, em sua “Corografia Basilica. Apontamentos sobre a Província do RS, p. 119, em 1817, cita que: “Cultiva-se com grande proveito trigo, cevada, milho, arroz, alpiste, legumes; melancias, melões, cebola com quase todas as hortaliças da Hespanha”. O historiador ressalta que registros como estes, além de outros já apontados em estudos, referendam o pioneirismo em escala comercial, do cultivo da cebola no Litoral.

Cultura na região
O litoral Sul é a principal região produtora no Estado com uma área de 2.492 hectares cultivados na safra 2022/2023 em 1.701 unidades produtivas, localizadas em 15 municípios da região. A estimativa da colheita está próxima das 69 mil toneladas do produto.

São José do Norte é o maior produtor de cebola do Estado, tanto em área, número de produtores e produção total. A cebolicultura é de extrema importância econômica para São José do Norte e também nas economias das famílias em Tavares e Rio Grande. Mil produtores de São José do Norte plantaram na safra 2022/2023, 1.650 hectares com a cultura. A estimativa de produção é de 49,5 mil toneladas.

Tavares e Rio Grande têm 235 e 200 hectares cultivados respectivamente por 171 e 135 famílias. A estimativa de produção nos dois municípios é de 8,22 mil e seis mil toneladas. A cebolicultura é praticada 100% em propriedades com agricultura familiar.

Em Rio Grande, a cebola é cultivada em todo o município, exceto no Taim, com maior concentração de produtores nas Ilhas do Leonídeo e dos Marinheiros. Os cerca de 135 produtores cultivam 200 hectares e têm uma produtividade média de 25 toneladas por hectare.

Na região Sul, há cultivos ainda em Canguçu (200 hectares), Pelotas (83ha), São Lourenço do Sul (45ha), Turuçu (8ha), Morro Redondo (7ha), Herval (40ha), Jaguarão (3ha), Cerrito (5ha), Santa Vitória do Palmar (2ha), Chuí (1ha), Pinheiro Machado (10ha) e Amaral Ferrador (3ha). A segunda maior região produtora de cebola do Estado é a Serra.​

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