Retorno
Almôndegas se reencontra em show histórico
Repertório da banda gaúcha, referência na MPG, leva ao palco do Theatro Guarany composições icônicas
Foto: Divulgação -
Depois de três décadas sem uma reunião com a presença do público, os músicos Kleiton, Kledir, Quico Castro Neves, Gilnei Silveira, João Baptista e Zé Flávio se reencontram em espetáculo inédito da banda, uma referência na história da música popular do Rio Grande do Sul. A turnê, que começou por Porto Alegre, chega a Pelotas neste sábado (25), em show único no Theatro Guarany, às 21h. No repertório dos músicos estão canções icônicas, como Vento negro, Canção da meia-noite, Haragana, Até não mais, Sombra fresca e rock no quintal, entre outras.
Com três integrantes de Pelotas, os irmãos Kleiton e Kledir Ramil e Castro Neves, e dois de Jaguarão, Silveira e Pery de Souza (que não estará neste show), de Jaguarão, a Zona Sul foi por muitas vezes palco de encontros memoráveis dos músicos que fundaram a banda. Mas o grupo se formou mesmo em Porto Alegre, onde eles se encontraram quando ainda eram universitários. O baterista Gilnei Silveira conta que eles se juntavam para participar de festivais, antes mesmo dos Almôndegas. “Nos conhecemos no ambiente universitário, de amigo em amigo fomos nos juntando, na casa de um, na casa de outro, até a decisão de formar o grupo profissionalmente”, conta, em entrevista ao Diário Popular.
Na época, relata Silveira, eles não tinham ideia de que fariam parte da história da música gaúcha e brasileira. “Era tudo muito espontâneo, claro que no decorrer do processo a gente sentiu que tinha outros também tentando fazer algo diferente aí vimos isso como algo consistente. Mas antes a gente não se sentia como um movimento. Ia fazendo as coisas.”
Em 1975 foi lançado o primeiro LP do Almôndegas com enorme sucesso. Foi um acontecimento tão extraordinário que aqueles jovens artistas acabaram se transformando em uma referência para todas as gerações futuras. Antes deles, não havia uma tradição de música popular urbana no Rio Grande do Sul.
O grupo mostrou que era possível. Juntou elementos do folclore gaúcho com o que havia de mais moderno na música brasileira e internacional, desencadeando um movimento de valorização das coisas do sul que elevou em muitos graus a autoestima do povo gaúcho. A obra inédita resultava em uma valorização da sonoridade acústica das vozes, dos violões, violino, violoncelo e percussão, numa mistura de rock com a música regional.
“A gente tinha várias influências, mas alguns pontos em comum, como os Beatles, Rolling Stones, Chico Buarque, Milton Nascimento, os grandes da MPB, e gostávamos da música nativista, todos do interior. As coisas foram se fundindo, sem a gente racionalizar ou teorizar sobre isso”, fala o músico. A banda foi extinta em 1979, na época, tinha quatro discos gravados, um legado que é cultuado até hoje.
Gilnei Silveira saiu durante a gravação do último disco, mas ele faz questão de dizer que não houve brigas, apenas não estava mais se vendo no conjunto musical. “Mas do grupo eu nunca saí, a gente manteve a amizade e até hoje é a mesma coisa”, fala.
Em depoimento por escrito, o músico Vitor Ramil, irmão de Kleiton e Kledir, contou um pouco da vivência ao lado da banda. “Perdi a conta de quantos shows deles assisti, em quantas cidades e teatros diferentes. Até num festival de rock em Palhoça eu estive, com muita lama e a minha mãe, claro. Sem falar nas vezes em que os escutei ao vivo quando se reuniam em nossa casa em Pelotas, na sala ou no meu quarto, e na casa da nossa tia Dadá, em Porto Alegre, onde moravam Kleiton, Kledir e Pery e onde hoje moram Ian, Laura e Nina, minha neta. Se não tenho autoridade para dizer que considero o Almôndegas o grupo mais importante da história da música do RS, ninguém pode me tirar o direito de afirmar que se trata do mais importante em minha própria história.”
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