Lançamento
Artista Miguel Barros tem trajetória contada em livro infantil
Obra do escritor Jorge Braga é o segundo volume da coleção As aventuras de Lu, o lançamento será em novembro
Foto: Divulgação - DP - Lançamento será no dia 9 de novembro
Está pronto o segundo volume da coleção As aventuras de Lu, do escritor Jorge Braga. Desta vez a série, que, anteriormente, contou a história de Luciana Leopoldina de Araújo, foca na trajetória do artista plástico e ativista do Movimento Negro, Miguel Barros (1913-2911). A obra chegará ao público no próximo mês, com lançamento no dia 9 de novembro, na 49ª Feira do Livro de Pelotas.
Se no primeiro volume Lu falava às crianças sobre a Luciana de Araújo, mulher negra que dedicou a vida a cuidar de meninas órfãs, desta vez ela apresenta Miguel Barros. Nascido em Pelotas, foi um artista plástico com formação artística com nomes como Leopoldo Gotuzzo. Barros era um homem negro da elite, sua família era proprietária da fábrica de carimbos Sem Rival, que acabou se tornando uma gráfica.
Além do trabalho artístico, Barros era um ativista social que escrevia para o jornal A Alvorada e representou a Frente Negra Pelotense, no 1º Congresso Afro-Brasileiro, que ocorreu em Recife, na década de 1930. O pelotense fez exposições por países como o Uruguai e os Estados Unidos, entre outros.
O projeto de Braga prevê a criação de dez livros sobre dez personalidades negras que tiveram relevância na sociedade de Pelotas. "Uma das funções do livro é essa, colocar um holofote sobre a vida dessas pessoas, que tiveram uma trajetória relevante e que fizeram a diferença, mesmo que tenham sido esquecidas pela história oficial", fala o Braga.
Personagem atemporal
O autor explica que algumas pessoas pensavam que a Lu era a Luciana de Araújo, mas na verdade ela foi criada para ser o personagem que guia os leitores pelos diferentes universos dos retratados. "A Lu é uma menina atemporal, ela vai pro passado e volta, ela faz essa brincadeira de viajar pelo tempo."
A obra deve ter um lote adquirido pela Secretaria de Educação para que seja trabalhada em sala de aula, o que ocorreu com o primeiro volume. O próprio Jorge Braga se dispõe a fazer essa ponte entre os pequenos leitores e os seus livros, algo que ele já fazia no projeto Autor Presente, do Instituto Estadual do Livro. O feedback positivo dos alunos e até dos familiares das crianças tem servido de "combustível" para o escritor seguir com esse trabalho voluntário.
A proposta da série conta com as ilustrações de Larissa Silva, diagramação de João Sodré e revisão de Jeean Karlos Souza Gomes. Além de fazer as ilustrações, Larissa contribuiu também com a pesquisa sobre Barros. A jovem universitária ficou impressionada com a falta de registros pelotenses do artista.
"O nosso trabalho de resgate acontece porque aqui em Pelotas a gente não tem registros do Miguel", fala. Os maiores relatos sobre o artista foram encontrados em publicações paulistas, tanto de São Paulo, quanto de Mogi das Cruzes, onde Barros se radicou e viveu até a morte aos 97 anos, além de jornais argentinos. "Ele é muito conhecido em Mogi das Cruzes, ele foi para lá e se transformou em um dos principais artistas desta cidade."
Ele fez várias exposições por países como o Uruguai e os Estados Unidos
Incentivador da proposta, o ativista do Movimento Negro, Luis Carlos Matozzo, idealizador do Museu do Percurso Negro, diz que trabalhos como esse ajudam a juventude negra a ressignificar a sua postura na sociedade hoje.
Carregando matéria
Conteúdo exclusivo!
Somente assinantes podem visualizar este conteúdo
clique aqui para verificar os planos disponíveis
Já sou assinante
Deixe seu comentário