Espetáculo
Capela São Pedro recebe encenação teatral em prosa sacra
Sermão do Padre Antônio Vieira é representado de forma inovadora, promovendo inclusão de arte cênica em patrimônio arquitetônico
Foto: Divulgação - Além de ver a peça, público irá conhecer o que está sendo feito para a reabilitação deste templo
Sexagésima, do Padre Antônio Vieira, é uma das atrações do Dia do Patrimônio em Pelotas. O espetáculo abre ao público a Capela São Pedro, da Beneficência Portuguesa, que passa por restauro. A atividade, que ocorrerá neste sábado em dois horários, às 15h e às 17h, integra uma série de ações de educação patrimonial, realizadas pela Santa Fé Produtora & Patrimônio. Antes do início da peça será feita uma visita guiada ao espaço religioso, às 14h e às 16h30min. Ambas iniciativas são abertas ao público e o tempo de duração dos eventos é de 70 minutos.
O Sermão da Sexagésima é um dos mais conhecidos Sermões do escritor e orador barroco padre Antônio Vieira. A obra foi escrita em prosa e proferida na Capela Real de Lisboa no ano de 1655. De temática religiosa, a prosa sacra tinha o intuito de incutir na mente das pessoas os dogmas da religião católica, considerando a perda de fiéis por conta da Reforma Protestante.
A direção teatral está a cargo de Plínio Mósca, diretor e professor de teatro. Na sua trajetória, Mósca estudou com Dulcina de Moraes na Faculdade de Artes da Fundação Brasileira de Teatro e residiu em Marseille, participando da produção de três espetáculos: Le RoiLear, de William Shakespeare; L’arbre de Mai, de Marcel Maréchal e Ce que disent les fleurs, de Georges Sand, com a qual se apresentou no Festival de Avignon, de 1984.
Os atores, todos de Pelotas, foram selecionados pelo diretor através da apresentação de uma passagem do Sermão da Sexagésima. Sandra Viegas e Germano Rusch vão interpretar os papéis principais, atuando como coadjuvantes os atores Letícia Conter, Lizii Fonseca e Lucas Furtado.
O Sermão da Sexagésima foi pronunciado, pela primeira vez, 60 dias antes do domingo de Páscoa, que é um ciclo que sempre se estabelece como recomeço. Para o diretor teatral Plínio Mósca, o Sermão tem muito a ver com o espaço da Capela São Pedro. “É abençoado, mágico e está em processo de retomada. O que a Santa Fé está fazendo é recuperar um local que estava interditado, transformando-o em capela, em fé, em local de cultura. O Sermão festeja um recomeço e, espero eu, que desta casa, deste local e deste país também”, diz.
Restauro em andamento
A Capela São Pedro foi interditada em 2009, em função dos graves problemas estruturais da semicúpula, motivo que levou o Ministério Público, parceiro da proteção dos bens culturais, a acionar a instituição hospitalar. Em abril deste ano foi anunciado o projeto Reforma da Semicúpula do Altar da Capela Cultural da Beneficência Portuguesa de Pelotas, sob responsabilidade da Santa Fé Produtora & Patrimônio.
A equipe da Santa Fé realizou um tratamento de aplicação pontual de resina no madeiramento gravemente deteriorado pela ação de cupins. O objetivo desse procedimento foi o de fortalecer o madeiramento para ali prender as novas ripas, auxiliando na sustentação da semicúpula. “Por isso não tiramos as madeiras ainda. A próxima etapa será o forro da capela”, comenta a diretora de Marketing da Santa Fé, Flávia Kuhn.
Foram realizadas outras intervenções na semicúpula, incluindo, além das madeiras, o estuque, argamassa e camada cromática. Em uma etapa anterior, foram trocados 400 m2 de telhado, substituindo as telhas de fibrocimento por coloniais portuguesas do tipo capa e canal. O projeto tem o patrocínio da Josapar Alimentos, Biri Refrigerantes e Irmãos Jouglard. O financiamento é do Sistema Pró-Cultura RS/LIC – governo do Estado do Rio Grande do Sul.
Palestra
Hoje (quinta-feira), às 17h, a Santa Fé Produtora & Patrimônio realiza no Museu do Doce, como parte da programação relativa ao Dia do Patrimônio, a palestra Ações emergenciais sobre um patrimônio em risco: primeira etapa da restauração da semicúpula da Capela São Pedro, da Beneficência Portuguesa de Pelotas. As conservadoras restauradoras Flávia Faro e Isabel Halfen Torino, com assessoria técnica do restaurador Fábio Galli, irão fazer a explanação.
Elenco
Sandra Vieira - Atriz desde 1988 pelo Teatro Escola de Pelotas, sob direção de Valter Sobreiro Júnior. Recebeu o prêmio Atriz Revelação no Festival de São José do Rio Preto (SP). Atuou com cinema e teatro, já tendo trabalhado com os diretores Gabriel Vilella e Vladimir Capella. Participou da ópera Il Trittico, de Puccini, sob direção de Bia Lessa, no Teatro Municipal de São Paulo;
Germano Rusch - Ator, diretor e professor de teatro, licenciado em Teatro pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Mantém-se, atualmente, na circulação do espetáculo Opai de Deus, de Valter Sobreiro Júnior, com direção de João Schmidt. É membro do núcleo de teatro do Tholl;
Letícia Conter - Atriz licenciada em Teatro (2022) pela UFPel. Tem atuado com textos de Valter Sobreiro Júnior, sob direção de João Bachilli;
Lucas Furtado - Ator, graduando de Licenciatura em Teatro pela UFPEL. É bolsista de Iniciação Científica da Fapergs, realizando pesquisa sobre a Pedagogia teatral de Meirhold e As máscaras teatrais, sob orientação da professora doutora Giselle Molon Cecchini;
Lizii Fonseca - Atriz, diretora, dramaturga e professora. É licenciada em Teatro e mestranda pela UFPEL. Está atualmente realizando pesquisa sobre atuação-direção-dramaturgia no grupo teatral Coletivo Meiaoito.
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