Iniciativa
Exposição destaca as artistas do acervo do Malg/UFPel
Primeira atração do ano, sob curadoria da nova diretora da entidade, homenageia as mulheres e abre diferentes frentes de pesquisa
Fotos Jô Folha - DP - Nova diretora do Malg, professora e pesquisadora Lizângela Torres, fez a curadoria da exposição
Primeira exposição do ano, no Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo da Universidade Federal de Pelotas (Malg/UFPel), Artistas mulheres no Malg: obras do acervo - Fase 1 apresenta ao visitante uma produção artística feminina e brasileira reunida nas coleções Século 20, Século 21 e L.C.Vinholes. A iniciativa da montagem é da professora Lizângela Torres, nova diretora do Malg/UFPel, que estabelece esta como uma ação do projeto Investigação e documentação do acervo da entidade.
A curadoria da diretora tem dois objetivos: homenagear as mulheres neste mês de março e lançar um olhar mais investigativo sobre as obras do Malg, que ela está conhecendo aos poucos. “Resolvi iniciar meu trabalho aqui com uma pesquisa no acervo e como eu já tenho um trabalho em andamento para mapear e estudar as obras das mulheres, mais voltado para a fotografia, desloquei esse meu interesse para cá, para iniciar a pesquisa”, explica a diretora.
A exposição identificada como fase 1 também revela o desejo da professora de estimular mais pesquisas envolvendo o trabalho das artistas do acervo e de fora dele. “Também conhecendo as pesquisas das professoras da Universidade, penso em possíveis diálogos. Por isso ela (a exposição) tem esse objetivo de mostrar o acervo e possibilitar a pesquisa”, fala. A meta é que seja organizada uma outra mostra, a Fase 2, no próximo ano, com uma seleção de obras produzidas por mulheres do acervo, juntamente com um programa de novas aquisições.
Neste primeiro olhar sobre o acervo, Lizângela se entusisasmou com o número de obras de artistas mulheres muito relevantes nos cenários gaúcho e nacional. “São obras muito importantes para se pensar a arte contemporânea brasileira, com artistas com trajetórias consolidadas e que são referência para estudantes dos cursos de artes visuais.”
Nesta proposta foram destacadas mais de 20 obras, bi e tridimensionais, em diferentes linguagens. Lizângela diz que tentou buscar essa diversidade de expressões, que mostram a riqueza da produção e do acervo, ao mesmo tempo, além de instigarem o debate sobre o imaginário e as poéticas das homenageadas. São fotografias, pinturas, gravuras, objetos, esculturas e vídeo, entre outras.
Entre as artistas pinçadas pela curadora estão nomes como: Alice Brueggemann e Vera Chaves Barcellos, Maria Lúcia Cattani, Maristela Salvatori, Cláudia Sperb, Maria Lídia Magliani, Helene Sacco, Marilice Corona, Lenir de Miranda, Beatriz Milhazes, Tomie Ohtake e Graça Marques, entre outras. Os trabalhos estão em duas das galerias do Malg. “A expografia foi pensada em diálogos entre um trabalho e outro, para que um potencialize o outro, mas também pensando questões, como a cor, por exemplo”, explica.
Uma das artistas destacadas, a professora da UFRGS Marilice Corona virá a Pelotas para um trabalho de residência no Malg, ainda este ano. “Ainda não acertamos a data para vir trabalhar com o acervo daqui.”
Resgate biográfico
Dentro do projeto Investigação e documentação do acervo do Malg, um dos objetivos é conhecer melhor essas mulheres. Para isso, a diretora prepara um levantamento documental sobre essas artistas. “Muitas vezes chega uma obra aqui e não temos muitas referências, hoje quando se faz uma doação a gente já faz um documento de registro sobre o artista, um pouco da sua biografia. Dessas artistas que nós não temos essa biografia, vamos fazer esse resgate, para poder localizá-las no contexto histórico e artístico. A princípio das artistas mulheres, depois vamos alongando”, diz.
Apesar da relevância das artistas destacadas, a curadora percebe que as mulheres encontram barreiras no meio artístico também. “A gente ainda vive em uma sociedade patriarcal e machista que muitas vezes dificulta a ascensão das artistas. A mulher sempre tem que fazer um esforço a mais para conseguir se projetar e estar em pé de igualdade em relação ao sistema”, diz.
Para a pesquisadora, os movimentos feministas expõem essas mazelas e ajudam a abrir o diálogo. “E cabe aos gestores estarem atentos a essas questões de gênero e etnoraciais que são muito comuns. O racismo estrutural existe, por isso é importante os gestores estarem atentos e promoverem ações para que possamos diminuir esses apagamentos.”
O próprio Malg enfrenta, por exemplo, a escassez de obras de mulheres negras e trans, revela a diretora. “Prevendo essas lacunas, para a próxima exposição (sobre a mesma temática) temos a ideia de fazer uma curadoria convidando as artistas, que venham a doar suas obras para o acervo”, comenta a diretora.
Conversa de Museu
Na quinta-feira (7), o Malg estreia uma nova ação intitulada Conversa de Museu, um debate sobre um tema específico trabalhado pelo Museu. Desta vez o encontro é inspirado pela atual exposição e pelo 8 de março, Dia Internacional da Mulher. As convidadas da roda de conversa são as professoras da UFPel Úrsula Rosa da Silva, Nádia Senna e Thays Tonin.
“O Conversa de Museu vai se chamar Olhares sobre o mundo. As três têm uma pesquisa sobre arte e gênero, priorizando a questão da produção das mulheres. É um olhar feminista sobre esse tema”, explica Lizângela. O evento será realizado no auditório do Centro de Integração do Mercosul, rua Andrade Neves, 1.529, a partir das 16h, com entrada franca.
Serviço
O quê: exposição Artistas mulheres no Malg: obras do acervo - Fase 1
Visitação: de terça a sábado, das 12h30min às 18h30min
Onde: praça Sete de Julho, 180
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