Aniversário

Há mais de um século atual e necessário à comunidade

Sempre em atividade, Theatro Guarany completa os longevos 102 anos, mas com ares de modernidade

Infocenter DP - Glória Menezes (E) foi homenageada pela diretora do jornal, Virginia Fetter, e pela administradora do Theatro, Andreia Zambrano, no Circuito Cultural - 120 anos do Diário Popular

O senhor centenário Theatro Guarany está cada vez mais rejuvenescido. Ao completar seus 102, celebra com o público realizações que o tornam moderno e atraente, além de figurar entre os teatros particulares por mais tempo em funcionamento no Brasil. Sua arquitetura imponente chama a atenção dos turistas, sendo uma viagem pela história e pela cultura de Pelotas. Suas instalações, a altura de grandes espetáculos, garante a presença no palco talentos como Glória Menezes, Caetano Veloso e muito mais. Nessa longa jornada de mais de um século de vida, o Guarany selou muitas parcerias. E são para elas - responsáveis pela modernização do espaço - que o Theatro celebra, neste domingo, 30, mais um ano de vida, desejando bons frutos para os próximos cem anos. 

Para a administradora, a atriz Andreia Fetter Zambrano, a chegada da Produtora Z&Z, que contou por muitos anos com a dedicação de Suzana Guimarães Zambrano, mudou o cenário do teatro. Ambas passaram a se dedicar ao restauro do prédio. O ponto de partida para a revitalização começou em 2009, o que instigou as empresárias a darem continuidade ao projeto de melhorias. Com os custos elevados para a execução da obra completa, elas atuaram em frentes de trabalho na tentativa de melhorar o visual da luxuosa edificação, sem esquecer, claro, dos reparos internos que aos olhos do público passam despercebidos.

Glória Menezes (E) foi homenageada pela diretora do jornal, Virginia Fetter, e pela administradora do Theatro, Andreia Zambrano, no Circuito Cultural - 120 anos do Diário PopularInfocenter DP


Circuito Cultural 120 Diário Popular

Uma das principais intervenções realizadas no espaço em 2010 foi a recuperação de 21 camarins e um top. Com o apoio do Diário Popular, por meio da realização do Circuito Cultural, iniciado em agosto de 2009 e culminando com os 120 anos do Jornal, foi possível substituir as varas para as luzes dos cenários e tecidos. Do Diário, o teatro ganhou um espelho redecorado pela Balaio de Gatos. Todos os preparativos foram para receber a atriz pelotense Glória Menezes, na época havia completado 50 anos de carreira, com a peça Ensina-me a viver. O Circuito foi inaugurado pelo show de Kleyton e Kledir. 

A proposta não só ajudou a levantar recursos para investimentos na estrutura do prédio, como também colocou a cidade na vitrine do Estado. Em dois anos, grandes nomes da música nacional circularam por Pelotas, como Caetano Veloso, Mallu Magalhães e Zeca Baleiro. Na cena internacional estiveram os grupos Abba Live e The Beats, além dos espetáculos de dança Asi se baila el tango, Flauta Mágica e Carmen, e de teatro, como Terça insana e Ensina-me a viver. Neste mesmo ano, o Theatro abriu as portas para celebrar os 50 anos do Expresso Embaixador com shows de Toquinho, Auildo Muñoz e Orquestra de Teotônia.

Ainda em 2010, paralelo às atividades culturais, o trabalho realizado pelos alunos do curso de Conservação e Restauro da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) com a coordenação da professora Andreia Bachettini, possibilitou a abertura do foyer para eventos e na área no entorno dos camarotes. Nesse processo, a pintura da escadaria foi refeita e, nas paredes, janelas mostraram a camada de tinta original, escondida na grande reforma de 1970. Exemplo que se repetiu nas salas verde e a de flores, onde o visitante pode observar nos fragmentos das paredes, a audácia dos idealizadores da época da construção, por meio das belas pinturas com temas florais. Uma das grandes conquistas nesta época foi a instalação das caixas d'água. 

Outra proposta foi o projeto em parceria com a estilista Eliza Andrade, concretizado em 2011. Foram substituídas todas as cortinas por modelos em veludo vermelho - impermeável e anti-chamas. Foram 450 metros de tecido costurados no próprio teatro. A última troca havia sido feita em 1970.  O evento que marcou a entrega contou com apresentações de Banda Da Silva, Centro Contemporâneo Berê Fuhro Souto, Cia de Dança Afro Daniel Amaro, Grupo Tholl, Ian Ramil e Vitor Ramil.


Homenagens

Dois anos depois, arquitetos renomados de Pelotas foram provocados a revitalização de 12 camarins de forma temática, homenageando artistas que passaram pelo Theatro, como a família Ramil, a cantora Rita Lee, o grupo Nenhum de Nós, a dupla do Tangos e Tragédias, o Ballet Antonia Caringi, a Escola de Ballet Dicléa Ferreira de Souza, o dramaturgo Procópio Ferreira, o festival Dança Pelotas, o cantor e compositor Chico Buarque, a cantora lírica Zola Amaro, a atriz Glória Menezes e a exuberante Carmem Miranda.

As arquitetas Simone Pons e Renata Gastal foram parceiras na recuperação dos camarinsInfocenter DP

Em 2016, foi recuperada a estátua do Índio que fica localizada no frontão do Theatro. A peça foi removida do local para que os alunos pudessem realizar o restauro. Logo depois, alunos do curso de Restauro da UFPel fizeram a recuperação das escaiolas do foyer. Os próximos anos foram de muitas conquistas como a reformas dos banheiros, a contemplação no Edital 10/2020 de Aquisição de Bens e Materiais da Secretaria de Cultura do Estado, via Lei Aldir Blanc até a chegada da pandemia da Covid-19. 

Estudantes da UFPel fizeram o restauro da estátua do Índio, localizada no frontão do TheatroDivulgação - DP


Centenário

Em plena comemoração dos 100 anos do Theatro Guarany, o público estava confinado, fato que não desmotivou a administração e a classe artística da cidade. “Foi um momento difícil, mas muito bonito, pois os artistas se uniram e realizaram eventos onlines, principalmente na celebração dos 100 do Theatro”, disse Andreia. Assim, artistas se apresentaram no Pub, espaço externo aberto para contemplar os critérios estabelecidos nos decretos. Entre eles Regino Matimbe, Daniel Zanotelli, Henry Oppelt, Matheus Almeida, Xana Gallo, Amâncio Jorge, Dena Vargas, Daniela Brizolara, Fred Cardoso, Leh Moraes, Vinni Fernandes, Camaueibe, Willian Ávila, Dija Vaz, Simone Passos, Matheus Cardoso, Santiago Domingues, Daniel Amaro, Leandro Pizani.


Presente

Para a administradora Andreia, o grande presente nesses 102 anos é a presença do público nos eventos, o interesse dos artistas em estar no palco do Theatro, além das parcerias, como as empresas privadas que ajudam bastante para a manutenção do quase cinco mil metros quadrados de construção. “A Materialli, por exemplo, fez o banheiro masculino e agora, ao completar dez anos, ofereceu-se para fazer o banheiro feminino, adequando o local para cadeirante, além da pintura à mão, da artista Rami Aquarelas. Isso prova que os pelotenses entendem que o teatro depende de todos, pois não recebe verba pública, para manter-se em funcionamento”, disse ao lembrar que o espaço cultural venceu um período de estagnação e uma pandemia. 

Banheiro feminino, que foi restaurado recentemente pela Materialli, ganhou arte da artista Rami LeandroDivulgação - DP


Um pouco da história

Conta a história que a construção do teatro foi motivada por uma birra, fundamentada na falta de respeito que os administradores do Theatro Sete de Abril tiveram com o coronel Rosauro Zambrano (seu camarote cativo havia sido vendido, por engano, para outra pessoa). A afronta fez o pelotense se retirar do recinto ameaçando nunca mais colocar os pés no local.  Mas faltava um espaço para assistir a óperas e operetas que ele tanto gostava. A paixão pela arte uniu o charqueador com dois portugueses pioneiros em criações cinematográficas que fundaram a Fábrica de Filmes Guarani. 

Em 1921, Zambrano, Francisco Santos e Francisco Vieira Xavier fundaram a empresa Zambrano, Xavier & Santos e com ela surgiu um grande prédio edificado na rua Lobo da Costa esquina Gonçalves Chaves. Recursos não foram poupados e, além da estrutura para erguer o prédio, os materiais empregados na decoração, como mármore de carrara, pinturas em paredes e a mobília ainda exibem uma luxuosa arquitetura em estilo neoclássico. Para a inauguração, no dia 30 de abril de 1921, no palco foi apresentado o recital da Companhia Marranti com a ópera O Guarany, de Carlos Gomes, que dá nome ao espaço artístico. 


Retrospectiva

Ano: 2009

Ações  Investimento no Projeto e Execução de PPCI quando foram instalados extintores de incêndio, sistema de alarme de incêndio, sinalização e portas com barras antipânico. Anualmente todos os itens são revisados.


Ano: 2010               

Ações: Circuito Cultural - 120 anos Diário Popular. Recuperação do Camarim Principal, Camarim Cozinha, Sala Rosa, Sala Verde e Foyer; Convênio com a Bibliotheca Pública Pelotense para pesquisa sobre a história do Theatro; Impermeabilização do terraço com Manta Asfáltica; Recuperação e troca de calhas; substituição das calhas do teatro.


Ano: 2013                     

Ações: Projeto Camarim Artístico; Aquisição de nova escada para acesso plateia-palco em parceria com a empresa Madelar Importação e Exportação de Materiais de Construção LTDA, que doou o material. 


Ano: 2014 

Ações: Reforma do banheiro masculino e aquisição de 154 novas cadeiras para camarotes; aniversário do Theatro em prol da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas, com um leilão artístico beneficente que arrecadou mais de R$ 40 mil reais. O projeto ocorreu em parceria com a Santa Casa, o Theatro Guarany e o Diário Popular e se intitulou Arte pela Vida. 


Ano: 2015

Ações:  Aniversário do Theatro em prol do Lar Espírita Assistencial Dona Conceição, com o espetáculo Abre Alas. Participaram os artistas: Xana Gallo, Daniela Brisolara, Artur Leão, Musical Cerenepe, Cia de Dança Daniel Amaro e Cia da Dança e alunos da instituição.

 

Ano: 2016

Ações: Reforma do banheiro do camarim principal comandada pela arquiteta Roberta Padilha e contou com revestimentos da Materiali. Recuperação e Pintura do Hall de entrada.

Além da recuperação das paredes e pintura, foi descoberta pintura mural original. Convênio com o Curso de Restauro/UFPel para recuperação da estátua do Índio.


Ano: 2017

Ações: Recuperação das escaiolas do foyer


Ano: 2018

Ações: Colocado toldo no pátio lateral


Ano: 2019 

Ações: Aquisição de climatizadores quando foram adquiridos seis peças portáteis para resfriar o Theatro em dias de calor.  Reforma: foram escovadas, jateadas, fibradas e emborrachadas 144 metros lineares de calhas comprometidas com furos, falhas e obstruções.                                 


Anos 2020/ 2021

Ações: Pintura dos corredores do primeiro pavimento, do saguão e do foyer, sob orientação da arquiteta Renata Gastal; aquisição de 200 novas cadeiras para camarotes e de equipamentos básicos de som e luz, cadeiras, linóleo e tatames.  Theatro é contemplado no Edital 10/2020 de Aquisição de Bens e Materiais da Sedac-RS, via Lei Aldir Blanc. União de Artistas junto ao Theatro durante a pandemia. 


Ano: 2021   

Ações: Live para celebrar os 100 anos do Theatro, em virtude do isolamento imposto pela pandemia de Covid-19. Apresentações do Ballet Diclea, Leandro Pizani, Sovaco de Cobra e depoimentos de artistas como Kleiton & Kledir, Vitor Ramil, Dicléa Ferreira de Souza, Cissa Guimarães, Joca Martins, Zeca Baleiro, Tuco Marcondes e Guilherme Weber. Espaço Guarany das Artes, com início das aulas de dança Afro, dança de Salão, dança do Ventre e Oficina Permanente de Teatro


Ano: 2022

Ações: Reforma do banheiro feminino em parceria com a arquiteta Roberta Padilha e a empresa Materiali, e contou com pinturas nas portas da artista Rami Aquarelas.


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