Patrimônio

Igreja do Porto é reconhecida como patrimônio do Estado

Tombamento pelo Iphae ocorre na manhã desta quinta-feira (2) com a presença da secretária de Estado da Cultura, Beatriz Araujo

Carlos Queiroz - DP - Paróquia, criada há 110 anos, aguarda recursos para passar por restauro

A partir desta quinta-feira (2), Pelotas tem mais um prédio reconhecido pelo seu valor histórico. Em solenidade com a presença da secretária de Estado da Cultura, Beatriz Araujo, será realizado às 8h o tombamento, por meio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae), da Igreja Sagrado Coração de Jesus, conhecida como "Igreja do Porto", por estar localizada na região próxima ao Porto do município. Em 2020 a paróquia de 110 anos foi tombada pelo município.

A proposta de tombamento, encaminhada pela Paróquia Sagrado Coração de Jesus, vinculada à Mitra Diocesana de Pelotas, há cerca de um ano. O projeto se fundamentou na importância histórica, cultural e social da preservação desse patrimônio. Elevada a paróquia em 1º de novembro de 1912, a construção, de arquitetura barroca romana, começou no final de 1913 e foi inaugurada em 1921. Na parte interna, revela-se a herança portuguesa no conjunto da obra, sobretudo pelos afrescos e escaiolas. A torre da igreja, com 40 metros de altura, contém três sinos, que vieram de São Paulo, de fundição com influências italianas, e passaram por restauração em 1959.

"Assim como a comunidade de Pelotas, o Estado do Rio Grande do Sul, por meio da Secretaria da Cultura e do Iphae, reconhece o grande valor patrimonial e simbólico desse templo religioso tão identificado com a paisagem da cidade, agora tombado também na instância estadual. Em ação de parceria com os municípios, estamos avançando na proteção do patrimônio cultural que pertence a todos os gaúchos e gaúchas", disse a secretária, Beatriz Araujo, em comunicado oficial da pasta.

À frente da paróquia desde 2017, o padre Wilson Mota Fernandes celebra a deferência e avalia que o título será primordial na luta para se manter o prédio, carente de restauro estrutural, de pé. "Uma vez recebendo do Estado o reconhecimento como Patrimônio Histórico e Artístico do Rio Grande do Sul, que a gente não tinha, vai facilitar e muito podermos entrar nos editais junto aos órgãos de governo", comentou.

O secretário de Desenvolvimento, Turismo e Inovação, Gilmar Zanella, agradeceu a agilidade da Secretaria de Estado da Cultura, que encaminhou o projeto de tombamento há cerca de um ano. "Temos que reconhecer o trabalho da Secretaria, esse tombamento ocorreu rapidamente e isso tem muito a ver com a atuação da Bia Araujo, que acompanhou esse processo de perto, sabendo que essa velocidade nos ajuda a fazer a captação de recursos e retomar as obras com urgência. Essa igreja merece uma atenção especial de Pelotas, do Rio Grande do Sul e do Brasil, não podemos perder esse patrimônio", comentou Bazanella.

Escoramento emergencial

Prestes a passar por um restauro, em 31 de julho de 2020, o prédio teve suas estruturas atingidas por um ciclone extratropical que passou por Pelotas. Desde então, a necessidade urgente de restauro deixou de se tratar da recuperação da beleza artística para se focar no salvamento deste patrimônio. A obra prevista está dividida em cinco partes. A primeira ocorreu com recursos da comunidade e foi emergencial, com o processo de escoramento das paredes.

De acordo com o projeto, sob a responsabilidade da Perene Patrimônio Cultural, o restauro da estrutura está orçado em cerca de R$2 milhões. Segundo o pároco, esta etapa fundamental, não pode ser feita aos poucos. Com o tombamento municipal a paróquia pode participar de edital junto à Lei Estadual de Incentivo à Cultura (LIC-RS).

Com projeto aprovado pela LIC foi captado o valor de R$560 mil, faltam ainda R$1,440 milhão. "Se não fizermos essa obra de reforço estrutural agora não teremos o que fazer depois, porque ela (a igreja) corre risco de colapsar."

Por causa do perigo de colapso, de outubro de 2020 até fevereiro de 2022, as atividades eucarísticas foram realizadas no salão paroquial. Há exato um ano, em 2 de fevereiro, as atividades puderam voltar a ser realizadas dentro da igreja, mas em apenas uma parte. "Na Igreja cabem em torno de 600 pessoas, hoje, nesta parte limitada, cabem cerca de 120 a 180 pessoas", falou o pároco.

Por este motivo as grandes celebrações são realizadas na rua, como a Festa de Navegantes. "A missa da tarde será na rua." Padre Wilson ainda comenta que os sacramentos têm sido realizados, mas eventos como casamentos agora são raros. "Mas nós continuamos aqui firmes e fortes, mesmo diante da adversidade, e com o restauro nós vamos poder ter a igreja aberta na sua plenitude."

O pároco lembra ainda que o reconhecimento chega em um dia especial para a comunidade da paróquia que celebra Nossa Senhora dos Navegantes. "É muito significativo para nós acontecer no dia da Festa de Navegantes", comentou.


Programação

Nesta quinta-feira (2), às 7h30min, acontece a oração inicial, às 8h, será o ato de tombamento e após sairá a procissão/carreata com até a Z-3, para a missa às 10h. Às 14h espera-se a procissão fluvial e às 18h será a chegada da imagem de Navegantes, no Quadrado. "A missa está prevista para as 18h, aqui na Igreja, com acolhida no Quadrado", antecipa o padre.





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