A professora doutora Giana Lange do Amaral lança nesta quarta-feira (8) Gatos Pelados x Galinhas Gordas: desdobramentos da educação laica e católica na cidade de Pelotas, RS (décadas de 1930 a 1960), publicada pela Editora da Universidade de Caxias do Sul. A obra, que resulta da tese de doutorado da pesquisadora, defendida em 2003 junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), aborda os fatores ideológicos, políticos e sociais que culminaram na conhecida rivalidade. A sessão de autógrafos ocorre, a partir das 18h, no Salão de Leitura da Bibliotheca Pública Pelotense , numa promoção do Instituto Histórico e Geográfico de Pelotas (IHGPel) em parceria com a BPP.

O estudo defendido há 20 anos chega agora ao público em geral a pedido de outros educadores e alunos de Giana, que atualmente é professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e coordenadora do Grupo Centro de Estudos e Investigações em História da Educação. O estímulo vem do fato de a tese jogar luzes sobre fatos que envolvem práticas discentes que fizeram a trajetória da educação nacional e gaúcha cruzando-os com a história de Pelotas.

Na tese a autora defende que os alunos das duas instituições de ensino envolvidas estabeleceram importantes espaços de práticas culturais que extrapolaram os muros das escolas. "Esse é um tempo em que o ensino médio secundário é mais acessível à elite e esses alunos aqui em Pelotas se singularizam por desenvolver práticas para além do que era trabalhado em sala de aula", comenta. A pesquisa se origina na dissertação de mestrado em Educação da professora, que também resultou em livro, intitulado Ginásio Pelotense e a Maçonaria - Uma face da história da Educação em Pelotas (1997).

De acordo com a pesquisadora, não era exatamente a classe social que distinguia os dois educandários. "O colégio Pelotense era uma escola pública, mas da qual participavam também grande parte de pessoas de uma classe social mais elevada, assim como o Gonzaga", explica.

A distinção de fato vinha por outro viés, o ideológico. Giana argumenta que a comunidade do Pelotense defendia um ensino público, laico e de qualidade, em contraponto aos gonzagueanos, que apoiavam o ensino privado e católico.

Na época, os alunos reverberaram uma disputa nacional no campo da educação entre os ensinos público e laico e o privado católico. "De 30 a 60 vai haver uma discussão no Congresso Nacional para que saia uma LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) e nessa discussão houve uma bipolarização. A primeira legislação nacional sai em 1961", relembra a pesquisadora.

No livro ela aborda ainda as práticas culturais dos alunos das duas escolas, que, defende a autora, estabeleceram uma atuação social que se integrou à cultura urbana de Pelotas. "Principalmente os Gatos Pelotas que vão fazer passeatas. Mas tinham também, os clássicos jogos, os jornais estudantis, grêmio estudantil muito organizado."

Três eixos

O livro está dividido em três eixos. No primeiro, é apresentada uma contextualização histórica da cidade de Pelotas no período de 1930 a 1960 e são analisados aspectos sobre o laicismo e o catolicismo no campo educacional, através da análise dos periódicos "O Templário" (maçônico) e "A Palavra" (católico).

São analisados, no segundo eixo, aspectos da história dos Colégios Gonzaga e Pelotense, tendo como base as influências político-ideológicas presentes nas escolas. O terceiro e último eixo apresenta uma análise das manifestações, pela comunidade pelotense, dos Gatos Pelados e dos Galinhas Gordas - apelidos dos alunos do Pelotense e Gonzaga. Foram entrevistados nessa pesquisa, no período de setembro de 1998 a maio de 2003, os ex-alunos como: Anselmo Amaral, Julieta Teles Azevedo, Claudiomar Barcellos, Wanisa Esteves, Luís Fernando Lessa Freitas, Luís Carlos Barbosa Lessa, Iara Rochedo, Mozart Victor Russomano, Aldyr Schlee, Francisco Vidal, Isaac Bendjoya e Clair Rochefort, entre outros.

À venda

O livro Gatos Pelados x Galinhas Gordas: desdobramentos da educação laica e católica na cidade de Pelotas, RS (décadas de 1930 a 1960) estará disponível para venda no ato de lançamento pelo valor de R$ 60,00, sendo que associados do IHGPel têm desconto especial. Após essa data, os exemplares podem ser solicitados pelo e-mail [email protected]. Os recursos obtidos serão integralmente investidos em novas publicações.