Revitalização
Restauro do Castelo de Pedras Altas começa esta semana
Primeira fase da obra tem valor de R$ 1,9 milhão financiado pelo Pró-Cultura RS
Paulo Rossi - Especial DP - Em cerimônia no sábado contou com a presença dos atuais proprietários, autoridades do estado e local e familiares do idealizador do centenário imóvel
Patrimônio histórico do Estado, o centenário Castelo, construído pelo político, produtor rural e diplomata Joaquim Francisco de Assis Brasil(1857-1938), em Pedras Altas, começa nesta semana a passar por um processo de restauro e revitalização. A primeira etapa da obra tem projeto financiado pelo Pró-Cultura RS, da Secretaria da Cultura e Governo do Estado do Rio Grande do Sul, através da Lei de Incentivo à Cultura. O valor desta fase é de R$ 1.976.392,30, porém até o momento foi captado R$ 1.256.750,00. A segunda fase conta também com o patrocínio direto da Fundação Toyota do Brasil que irá contemplar o Projeto de Intervenção estrutural do Terraço.
Esta segunda fase, que ocorrerá concomitantemente, tem patrocínio no valor de R$ 500 mil. “Ainda nos falta fechar patrocínio com algumas empresas, para fechar o valor total de captação, mas temos até o final do ano para captar”, fala a gestora Cultural do empreendimento, Cristina Seibert Schneider. A expectativa é de que as obras durem um ano.
“O terraço tem problemas estruturais bem sérios, foram feitas intervenções que acabaram prejudicando a estrutura. O que foi feito anteriormente tem que ser todo retirado. Essa é a parte mais crítica do projeto”, comenta Cristina.
No sábado, a família Segat, de Santa Maria, que comprou a propriedade no ano passado, recebeu no local autoridades, como a secretária de Estado da Cultura, Beatriz Araujo, entre outras, empresas patrocinadoras e equipe do projeto na cerimônia de lançamento das obras. No ato, o presidente da Associação Castelo de Pedras Altas, Luiz Carlos Segat, falou emocionado da realização desse sonho que é dar início ao processo de restauração dessa importante edificação.
"Precisamos preservar o que é de mais relevante na nossa cultura. O Governo do Estado vem realizando, em parceria com os municípios, investimentos em todas as regiões. Nós encontramos aqui, hoje, um exemplo disso, com a possibilidade da recuperação desse patrimônio que é de todos nós. Me sinto presenteada por estar secretária de Estado de um governo que investe em Cultura como nenhum outro investiu, e que possibilita ações tão relevantes”, disse Beatriz Araujo.
Intervenção e propostas
As duas fases do projeto preveem a impermeabilização e pavimentação da laje de cobertura nos locais de maior acesso e, no andar superior, a remoção e execução dos revestimentos internos, instalações elétricas, além do restauro da pintura das janelas metálicas. Ainda na proposta está a realização de uma ampla mobilização nas mídias sociais do projeto cultural para divulgar e gerar engajamento para seleção de participantes para a realização de duas visitas guiadas. “Tem as visitas guiadas que acontecem semanalmente, mas no projeto nós temos prevista uma visita guiada que vai ser totalmente patrocinada. Vamos lançar o concurso cultural para selecionar as pessoas, mas isso vai acontecer no ano que vem”, comenta a gestora Cultural.
As visitas guiadas ocorrem normalmente aos sábados e são pagas. Para mais detalhes é necessário entrar em contato com os organizadores pelo Instagram @castelopedrasaltas .
O resultado, a longo prazo, será a implantação de um Museu de Território com o objetivo de valorizar o território, a paisagem cultural e a memória do lugar, perspectiva que reúne a história social ancorada em seus referenciais arquitetônicos e paisagístico, uma importante contribuição para o desenvolvimento cultural do Estado.
O projeto conta com o patrocínio das empresas Rede Super, Plasbil, Podal Distribuidora, Unimed, Beltrame Materiais de Construção, DSL Postos Santa Lúcia e conta com o apoio institucional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado, a Prefeitura Municipal de Pedras Altas e a Universidade Federal de Pelotas/ UFPel.
História
Edificado em 1913, em forma de castelo medieval com pedras em granito rosado gaúcho, possui 44 cômodos com rico mobiliário e objetos de época, trazidos por Assis Brasil principalmente de Lisboa, Paris, Washington e Buenos Aires, locais em que viveu com a família quando exercia atividade diplomática. Também fazem parte do acervo do castelo uma imponente biblioteca com 15 mil livros em latim, inglês e português, além de 22 volumes da maior enciclopédia do mundo de Diderot e d’Alambert datada 1751, um exemplar do Alcorão, original em árabe, ou, ainda, de uma versão russa da Bíblia Sagrada, editada em 1904. Constitui hoje o maior acervo cultural familiar do Estado do Rio Grande do Sul e segundo a secretaria de Desenvolvimento Econômico do governo gaúcho é a maior biblioteca particular da América Latina (Revista News, 2022).
Além de seu valor enquanto patrimônio material, o castelo foi um marco histórico da Revolução de 1923, da qual Assis Brasil foi o chefe civil, e sediou a assinatura do Pacto de Pedras Altas, pondo fim à Revolução- a mesa onde ele foi assinado pertence ao castelo, bem como as vidraças quebradas na invasão do Chimangos.
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