Legado

Semana dos Povos Indígenas se encerra neste domingo (21)

Evento realizado pela Aldeia Kaingang Gyró - Colônia Santa Eulália apresenta a arte, as tradições e o artesanato ao público

Carlos Queiroz - Elsa dos Santos mostra o trabalho artesanal que faz

Se encerra neste domingo (21) a Semana Municipal dos Povos Indígenas. Desde a última segunda-feira a terceira edição do evento se propõe a fomentar a permanência da cultura indígena, além de contribuir para a desmistificação de estereótipos acerca dos povos originários. A atividade, que é aberta ao público, está sendo realizada na Aldeia Kaingang Gyró - Colônia Santa Eulália.

A semana de valorização da cultura indígena é uma iniciativa dos Kaingang, com o apoio institucional do Município e parceiros. A artesã e dona de casa Elsa dos Santos, 52, mulher do cacique Pedro Salvador, fala que a data escolhida para o evento é sempre posterior ao 19 de abril, dia que, segundo ela, não há nada o que celebrar, pelo contrário. É um momento de tristeza e reflexão. “Foi o homem branco que colocou a data de 19 de abril, então não se faz nada, só depois, por isso agora fizemos a semana cultural”, explica.

Durante a semana os Kaingangs receberam a visita de autoridades e jovens estudantes e mostraram, com a exposição de artesanatos, com as comidas típicas, além da música e da dança, um pouco do que é passado de geração para geração. “As crianças apresentaram a dança, porque a dança deles é muito importante para nós, nas histórias indígenas. Há anos atrás a dança acontecia quando eles pegavam a lança para se proteger”, conta.

A aldeia foi criada há nove anos e atualmente residem por lá 13 famílias. No local eles plantam milho para subsistência e criam pequenos animais como galinhas e porcos. Os poucos recursos financeiros chegam basicamente através do artesanato, feito por homens e mulheres. Elsa produz muito do que se vê sendo vendido nas ruas da cidade, mas ela mesma sai pouco para vender, deixa para os mais jovens.

Segundo a artesã há escassez de alimentos e nesta época do ano a doação de agasalhos é muito bem-vinda. Elsa ainda comenta que as famílias vivem uma vida precária e a maior preocupação é quando alguém adoece. “Não recebemos médico aqui, não tem carro pra levar, a gente quase perde um neto meu aqui, a sorte é que um vizinho tinha carro e levou ele. O atendimento mais próximo é aqui na Maciel”, lamenta.

Educação para as crianças

Para as crianças são passadas toda a tradição e a cultura do povo Kaigang, incluindo o trabalho artesanal, que garante o sustento da tribo. Os pequenos por exemplo aprendem a falar com a língua que a tribo fala e só depois aprendem o português. “A gente de pequeno já vai ensinando as duas. A minha filha de dois anos já sabe falar algumas palavras do português. A nossa esperança é que a nossa cultura não venha se perder”, fala Elizete Salvador, filha de Elsa e Pedro.

Porém, os pais cada vez mais valorizam a importância da educação formal, proporcionada pelas escolas. Os pequenos têm aulas na aldeia mesmo, com um professor indígena, já os maiores estudam em escolas da região. Elizete é merendeira na escola da aldeia e vê de forma muito positiva a possibilidade dos mais jovens estudarem e se profissionalizarem. “A minha geração não teve essa oportunidade, os meus filhos estão tendo mais oportunidades, porque se eu tivesse estudado eu devia ter alcançado alguma coisa.”



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