Oportunidade

Tempo para conhecer a arte do circo

Projeto que celebra os 20 anos do espetáculo Tholl, imagem e sonho oportunizou oito meses de oficinas circenses para 100 crianças gratuitamente

QZ7 Filmes - DP - O projeto se iniciou em abril deste ano e ocorreu até este mês de dezembro

A retomada das atividades artísticas, depois do auge da pandemia, chegou a tempo do Tholl celebrar os 20 anos do espetáculo que deu nome ao grupo pelotense com diferentes iniciativas, como uma série de espetáculos e oito meses de oficinas que oportunizaram o contato com as artes circenses, o teatro e a cultura local a jovens estudantes. Desde abril até este mês o projeto da trupe, via Lei Rouanet, patrocinado pela CMPC, oportunizou a 100 crianças essa experiência imersiva e transformadora.

O público alvo da proposta era de crianças entre seis e 12 anos, de preferência moradoras do Porto, ou estudantes das escolas da região. O produtor do Tholl, João Schmidt, explica que o projeto previa dois encontros semanais e foi o que ocorreu no início. Porém algumas famílias solicitaram que as oficinas ocorressem uma vez por semana, para facilitar o trânsito dos pequenos, que em geral se dirigiam ao Centro de Treinamento acompanhados pela mãe, o que foi acatado para evitar a evasão. "Fazer em um dia só ajuda eles, em função de transporte, foi bem importante pras famílias", comentou Schmidt.

O projeto estava programado para ocorrer em 2020, mas devido a pandemia, foi sendo adiado até este ano. Em março uma equipe do projeto visitou escolas e circulou pelas ruas do bairro Porto convidando as crianças que tivessem interesse em participar. "Durante dois anos ficamos na expectativa de retomar. Enfim conseguimos realizar este projeto que é com aquela ideia que a gente sempre trabalhou aqui no Tholl de propiciar para a comunidade a prática circense, da dança, do teatro, levando de uma forma gratuita para a comunidade", fala o diretor do grupo João Bachilli.

Além de levar as atividades para as crianças a proposta previa ainda o pagamento dos professores das oficinas, um lanche para os pequenos e uniforme para as práticas. "Tem sido muito legal porque eles têm aproveitado bastante e a gente descobriu muitas crianças boas, que agora vão ser separadas para criar uma turminha que terá aulas regulares. Elas vão ingressar para treinar no grupo", antecipou Bachilli.

Segundo Bachilli para uma criança entrar no grupo não é necessário ter uma habilidade especial, não é isso que é observado. "Eles têm que ter um entendimento corporal, o que falta para muitas crianças", comentou Bachilli. Para o diretor o estímulo da escola às atividades físicas é de grande valia nesse quesito.

Da maquiagem ao teatro

Os encontros ocorreram pela manhã e tarde durante duas horas, no turno inverso da escola. Durante o período as crianças participaram de oficinas de: maquiagem cênica, ministrada por Bachilli e Jéssica Torres; técnicas circenses de solo, com Glaura Lauz; tecido aéreo e lira, com Marvin Duarte e Felipe Alves; teatro, com Germano Rusch e Letícia Conter e trampolim acrobático, com Clóvis Has.

Se por um lado as crianças que integram o projeto ganham com esse contato com as artes, o grupo também cresce em experiência e sensibilidade, argumenta o diretor. "É muito importante pra gente ter esse contato com diferentes realidades sociais e a gente teve e conseguiu levar o projeto e viu o crescimento deles", falou.

Em novembro, as crianças tiveram a oportunidade de ir além das oficinas e sentir um pouco da emoção de estar no palco, como um integrante do Tholl. Os pequenos se apresentaram ao público do Theatro Guarany, um pouco antes da exibição de Cirquin, um evento gratuito que encerrou um ciclo de seis espetáculos gratuitos em diferentes cidades gaúchas, também com o patrocínio da CMPC. "Além das oficinas daqui, este projeto levou o Tholl para cinco cidades que raramente recebem produções como as nossas. Quando teve aqui em Pelotas o João (Bachilli) levou as crianças para abrirem o espetáculo Cirquin. Como um agradecimento da CMPC", lembrou Schmidt.

Feliz com o resultado do projeto, Schmidt defende as leis de incentivo como um elo importante entre quem produz arte e vive disso e quem pode, a partir de financiamentos públicos, consumir esses produtos. "Esse projeto do Tholl só existe porque existe uma Lei Rouanet, uma LIC, que faz com que a gente pague professores, artistas trabalhem e crianças ganhem uniforme e alimentação enquanto estão aprendendo e se desenvolvendo."


Artista iniciante

Uma destas crianças que participaram das oficinas foi o Henrique Ávila, 12, que começou nas artes circenses no Tholzinho há cinco anos. Mesmo já tendo uma experiência anterior, o pequeno adorou integrar o projeto. "Os professores são muito acessíveis, como a gente não tem uma rotina de treinamento acontecendo durante o projeto a gente fica mais focado e aprende mais coisas", disse.

Mesmo tendo vários níveis de conhecimento no grupo os oficineiros começam a passar os conhecimentos do básico. "Dá pra trabalhar porque eles passam do início e daí vão elevando nível conforme a turma eleva o nível, vai toda a turma subindo a experiência junta. E mesmo quando tu sabes fazer uma coisa, sempre tem como aperfeiçoar ela", comentou Henrique.

Além do projeto, Henrique treina nos outros dias com o grupo e já teve experiência de se apresentar em público com o espetáculo de Natal, exibido em Caxias do Sul este mês, e em um pocket show do grupo, em comemoração aos 20 anos do Tholl, Imagem e Sonho, além de animações. "Ele está começando a carreira no grupo", falou orgulhoso o diretor.

O estudante conta que conheceu o grupo através de vídeos na internet, se apaixonou e quis entrar para a trupe. "Vim gostei e fiquei trabalhando, evoluindo para entrar e entrei." Sobre a continuação, o jovem artista torce para que ele continue no próximo ano. "Se o projeto continuar vou seguir também porque eu acho muito legal a experiência e conhecer gente nova é bom também." De acordo com a direção, um novo projeto está sendo feito para ingressar novamente nas leis de incentivo.

Na sexta-feira, no encerramento do projeto, as oficinas foram abertas a outras crianças da comunidade. "No dia em que esse país valorizar a arte e notar que a cultura é tão fundamental quanto a matemática, vai se tornar muito melhor. A arte te deixa mais humano", falou Schmidt. O projeto é produzido pela ATO Produção Cultural, com patrocínio da CMPC via Lei Federal de Incentivo à Cultura.

Trajetória

Patrimônio Cultural do Estado do Rio Grande do Sul, O Grupo Tholl foi criado em 1987, pelo ator João Bachilli. O menino que tinha o sonho de "artista de circo" inventou o seu próprio picadeiro. Nos anos 90 criou algumas pequenas performances até que em 2002 idealizou a sua linguagem do novo circo. Sem picadeiro e sem lona nasceu Tholl, Imagem e Sonho, em cartaz desde 2002. Com turnês por diversos estados brasileiros e capital federal, se consolidou com uma referência artística. No repertório, os espetáculos Exotique, O Circo de Bonecos, Par ou ímpar, com Kleiton & Kledir, e Cirquin, entre outros.




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