A Operação Penalidade Máxima II, desencadeada pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO), não para de gerar desdobramentos. Após a Justiça acatar denúncia na terça-feira (9) e transformar 16 pessoas, incluindo sete jogadores, em réus, na quarta novos nomes de atletas vazaram. E o ministro da Justiça, Flávio Dino, determinou instauração de inquérito da Polícia Federal para investigar o caso de supostos esquemas de manipulação envolvendo apostas esportivas online.

Entre os atletas citados em conversas de WhatsApp dos membros da quadrilha investigada, obtidas pelo MP, aparecem os meias Nathan, do Grêmio, e Mauricio, do Internacional. Segundo o ge.globo, Nathan receberia um valor para tomar cartão amarelo em jogo do Fluminense, seu ex-clube, contra o Fortaleza, em setembro do ano passado. Ele sequer entrou em campo, gerando revoltas dos apostadores. Até a publicação desta matéria, o Grêmio não havia se posicionado publicamente a respeito.

Já o Internacional, que afastou Mauricio da partida contra o Athletico Paranaense, emitiu comunicado. Ao contrário de outros jogadores cujos nomes vazaram ontem, o camisa 27 do Colorado foi apenas preservado do jogo e participará normalmente das atividades do elenco a partir de quinta.

“O atleta apresentou os elementos e provas robustas que demonstram a sua não participação em quaisquer fatos irregulares que estão sendo veiculados. Reafirmamos a nossa confiança no atleta diante de tudo que foi preliminarmente depurado”, afirma trecho do texto lançado nas redes sociais do Inter. Assim como Nathan, Mauricio é citado em conversas de WhatsApp dos apostadores investigados, mas as imagens publicadas não esclarecem qual seria o objetivo específico da suposta proposta ao jogador.

Quem foi afastado, quem virou réu e quem fez acordos

Nesta quarta, o Athletico Paranaense afastou o lateral-esquerdo Pedrinho e o volante Bryan Garcia; o América Mineiro fez o mesmo com o lateral-direito Nino Paraíba e o Cruzeiro com o volante Richard. Eles tiveram os nomes citados em conversas de membros da quadrilha investigada, mas não há comprovação de que tenham recebido e cumprido o suposto acordo.

Na terça, sete atletas viraram réus para o andamento das investigações: Eduardo Bauermann (zagueiro do Santos), Gabriel Tota (meio-campista do Ypiranga, que estava no Juventude), Paulo Miranda (zagueiro sem clube, que também defendia o Juventude), Igor Cariús (lateral do Sport, que estava no Cuiabá), Victor Ramos (zagueiro da Portuguesa, que estava na Chapecoense), Fernando Neto (volante do São Bernardo, ex-Operário-PR) e Matheus Gomes (goleiro sem clube, ex-Sergipe). Além deles, nove apostadores também foram denunciados.

Conforme o ge.globo, o atacante Jarro, natural de Pedro Osório e ex-dupla Bra-Pel, hoje no Inter-SM, investigado por pênalti cometido quando defendia o São Luiz, no último Gauchão, foi um dos que fez acordo com o MP sem se tornar réu. Nikolas, ex-Novo Hamburgo, igualmente investigado por penalidade cometida em partida do Estadual deste ano, seguiu o mesmo caminho.

O comunicado de Flávio Dino

No fim da tarde desta quarta, o ministro da Justiça fez a seguinte publicação no Twitter: “Diante de indícios de manipulação de resultados em competições esportivas, com repercussão interestadual e até internacional, estou determinando hoje que seja instaurado Inquérito na Polícia Federal para as investigações legalmente cabíveis”.

CBF: Brasileirão não será suspenso

Em nota, a CBF afirma que o presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, entrou em contato com a Presidência da República, o Ministério da Justiça e a Polícia Federal para tratar do caso e dará o suporte necessário.

A entidade diz que, se forem comprovadas as denúncias, aguarda ação do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). E nega a chance de paralisação do Campeonato Brasileiro: “A CBF ressalta, ainda, que não há qualquer possibilidade de a competição atual ser suspensa. E vem trabalhando em conjunto com a FIFA e outras esferas internacionais para um modelo padrão de investigação”.