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Remo adaptado: barco oficial de classe paralímpica chega a Pelotas
Atleta da Academia Tissot, Tierri Rodeghiero terá os treinos otimizados com o novo equipamento, de olho em competições dentro e fora do Brasil
Divulgação - Academia Tissot - Utensílio fornecido pela Confederação Brasileira de Remo (CBR) passa por regulagem final na academia, às margens do Arroio Pelotas
Por Gustavo Pereira
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Um barco oficial, de classe paralímpica, chegou nos últimos dias à Academia de Remo Tissot, às margens do Arroio Pelotas. Viabilizado pela Confederação Brasileira de Remo (CBR), o equipamento passa, durante esta semana, por ajustes para qualificar a rotina de treinamentos de Tierri Rodeghiero, 37 anos, atleta de remo adaptado que compete em nível nacional e internacional – conforme trouxe matéria do DP em 11 de janeiro.
Segundo Oguener Tissot, coordenador da Academia, alcançar a regulagem ideal não é uma tarefa fácil por conta das complexidades do remo adaptado. “Os ajustes são muito específicos para cada atleta, para o tipo de deficiência. O caso do Tierri é de lesão medular, para atletas que têm movimento apenas de tronco. Só que todos eles que remam apenas com tronco e braço têm lesões diferentes”, resume.
O pelotense Tierri possui limitações oriundas de uma lesão em vértebras torácicas. Consequentemente, a musculatura abdominal é menor do que seria em caso de lesão de vértebra lombar. A regulagem do barco envolve a posição do tronco para colocar a faixa que segura o atleta, a envergadura individual, a distância dos pinos e o tamanho do remo.
Os ganhos
Oguener fala com propriedade sobre os pontos positivos do novo equipamento. “O casco que ele [Tierri] estava usando era muito pesado, apenas um barco-escola. Não era um barco que previa performance, mas ensino de remo. Agora esse barco já é um barco paralímpico, oficial, tem um casco mais leve, um deslize muito mais rápido na água. É como ele sair de um Fusca e pegar uma Ferrari”, explica.
Agora, a equipe da Academia Tissot terá referências para mensurar as variáveis que são controláveis. Será possível verificar a frequência cardíaca durante o treino e cruzar esse dado com o número de remadas por minuto. Tais indicadores facilitam a análise das atividades com base na avaliação, também, da velocidade de deslocamento do casco na água em diferentes ritmos.
“Isso dá indicadores para saber se vamos atingir índices e se vamos ser competitivos nacional e internacionalmente. E a partir disso o atleta consegue se manter motivado”, complementa o coordenador.
Testes para camp em São Paulo
Amanhã, Tierri Rodeghiero fará a primeira etapa de testes no remo ergométrico, na Academia. Essa atividade, que havia sido adiada, é parte de uma avaliação para um camp de treinos em São Paulo, no CT Paralímpico Brasileiro, e nas raias olímpicas da USP, a princípio durante o mês de março. Lá haverá uma seletiva interna para definir os representantes da seleção brasileira internacionalmente.
“Eu vou dar o melhor para conseguir os melhores resultados com esse barco. Com certeza as minhas performances vão melhorar porque agora vou estar treinando em um barco olímpico que vai ser o mesmo que vou usar nas competições”, projeta o atleta pelotense.
Relembre
Tierri tem diagnóstico de encefalomielite disseminada aguda (ADEM, sigla em inglês), doença que ataca o sistema nervoso e, entre outras consequências, gera paralisia muscular. Com fisioterapia, ele recuperou os movimentos da parte superior do corpo. O pelotense rema desde 2017 e, após uma pausa, retomou as atividades no ano passado.
Nas competições, o atleta representa o Clube Centro Português, que tem parceria com a Academia Tissot. Em nível nacional, Tierri só não superou por enquanto o medalhista de bronze em Tóquio 2021, Renê Campos Pereira. O trabalho para se tornar o número 1 do País no remo adaptado também inclui a busca por uma vaga nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024.
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