Data

120 anos de ensino e tradição em Pelotas

Colégio Municipal Pelotense reuniu comunidade Gato Pelado em passeata pela cidade, com a tradicional passagem pelo Gonzaga

Carlos Queiroz -

No carro abre alas, o mais representativo significado do Colégio Municipal Pelotense: ensino e tradição. Representando todos aqueles que um dia foram Gatos Pelados, a ex-aluna Iara Rochedo, prestes a completar 90 anos, fez questão de vestir a camisa de 120 anos da maior escola pública da América Latina e cantar a marcha que leva a melodia de As Pastorinhas pelas principais ruas, mantendo a tradição do desfile. Ao lado, o funcionário mais antigo em atividade, Gastão Jorge Bordeaux, 76, e a professora Glaura da Silva Lauz, 71, ganharam a companhia da mascote. E assim perfilados, centenas de integrantes entre alunos e ex-alunos, professores e ex-professores, atletas, participantes dos projetos da escola, peões e prendas do CTG Sinuelo do Sul e as meninas da ginástica Olímpica que deram um show durante o percurso.

A passeata comemorativa saiu pela avenida Bento Gonçalves até a rua Padre Anchieta, onde, na rua Senador Mendonça, realizou a tradicional passagem em frente ao então rival Colégio Gonzaga. Ponto alto do evento foi a celebração entre os dois colégios mais antigos da cidade. No lugar do embate, houve a troca de camisetas e a entrega de uma placa à diretora Grasiane pela passagem dos 120 anos. Como sinais dos tempos e a busca incessante pela paz, a mascote dos gonzagueanos, a Galinha Gorda, se encontrou com o Gato Pelado e os dois se abraçaram e posaram para muitas selfies (confira a história abaixo).

"Meu pai foi diretor por duas vezes do Colégio Pelotense e eu fui aluna. Estou muito emocionada em poder participar desse momento de alegria e festa. A longevidade da escola está na dedicação dos professores, funcionários e alunos", confessou a aposentada Iara, em meio a uma pausa e outra para recuperar o fôlego de tanta emoção. Extrapolando todas as recomendações para evitar fortes emoções, passou a cantar a marcha do colégio em alto e bom tom. Com ela estava Bordeaux, responsável pelo material de áudio visual em quase a metade do tempo do colégio. "É uma vida aqui dentro. O ambiente é muito bom e hoje só temos que comemorar", confessou ele, com a bandeira da mascote em punho. Em mais um exemplo de dedicação, Glaura foi aluna, e depois professores por 40 anos, e até hoje está envolvida com as atividades de Educação Física. "É um orgulho poder dizer que sou Gato Pelado."

Retomada da tradição
Depois de dez anos sem sair às ruas, a passeata reuniu cerca de 500 participantes, entre eles, a aluna do segundo ano do Ensino Fundamental, Shade Silva, de oito anos. Encantada com a atividade, fez questão de declarar seu amor pela mascote Gato Pelado, pelos professores e colegas. "Estou adorando a festa." O ato foi organizado pela equipe diretiva e contou com vários colaboradores. Com a missão de celebrar a data, a diretora Graciane Pereira mal conseguia falar de emoção. As lágrimas sinalizavam a sensação de comprometimento e de que as comemorações dos 120 anos foram além do esperado. "Não imaginei que tanta gente iria aparecer. Estou feliz, pois significa o quanto o Pelotense é querido e que permanece vivo nos corações."

A História
O Gymnásio Pelotense surgiu em 1902 por grupos maçônicos como forma de oferecer ensino laico primário e secundário, em oposição ao Gymnásio Gonzaga (fundado em 1895 por jesuítas). A partir de 1913 a escola passou a aceitar mulheres. A municipalização ocorreu em 1920 e virou Colégio Pelotense em 1943. A primeira sede foi no prédio da rua Miguel Barcellos, onde hoje está a Escola Estadual Monsenhor Queiroz. Depois foi para a rua Félix da Cunha esquina com Tiradentes onde ficou até 1961, quando foi transferido definitivamente para a rua Marcílio Dias, esquina com a avenida Bento Gonçalves. Ocupa hoje um amplo prédio que abriga 2,7 mil alunos do ensino fundamental e do médio, 250 professores e 71 funcionários.

Mais uma obra de Schlee
A obra de Aldyr Garcia Schlee, responsável pela primeira camisa Canarinho, vai muito além da literatura. Inspirado no apelido dado pelos estudantes do Gonzaga, com base na iniciais GP, o Gato Pelado - relacionado a uma imagem pejorativa de pobreza de alguns alunos do Pelotense - criou em 1950 o gato intelectual com gravata e monóculo, figura-símbolo do Pelotense até hoje. Na época do surgimento do gato pelado, os alunos do Pelotense não deixaram por menos e apelidaram os rivais gonzagueanos de Galinha Gorda, alusão a aristocracia dos alunos.

Gato Pelado nas redes
O pelotense pode ser centenário, mas nunca deixou de se adaptar às gerações. E com a ajuda da garotada online, o professor Listi Turino lançou nas redes uma forma de manter viva a história do colégio. "Meu projeto é de resgate. Quem tiver material antigo que queira doar ou dar cópia, pode fazer contato pelo WhatsApp (53) 99214-7979 ou pelo face no Encontrão Gato Pelado ou Instagram @encontraogatopelado."

 

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