Inclusão

1ª Moda em Surto mostra confecção produzida por pacientes do Hospital Espírita

Coleção Não é mi mi mi será apresentada ao público nesta quinta-feira, às 17h30min

Carlos Queiroz -

Não é mi mi mi. É um manifesto em forma de desfile. O Moda em Surto, marcado para esta quinta-feira, no estacionamento do Hospital Espírita de Pelotas (HEP) apresenta a coleção Não é mi mi mi, confeccionada pelos 48 pacientes da Oficina Terapêutica. A produção é resultado do trabalho realizado todas as segundas e quartas-feiras, à tarde, durante encontros dinâmicos, acolhedores, esclarecedores e de muito compartilhamento. A partir de sobras de doações de roupas, o grupo descobriu que customizar pode render frutos, como a descoberta de uma aptidão, uma ocupação e mais uma renda extra para as oficinas. Para o lado emocional, a atividade representa a sensação de libertação, segurança e reconhecimento tão necessários às pessoas que dependem de atendimento especial para estar em paz consigo e com os seus.

"A Moda em Surto surgiu a partir das atividades com a proposta de mostrar a realidade dos pacientes e o que eles fazem aqui", ressalta a terapêutica responsável, Laura Britto. Ela e a psicóloga Angelita de Souza explicam que a materialização de frases como: "Tu tá louco!", "Já tomaste teus remédios?" e "Já vais começar?", entre outras que tanto machucam os pacientes, é como uma libertação. Tanto que no trabalho artesanal, elas se misturam com outras palavras que precisam ser ditas e expressadas diariamente: Amar cura.

"Estamos trazendo essa questão para debater algo que ainda é tabu: o suicídio e como prevenir, tema que ganha destaque com o Setembro Amarelo", lembrou a psicóloga. A terapeuta Laura completa dizendo que, desde o início das atividades, o número de internações reduziu bastante. "Queremos mostrar à sociedade a realidade dos pacientes que encontram aqui um espaço onde podem desenvolver e expressar a criatividade." As especialistas acreditam que esse ambiente harmônico pode ser estendido aos seus lares. Tanto que cada integrante pode participar das atividades acompanhado de um familiar. "Clinicamente, essa terapia representa estabilidade", consideram.

Na prática, as oficinas são uma continuação do tratamento e acompanhamento de quem passou pela internação. Nos dois dias da semana, os participantes recebem atendimento psiquiátrico, psicológico, assistencial, médico, recreação e até atividade física. "Temos uma equipe de Enfermagem e, por vezes, descobrimos alguma condição clínica aqui, pois há um certo receio da família ou do próprio paciente em ir a um posto de saúde. Em algumas situações, descobrimos uma enfermidade no paciente a partir do atendimento aqui", contam as organizadoras.

"Eu estou aqui desde 1998 e desde então nunca mais internei'', disse um integrante de 46 anos. Ele considera o grupo muito unido e forte por agregar, acolher e compartilhar. "Quem tem dificuldades com a família pode falar aqui o que enfrenta ou já enfrentou, porque todos passam por algo semelhante", explica o paciente que considera o espaço terapêutico como uma segunda casa. "O importante também é saber ouvir e por isso, formamos um grupo de WhatsApp onde trocamos ideias e buscamos soluções para nossas questões emocionais", revelou. Para o integrante, participar das atividades é recarregar as energias, todas positivas.

Sobre a coleção
Quem for assistir ao desfile nesta quinta-feira vai encontrar muita variedade na Coleção Não é mi mi mi, em peças customizadas com bordados em calças jeans, aplicações em camisetas, pinturas e a técnica Tie Dye em bolsas e peças do vestuário. A proposta da oficina terapêutica, que também é assinada pelos profissionais Beatriz Maksud Mechereffe, Matheus da Silveira Fonseca, Lidiane Fernandes, Carlos von Laer, Sandro José Pinto Maciel, Clarice Cruz da Porciúncula Sias e Carlos Rogério Ramos, é criar uma marca e gerar renda como forma de expandir o trabalho.

Entre as atrações da tarde, o músico Humberto Schumacher; Feira Heparte (com itens confeccionados pelos pacientes internados) e Feira da Nutrição, com pães e cucas do HEP. O ingresso solidário é um quilo de alimento não perecível ou material de artesanato. O Hospital Espírita fica na avenida Domingos de Almeida, 2.969, no bairro Areal.

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