Saúde
Programa UBS na Rua acolhe afetados pelas enchentes no Navegantes
Conjunto de ações gratuitas inclui atendimentos em saúde, orientações sobre os auxílios do governo e demais serviços
Foto: Jô Folha - Bairro foi escolhido por ter sido massivamente evacuado
Com objetivo de atender a população prejudicada pelas cheias dos corpos hídricos no bairro Navegantes, em Pelotas, a Prefeitura realizou, durante a manhã e tarde desta sexta-feira, a 2ª edição do projeto UBS na Rua - versão Enchentes. A iniciativa, que se originou em período anterior aos eventos climáticos do mês de maio, ganha agora uma variação especial dedicada à prestação de auxílio aos moradores de áreas atingidas pelas inundações. Além de atendimentos em saúde, é oferecido auxílio no acesso aos subsídios governamentais, orientações e demais serviços gratuitos nos segmentos relacionados ao enfrentamento da crise.
A vacinação para Covid-19, gripe (Influenza), difteria e tétano (dT) foi uma das atividades ofertadas junto aos serviços de saúde bucal, mental, e outros. Ainda, a ação contou com as práticas integrativas e complementares em saúde (Pics) - incluindo a auriculoterapia e reiki -, além do programa Primeira Infância Melhor (PIM) e atendimentos do Centro de Referência de Assistência Social (Cras), no âmbito da assistência social. “Temos também o pessoal da vigilância de saúde orientando sobre as doenças de prevalência das enchentes”, citou a coordenadora da Rede de Atenção às Equidades, Bianca Medeiros.
Segundo Bianca, uma das condutoras do evento, a adaptação da ação itinerante no contexto dos alagamentos é de suma importância, tanto para ajudar a população no enfrentamento desse momento complicado, quanto para diminuir o fluxo de atendimento das unidades de saúde que ficaram fechadas nesse período. “Muitas pessoas ainda estão desabrigadas, e isso não quer dizer que sejam só em abrigos, mas estão fora das suas residências. Então é importante esse acolhimento, essa aproximação dessas pessoas, e que elas saibam que podem contar com serviços de saúde”, explicou.
A diretora da Vigilância em Saúde, Aline Machado, lembra que o bairro Navegantes precisou ser massivamente evacuado por conta do risco de alagamento, e esse moradores precisam de um olhar especial. Ela salienta que a ação também tem o intuito de alertar a população sobre os agravos que podem decorrer das inundações, como hepatite A, leptospirose ou acidentes com animais peçonhentos, por exemplo. Nesse momento de normalização prematura, Aline destaca a necessidade do suporte em saúde mental. “É importante que essas pessoas sejam ouvidas, acolhidas, por isso nós temos o atendimento psicosocial”, afirmou.
Fonte segura de informação
Aguardando um atendimento informativo sobre os auxílios financeiros, Ilda da Rosa, de 59 anos, moradora do Navegantes, evacuou a residência duas vezes durante o mês de maio. A mulher relata ter dificuldades para lidar com a onda de notícias que recebe no celular, muitas vezes falsas, em relação a essa quantia de dinheiro cedida aos afetados pelas cheias. Por isso, logo quando descobriu o evento no bairro, não pensou duas vezes. Rosa foi uma das primeiras pessoas a chegar no local para sanar dúvidas sobre o acesso ao subsídio. “Uns dizem uma coisa, outros dizem outra e a gente fica muito perdido nesse assunto. Aí eu vim aqui me informar”, declarou.
Já que a aplicação de vacinas era outro serviço disponível no local, Rosa aproveitou a oportunidade para pôr a carteira de vacinação em dia, tomando a vacina da gripe. Além disso, ela não descartou a possibilidade de passar pela ala do atendimento psicológico, já que viveu momentos tão angustiantes. Como sofre de depressão, ela já foi orientada pelo médico a procurar tratamento psicoterapêutico anteriormente, mas o valor das consultas sempre foi um obstáculo significativo.
“Desde que eu perdi o meu filho eu fiquei depressiva e tomo remédio. Então isso [enchente] só aumentou o meu medo de dormir de noite, da água invadir, porque o São Gonçalo chegou a 3,13 metros e eu moro ali um pouco antes do canal. Isso tudo deixa a cabeça da gente bem atribulada… É o primeiro dia que eu saio de casa em duas semanas. Porque eu fiquei realmente muito abalada”, expôs Rosa. “Me sinto totalmente abraçada por uma ação dessas no meu bairro”, completou.
Próximas ações
A ideia, segundo Aline, é continuar realizando o programa especificamente em bairros que foram afetados pelas enchentes na cidade. “O próximo [bairro] provavelmente é o Laranjal, mas ainda vamos definir.”
Carregando matéria
Conteúdo exclusivo!
Somente assinantes podem visualizar este conteúdo
clique aqui para verificar os planos disponíveis
Já sou assinante
Deixe seu comentário