Preocupação
Valetas entupidas trazem desconforto a moradores
Rua 22 de maio, no bairro Três Vendas, apresenta entupimento em quase toda a extensão
Volmer Perez - DP - Apesar da negativa da Prefeitura para presença do Aedes em valetas, população se preocupa com larvas de insetos
Por João Pedro Goulart
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(Estagiário sob supervisão de Lucas Kurz)
De acordo com os últimos números divulgados pelo boletim epidemiológico da dengue no Rio Grande do Sul até sábado, são 15.867 casos confirmados e 16 óbitos. Em Pelotas, até o dia 5 de março, a vigilância epidemiológica registrou 174 notificações de casos suspeitos de contaminação pelo vírus do mosquito Aedes aegypti, dos quais 13 foram confirmados, sendo seis autóctones (vírus oriundo do mesmo local onde ocorreu a contaminação) e sete importados (vírus contraído fora da zona onde se fez o diagnóstico). Diariamente, conforme a Prefeitura, novos focos têm sido identificados no Município, totalizando 134, com 75% deles identificados nos bairros Fragata e Três Vendas. Com a doença ganhando força, pelotenses que vivem próximos às valetas, banhados e afins, temem pela potencial chance de estarem correndo mais risco de contágio do que os demais habitantes. No entanto, a Prefeitura minimiza essa possibilidade.
Nas zonas periféricas do Município, não é difícil encontrar valas de escoamento pluvial com problemas de entupimento, o que acaba gerando alagamentos e acúmulo de água. Esse é o cenário de quase toda a rua 22 de maio, no bairro Três Vendas. Em toda a extensão da via, é perceptível a poluição excessiva ajudando na obstrução, porém o entupimento também é causado pela vegetação natural, há bastante tempo sem roçagem, atrapalhando o escoamento.
Na superfície de algumas das valetas, centenas de larvas se movem e a cena aflige os moradores, que temem a dengue. "Minha preocupação é minha guria e meu guri. Tem muito mosquito aqui, está sempre cheio. Às vezes eu boto veneno, mas nem adianta. A gente fecha a janela muito cedo. E isso aí eles (poder público) não limpam também", disse Taís Quevedo, de 31 anos, que mora em frente à valeta com água parada. Segundo a mulher, a última vez que a Vigilância Sanitária visitou sua residência foi há cinco meses.
Gilmar Braga, de 35 anos, mora em uma casa que está quase ilhada pela água das valas. O homem, que está com o pé machucado, sai da residência com dificuldade para conversar com a reportagem. Segundo ele, o local alaga com imensa facilidade. "Isso aí faz um mês que está entupido. A cada vez que chove, parece que a barragem se mudou para cá", ironiza o homem. O que fica depois da chuva é o que se vê diariamente no local: buracos enormes no meio da rua e diversos pontos da sarjeta onde a água restante não corre. "Me preocupa a dengue, mas fazer o quê? Isso é providência da Prefeitura também. No estado em que eu estou, nem posso colocar o pé nessa água", acrescenta.
"Valetas não apresentam risco", diz a Saúde do Município
Diante do problema nas valetas, a diretora do departamento de Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde, Aline Machado, esclarece que o mosquito Aedes aegypti não realiza a postura dos ovos diretamente na água, seja na superfície ou dentro d'água. "A fêmea necessita fixar seus ovos em objetos, preferencialmente naqueles objetos pequenos como potes, pneus, baldes, copos, vasos e pratinhos de plantas, garrafas, etc que acumulem água", explicou Machado. "Portanto, áreas alagadas/banhados, canais/arroios/rios, valetas, piscinas grandes (fibra, azulejo, etc.), grandes reservatórios de água entre outros não constituem locais de risco para a proliferação do Aedes", acrescentou.
Entretanto, a diretora da vigilância em saúde salienta que a população deve descartar o lixo adequadamente. Atentar para a colocação do lixo no dia da coleta de lixo, utilizar as coletoras de lixo distribuídas pela cidade, levar até os ecopontos e locais de reciclagem determinados materiais para o correto descarte. "Evitar deixar objetos que possam acumular água e se tornar um criadouro para o mosquito. A colaboração da população é fundamental para controlar a proliferação do mosquito", destacou.
E a estratégia do fumacê?
Ainda segundo Aline Machado, as técnicas recomendadas pelo Ministério da Saúde para controle do Aedes são aquelas relacionadas ao manejo mecânico de potenciais criadouros para o Aedes, sendo o método preventivo mais efetivo. O controle por meio do uso de inseticidas biológicos e químicos é realizado por agentes da vigilância ambiental em casos específicos, conforme recomendação técnica. Os produtos químicos são aplicados com pulverizadores portáteis nos locais cadastrados como Pontos Estratégicos ou com equipamento motorizado de aplicação a Ultra Baixo Volume em situações de bloqueio de transmissão viral.
Mutirões contra a dengue
Semanalmente estão sendo realizados mutirões de remoção de objetos, materiais, lixo e entulhos nas áreas de maior risco para proliferação do mosquito Aedes, as áreas são definidas estrategicamente conforme evolução dos casos confirmados de dengue e número de focos do mosquito. Os mutirões contam com o apoio de militares do 9° Batalhão de Infantaria Motorizada que visitam os moradores da localidade, orientando sobre a prevenção do Aedes e os materiais que devem ser eliminados. As visitas têm sido realizadas nas sextas e sábados para que a população possa separar os materiais e descartar na frente de sua residência durante o final de semana visto que o recolhimento pelas equipes da Secretaria de Serviços Urbanos e Infraestrutura se inicia nas segundas, às 8h.
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