Religiosidade
A importância de celebrar bem a Páscoa
Conforme ensinamentos de papa Francisco, feriado religioso deve celebrar a humildade
Quando papa Francisco fala, o mundo quer ouvir - independentemente de religião. A figura do argentino Jorge Mario Bergoglio atrai os mais diversos olhares. Os pronunciamentos do primeiro pontífice Jesuíta - e não europeu em mais de 1,2 mil anos - não passam despercebidos. Suas palavras causam emoção, lágrimas, polêmica e, principalmente, surpresa. Temas historicamente delicados para muitos fieis, como o uso de contraceptivos, e também assuntos discutidos entre a sociedade civil, a exemplo do machismo, não são excluídos de seus discursos. Através da religião católica, Papa Francisco exerce um trabalho social seguindo passos de Jesus Cristo.
O último domingo, 20 de março, abriu a Semana Santa, ocasião em que a Igreja recorda e celebra a paixão, morte e ressurreição de Jesus. É o momento mais forte do ano litúrgico. Segundo divulgação da rede mundial católica Aletéia, em audiência geral que antecedeu o período, Francisco abordou o significado de um gesto que Cristo realizou na Última Ceia: o profundamente simbólico rito do lava-pés. O líder anunciou que na Páscoa lavaria os pés de refugiados católicos, ortodoxos, muçulmanos e hindus. Ele elencou os três verbos essenciais deste ato:
Servir
Ser “servos” uns dos outros nada tem a ver com “servilismo” ou “escravidão”: trata-se do “mandamento novo” do amor real ao próximo através do “serviço concreto”, e não apenas “de palavra”. O amor é um “serviço humilde”, concretizado “no silêncio”: “Não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita”, pede Ele, em Mt 6,3.
Perdoar
O lava-pés representa o chamado de Jesus a “confessarmos os nossos pecados e a rezarmos uns pelos outros, para saber-nos perdoar de coração”. O papa Francisco evocou neste sentido um texto de Santo Agostinho: “Não desdenhe o cristão fazer aquilo que Cristo fez. Porque quando o corpo se inclina até o pé do irmão, acende-se no coração o sentimento de humildade, ou, já se existisse, é alimentado (…) Perdoemo-nos os nossos erros e rezemos uns pelo perdão dos pecados dos outros. Assim, de algum modo, lavaremos nossos pés mutuamente”.
Ajudar
O papa recordou as pessoas que vivem a vida inteira “no serviço dos outros” e, como exemplo, contou que recebeu uma carta de uma pessoa agradecida por este ano da misericórdia: a pessoa em questão “me pediu rezar por ela, para que ela esteja mais perto de nosso Senhor. A vida dessa pessoa era cuidar da mãe e do irmão; a mãe está de cama, idosa, lúcida, mas sem poder se mexer; e o irmão é deficiente, numa cadeira de rodas”. Francisco resumiu duas vezes este caso declarando: “Isto é amor!”.
O papa concluiu a audiência com uma frase que sintetiza toda a mensagem: “Queridos irmãos e irmãs: ser misericordiosos como o Pai significa seguir Jesus no caminho do serviço”. O rito, segundo o padre Martinho Lenz, também componente da Ordem Jesuíta e capelão da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), representa a mensagem que o argentino envia ao mundo, nos três anos de papado. “O Papa Francisco é um líder ecumênico, uma referência para humildes e poderosos. Tem posicionamentos também humildes, principalmente, relacionado ao julgamento de outros: ele diz que este é trabalho de Deus, portanto, não julga ninguém”.
De acordo com o padre, estar vinculado à Ordem Jesuíta diferencia o pontífice romano de seus antecessores. “É uma liderança com espiritualidade e humildade, seguindo o exemplo de Jesus Cristo - Ele é a inspiração. O papa Francisco não quer apenas ensinar a verdade, mas aproximar-se das pessoas. É um homem questionador”, avalia.
Diálogo
Uma demonstração da vontade que tem de comunicar-se com a sociedade e acompanhar as mudanças de comportamento da sociedade é a adesão às redes sociais. Seus pronunciamentos não estão restritos a transmissões televisionadas ou impressas. Através da internet, sua imagem está associada a mensagens de paz, humildade, amor ao próximo e fé. Francisco tem contas no Facebook, Twitter e Instagram. “Por causa de sua popularidade, mais pessoas frequentam a praça São Pedro”, afirma padre Martinho.
O líder também é mundialmente conhecido por sua preocupação com o meio ambiente. Em 2015, o Vaticano publicou a nova encíclica de papa Francisco: “Louvado sejas”. O documento está dividido em seis capítulos que abordam a mudança climática, a dívida ecológica, a questão da água, a crise ecológica e as mudanças no estilo de vida. O objetivo de Francisco é que as pessoas e instituições reflitam sobre o cuidado com o meio ambiente. “A obra inspirou a última Campanha da Fraternidade. Fala algo muito importante: que somos devedores das gerações futuras; precisamos preparar o mundo para os que virão, cuidar do mundo como nossa casa”, destaca o padre.
O papa Francisco é autor de outras obras, entre as quais Reflexões sobre a vida apostólica, de 1986; Meditações para Religiosos, de 1982, e Reflexões de Esperança, de 1992. É membro da Congregação para o Culto Divino e para a Disciplina dos Sacramentos, bem como do Conselho Pontifício para a Família.
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