Feriado nacional
A nova cara do patriotismo
A chegada de mais um 7 de setembro mostra que os símbolos e a tradição cada vez mais abrem espaço para novas manifestações de amor à Pátria
Jerônimo Gonzalez -
É em meio à efervescência política da atual conjuntura brasileira, responsável por levar às ruas grupos que divergem quanto aos rumos do país, que mais um 7 de Setembro chega. A data, cuja característica também está ligada à ocupação das ruas, neste caso pelos desfiles, celebra o sentimento de pertencimento, orgulho e amor à pátria, questões inevitavelmente abaladas pela crise econômica e pelo caos político. Fatores que enfraquecem, pelo menos em parte, símbolos tradicionais, mas abrem, ao mesmo tempo, espaço para novas manifestações e apropriação do sentimento de patriotismo.
Para além do atual cenário, o cientista político Hemerson Pase considera que a falta de força do 7 de Setembro entre os brasileiros, bem como a falta do cultivo de símbolos ligados a ele, como o hino e a bandeira, são reflexo de um país pouco patriota. "O patriotismo tem muita força em países que viveram grandes guerras. Aqui não temos isso. Não há um inconsciente patriótico, ao mesmo em que há muita desigualdade e um forte sentimento de vira-latismo." O cientista considera ainda que estes símbolos que inspiram amor à Pátria foram incentivados em períodos em quais o país passou por ditaduras, inspirado por governantes e não naturalmente criados pelo povo. "A obrigatoriedade de escolas desfilarem no 7 de Setembro, de se decorar o hino, essas ações foram impostas de cima para baixo, de forma autoritária, inclusive. Por não terem raízes populares, é normal que enfraqueçam com o tempo."
A tradição, é claro, ainda persiste. Os escoteiros são um exemplo de cultivo de patriotismo e de forte ligação com o dia da Independência e suas atividades. O diretor de escotismo do grupo 254 São Francisco de Assis, Paulo Pencarinha, considera a data o coroamento de toda a programação ao longo do ano dos escoteiros. "Continuamos agindo da mesma forma, guardamos a chama, desfilamos. Somos e pensamos o Brasil acima de tudo. Sentimos a falta de brasilidade, os reflexos do momento atual, mas para nós estes símbolos ainda têm a mesma força e importância."
No entanto, outras formas de representação deste patriotismo também ganham espaço. Pase acredita que as atuais mobilizações populares, sejam em defesa da ex-presidente Dilma Rousseff, sejam a favor do atual presidente Michel Temer, são fortes manifestações patrióticas. "Quando se vai para rua em nome deste ou daquele líder se está indo defender o que acredita ser o mais adequado para o país. Este sentimento de que quero que o país se desenvolva, de que quero ser feliz e crescer aqui, é que são as métricas do patriotismo."
O 7 de Setembro em Pelotas
- O Desfile Cívico-Militar da Independência, organizado pela 8ª Brigada de Infantaria Motorizada, terá concentração a partir das 9h de quarta-feira. O início está previsto para as 10h, na avenida Bento Gonçalves.
- No sábado ocorre o desfile da Parada da Juventude, também na avenida Bento Gonçalves, a partir das 14h.
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