Voo

Aeronave da FAB faz escala em Pelotas antes de rumar ao continente gelado

41ª Operação Antártica leva 30 pesquisadores à Estação Comandante Ferraz

Foto: Jô Folha/DP - Aeronave levou 52 passageiros, entre jornalistas, pesquisadores e militares

Com quase duas horas de atraso, decolou na manhã desta quarta-feira (23), do aeroporto Internacional João Simões Lopes Neto, de Pelotas, a aeronave KC-390 da Força Aérea Brasileira (FAB) levando 52 passageiros entre pesquisadores, jornalistas e militares para a Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), na 41ª Operação Verão do Programa Antártico Brasileiro (Proantar). Foram 4h30min de voo até Punta Arena do Chile, onde as equipes se dividiram entre dois navios da Marinha. A previsão é de quatro dias de viagem. Na bagagem, muitas ideias de exploração científica e mantimentos para abastecer as equipes que vivem na estação.

Com escala em Pelotas para abastecimento da aeronave, o grupo chegou às 19h de terça-feira, quando foi descoberto um problema nos pneus do avião. Como já havia previsão de pernoitar na cidade, o voo, que antes estava marcado para as 8h de quarta, demorou mais duas horas até que as equipes vindas de Santa Maria resolvessem o problema nas rodas de pouso. A espera pareceu longa e, no período, os passageiros aproveitaram para regularizar o passaporte com a Polícia Federal, checar equipamentos e bagagens, além de atualizar as notícias com os familiares.

Enquanto esperavam, os pesquisadores aproveitaram ainda para trocar ideias sobre as diferentes áreas de estudo. O geólogo e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Renato Ramos, que integra o Projeto Flora Antártica, contou à reportagem que sua pesquisa faz uma comparação da antiga vegetação da Península Antártica e como ela se comportou no período cretáceo até os dias atuais. Essa é a quarta vez que o especialista vai ao continente gelado desde que iniciou os estudos, em 1988. “Nossa área é importante para o paleoclima, pois estamos falando de um período que haviam bichos, dinossauros, e o local tinha bastante vegetação, assim como hoje é a Patagônia. Atualmente não há mamíferos e nem insetos. Então precisamos saber a influência do clima”, explicou. A relevância para a atualidade, segundo Ramos, é que quando se discute muito sobre aquecimento global, primeiro é preciso saber como se comportou o clima no passado para montar um mosaico climático, com a escala de vida das pessoas para, a partir de então, dialogar com os outros diferentes estudos paralelos. “Assim poderemos fazer previsões futuras, como por exemplo, a elevação no nível do mar”.

O responsável pela expedição, o assessor técnico do Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação, Iran Cardoso Junior, conta que a missão teve início em outubro e a cada mês é feito um voo para levar mantimentos e pesquisadores, que no total são 180 a 200, mas que estão indo aos poucos, como na expedição de quarta, quando 30 embarcam. Alguns que estão há mais tempo na estação devem retornar na mesma aeronave. “A missão é trabalhar em 26 projetos aprovados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em áreas como Biologia Marinha, Oceanografia, Climatologia e outras”, contou.

Ele conta ainda que a EACF, reinaugurada em 2019, tem capacidade para abrigar 40 pesquisadores nos acampamentos, sendo que a base serve mais como apoio logístico. “Também foram construídos 14 laboratórios disponibilizando os estudiosos a coletarem material, fazer algum processo de análise e depois levar para o Brasil para as pesquisaram não parem durante o inverno. “A linha de frente é feita nos acampamentos espalhados por toda região Antártida. E a tendência é ampliar o espaço para o trabalho dos pesquisadores.”

Com função importante desde o início do Proantar, a Secretaria de Comissão Interministerial para Recursos do Mar (Secirm), da Marinha do Brasil, este ano está responsável, além do suporte logístico, em levar os pesquisadores até a EACF, uma vez que não há disponibilidade para pouso no aeródromo chileno da Base Presidente Eduardo Frei Montalva, na Antártica, em função de obras de manutenção. Todo o transporte durante a operação será feito pelo Navio Oceanográfico de Apoio Ary Rongel e o Navio Almirante Maximiano.

Antes mesmo do embarque, ainda no saguão do aeroporto, o capitão Machado fez uma explanação para o grupo de como seria a dinâmica de embarque nos navios atracados em Punta Arena, orientando que quem estivesse destinado a Ary Rongel, deixasse primeiro o avião. “O Brasil se faz presente na comunidade Antártida há 40 anos, pois desenvolve uma série de pesquisas em nome da Ciência do Mar. A Marinha faz o suporte logístico e também na figura da Secirm, na Operantar”, frisou o capitão.

O Diário Popular já esteve lá
Há 22 anos, o Diário Popular esteve presente na 19ª Operação Antártida. Por 17 dias, o jornalista Jarbas Tomaschewski e a fotógrafa Janine Tomberg representaram o DP, veículo de imprensa convidado pela Secirm a divulgar as atividades brasileiras, científicas e militares desenvolvidas no Polo Sul. Em um caderno de 32 páginas, a equipe conseguiu retratar a vida no gelo de uma terra praticamente inabitada, com relatos de pesquisadores que levaram o Brasil a ser destaque no cenário internacional no campo da pesquisa e pelas imagens de rara beleza da fauna e da flora do Continente gelado. ​

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