Enchentes
Água sobe e atinge área antes não mapeada no Laranjal
Alguns moradores das ruas Vacaria, Gravataí, Barra do Ribeiro, Piratini e parte da avenida Rio Grande do Sul saíram às pressas; locais passaram, logo depois, para zona vermelha no mapa de risco
Foto: Jô Folha - DP - Para atravessar o trevo da principal avenida da praia, só caminhonetes, carros com tração nas quatro rodas e jipes
Com o nível do canal São Gonçalo passando dos três metros e a Lagoa dos Patos atingindo 2,79 metros, áreas que não estavam no mapa da zona de risco de inundação foram atingidas pelas águas que subiram rapidamente na noite desta quarta-feira (15), no Laranjal. Alguns moradores das ruas Vacaria, Gravataí, Barra do Ribeiro, Piratini e parte da avenida Rio Grande do Sul saíram às pressas. Três equipes dos Bombeiros tiveram muitos pedidos de resgate e precisaram selecionar quem atenderiam primeiro. Essa situação, segundo informou a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB), é resultado do retorno da água pelo sistema de drenagem.
Em live realizada na quinta, a gestora falou a respeito da classificação das vias citadas. "[O motivo da situação foi] Um retorno da água pelo sistema de drenagem, algo que não tinha sido previsto. A gente vai, também, aprendendo com a realidade. Peço desculpas, a gente já corrigiu e a Vacaria passou para vermelho", afirmou, por volta do meia-dia.
Pela manhã desta quinta, na avenida Rio Grande do Sul com a rua Barra do Ribeiro, a todo momento chegavam viaturas da Brigada Militar, Guarda Municipal, Polícia Civil e Federal para acompanhar a situação e auxiliar no resgate de moradores que ainda resistem permanecer nas residências. Na rua São Borja, próximo à rua São José do Norte, os bombeiros tiraram mãe e filha com 12 cães. A água estava pelo joelho de ambas, que preferiram não se identificar, e permaneceram no segundo andar da casa até a manhã. Ainda conforme a chefe do Executivo, é fundamental evacuar as regiões nesse momento, pois com os níveis se elevando, o mesmo pode se tornar cada vez mais difícil. Um exemplo é que para atravessar o trevo da principal avenida da praia, só caminhonetes, carros com tração nas quatro rodas e jipes. Quem precisou passar usou a rua São Lourenço do Sul até a Santo Angelo, vias que ainda permanecem sem alagamentos.
A dimensão do cenário no Laranjal já é sentida no caminho da praia. Na avenida Adolfo Fetter, passando o Clube Caça e Pesca (sentido bairro-centro), há um bom trecho com lâmina d'água. Mas a pior situação é na rótula da ponte do Arroio Pelotas passando pela construção de um condomínio na avenida Ferreira Viana. Nesse trecho, o volume de água fez com que a Prefeitura interrompesse um lado da via. O outro estava em duas mãos e sendo controlado pelos agentes de trânsito. Essa mesma água segue para a Marina Ilha Verde e o odor no local é de esgoto.
Seguindo o mapa de risco, o dique de contenção na estrada do Engenho está funcionando bem. Durante a manhã de quinta, a água do canal estava bem próximo à margem da rua, o que atraía muitas pessoas até o local para registrar o fenômeno da natureza. Nem todos são moradores da redondeza, que também vão ao ponto para saber se ainda permanecem em suas residências, mesmo com o grande apelo das autoridades para que deixem as zonas vermelhas do mapa.
Outro espaço que também tem preocupado, mesmo que o nível da água não seja tão elevado, é a região próxima ao Porto. Na manhã desta quinta-feira, a parte mais alagada concentra a rua Benjamin Constant e em frente à antiga Alfândega. Já na Cotada, o trânsito é livre para acesso ao prédio. Ainda na região do Porto, quem atendeu ao chamado da Prefeitura foi a família da Marilu Cristina da Silva, 48. Ela e os filhos aguardavam o marido Rudinei, que é pescador, retirar com o bote, alguns pertences, além dos animais de estimação. Todos vão para o barco da família. "Ficamos até hoje, mas a água já tá quase na canela, então decidimos sair", disse ela que também é pescadora nas Doquinhas. A região fica às margens do Canal São Gonçalo, onde é possível perceber o movimento de entrada da água que vem da Lagoa Mirim indo em direção à Lagoa dos Patos. A força e o volume, por mais protegido que seja o dique no Quadrado, não impede vazamentos que provocam alagamentos na área após os degraus.
Seguindo adiante, um cenário novo e assustador: a avenida Visconde da Graça, em frente à UBS, estava alagada. Veículos aguardavam para que um só passasse bem ao centro da via onde se concentrava menos água. Próximo à ponte, outro trecho com água que vem do Canal Santa Bárbara, que pela cheia já atingiu o pátio da casa de Mariza Pereira, 41, e há 28 anos morando à margem do canal. "Eu nunca tinha visto tanta água".
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