Transtorno
Alagamento na Z-3 deixa 60 pessoas desalojadas
Inúmeros moradores já convivem com a água dentro de casa há mais de duas semanas, mas a partir da última segunda-feira a situação ficou insustentável
Foto: Carlos Queiroz - DP - Em algumas ruas os moradores precisam transitar de barco
O retorno da chuva ao Município nesta semana deixou ao menos 17 famílias desalojadas na Colônia Z-3. Moradores da localidade do Cedrinho estão desde a última segunda-feira abrigados no Salão da Paróquia João Paulo II. Na localidade onde residem, circular nas ruas só é possível de barco, mesmo assim ainda há inúmeras pessoas que permanecem dentro de casa, pois temem o furto dos poucos pertences que não foram danificados pela água.
Cozinhas e quartos improvisados encheram o espaço da Paróquia em pouco tempo. Devido à grande proporção do alagamento que invadiu as residências, os moradores tiveram que retirar os pertences de mais valor às pressas. Com o empréstimo de um caminhão e o auxílio de vizinhos, a maioria dos alojamentos foram realizados durante a noite. Conforme relatos, a água já invadia as casas há mais de duas semanas, entretanto, como o volume baixava rapidamente, eles aguardavam. Cenário que mudou no início da semana, quando o acúmulo chegou a atingir a altura dos joelhos.
“A gente vem para cá porque é obrigada, não tem como ficar dentro da água. Tiramos só o básico, os móveis não prestam mais porque não deu tempo de levantar”, diz Maria Freitas, 57 anos, ao apontar para uma geladeira e fogão. A vizinha de rua e agora também de abrigo, Maria de Lourdes, 56 anos, conta que ao sair de casa a preocupação com as perdas é constante. “A água e o roubo. Estraga uma coisa e roubam outra. A gente não tem, pescador vai tirar da onde?”, lamenta.
Diferente das duas pescadoras, há ainda moradores que não conseguiram recuperar nenhum item de valor antes de sair de casa. Sentada em uma cadeira de praia, Gisele Balduz conta que ela e a mãe tinham apenas a roupa do corpo. “Não conseguimos trazer nada, os móveis estragaram tudo. A única coisa que eu consegui fazer foi levantar a minha geladeira e a minha máquina”.
As 60 pessoas abrigadas no Salão da Paróquia, são apenas uma parcela do número de atingidos pelo alagamento. O volume de água nas ruas do Cedrinho só permitia o deslocamento por barcos, mesmo assim muitas pessoas se recusam a sair de suas residências. Uma dessas pessoas é o Amilson Rosa. Na tentativa de amenizar a situação, ele varria a água suja, que chegou a atingir a altura de 30 centímetros dentro de casa. “A gente tem medo de deixar [a residência], estou tentando dar uma secada para ver se evita das coisas estragarem”.
Moradores apontam falta de assistência
A coordenadora da paróquia João Paulo II, Arlete Lima, questiona o porquê de uma suposta falta de iniciativa do poder público aos moradores do Cedrinho. “Não olham para esse povo que há anos sofre com enchentes, eles não podem mais morar nesse lugar”, diz.
Além disso, parte dos moradores desalojados reclamam que a Defesa Civil não teria prestado o auxílio adequado e que a remoção das pessoas só foi possível com a mobilização da própria comunidade. “Eu arrumei o caminhão, não tinha oléo, eu paguei do meu bolso e trouxe cinco famílias para cá. Ficamos até às 2 da manhã [na segunda-feira] tirando as pessoas”, relata Antônio Carlos dos Santos.
Já o coordenador municipal da Defesa Civil, Fernando Bizarro, diz que desde o início das chuvas o Cedrinho tem sido acompanhado. No entanto, a maioria das pessoas estariam resistentes a sair, pois não há lugar para acomodar os móveis de todos os moradores. “Teve uma noite que viemos aqui com os bombeiros para retirá-los e ninguém quis sair”.
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