Enchente

Alagamentos estão dentro do esperado e devem se acentuar no Laranjal

Projeção máxima é de que água pode atingir 1,70 metro nas ruas do Valverde e 1,30 metro no Santo Antônio

Davi Rodrigues - Especial DP - Inundação pode variar conforme o regime de ventos

A avaliação do comitê instalado pela Prefeitura de Pelotas, em parceria com órgãos de segurança e a UFPel, é de que, até o momento, as cheias estão ocorrendo como o previsto. As águas no Laranjal chegaram ao entroncamento das ruas Santo Ângelo e Lajeado, o que já representa uma cota que não se viu nas cheias das últimas décadas.

A estimativa é de que em pontos do balneário Valverde a água chegue à marca de 1,70 metro, enquanto no Santo Antônio o número deve ser de 1,30 metro, com variação para mais ou para menos em algumas ruas. A evacuação eminente dos locais foi solicitada no fim da noite de quinta-feira pela Prefeitura. 

A projeção feita pelos técnicos tem em conta o nível de 3,30 metros de medição no Canal São Gonçalo, o que representa a enchente de 1941 acrescida de 40 centímetros. Tem-se, na Sala de Situação, o monitoramento da situação e a projeção a cada quadra conforme for aumentando o nível no canal. 

No Laranjal, inicialmente, as águas subiram pelo Canal São Gonçalo e entraram pela altura da casa de bombas, na rua Nova Prata, onde a altitude é mais baixa, de 1,52 metros acima do nível do mar. Enquanto a orla naquela região é de 1,86 a 2 metros, e foram se espalhando pelo Valverde.

Ao mesmo tempo, na região da rótula Jornalista Álvaro Piegas, que também é mais baixa (1,52 metro), a água entrou pela lagoa e causou alagamentos mais intensos. Neste momento (sexta, por volta das 17h), as águas entram pelo São Gonçalo e pela lagoa, e ainda há muitas pessoas no Laranjal, com os salvamentos acontecendo ao longo do dia.

"Em algumas quadras talvez a água não chegue, mas elas podem ficar ilhadas", alertou a especialista Diuliana Leandro, coordenadora do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária na UFPel e doutora em Ciências Geodésicas.

No Laranjal, alagamentos podem acontecer em velocidades diferentes do projetado, a depender do regime de ventos. "A profundidade [neste momento] continua aumentando. O modelo aponta [a profundidade de alagamentos] quando a régua tiver em 3,30 metros, mas se o vento tiver batendo, ele arrasta a água e faz subir antes do que o projetado [em alguns pontos específicos]".

No pior cenário projetado, os alagamentos devem acontecer também nas avenidas Ferreira Viana e Adolfo Fetter, com lâminas de água de 63 e 51 centímetros, respectivamente. Isso pode fazer com que os veículos não consigam passar, por exemplo.

As regiões às margens do Canal Santa Bárbara e Arroio Pelotas também serão afetadas com essas cheias no São Gonçalo. Doquinhas e Porto também estão em maior estado de atenção. Foi ampliada a contenção no Quadrado e em outros pontos próximos nos últimos dias. "Isso vai segurar em um momento inicial a água de entrar no Porto, mas pode acontecer de parte da água entrar pela drenagem [e verter pelos bueiros]", diz Diuliana.

Não tem como se projetar exatamente quando isso vai acontecer. "Depende o quanto o canal subir. O Sanep está fazendo uma série de ações com as bombas, tem uma casa na Gomes Carneiro que ajuda a escoar a água da região".

"Enquanto essa estrutura estiver funcionando de maneira adequada, a água não vai subir. Mas pode ser que em algum momento não contenha mais", disse Diuliana. Assim, pode acontecer de os canais de drenagem levarem a água às ruas do bairro Porto, que pode ter alagamentos de até 1,30 metro em alguns pontos. Isso acontece à medida que subir o nível do São Gonçalo, onde a água do município é despejada

A ponte do Laranjal não corre risco, assim como a Barragem do Santa Bárbara, que é impossível de ser atingida, segundo os técnicos.

Um dos empecilhos para montar os mapas de risco, que levam em conta o cenário de 3,30 metros no São Gonçalo, foi a falta de estrutura adequada, decorrência da falta de investimentos na área, afirmaram os técnicos. Não há, por exemplo, equipamentos para monitorar em tempo real o nível da Lagoa dos Patos, e o radar do CPPMet da UFPel está inoperante pela falta de verbas, o que dificultou o trabalho.

Os computadores também não são adequados para o monitoramento hidrológico e meteorológico, mas os técnicos ressaltam a parceria com a Defesa Civil "há mais de uma década" para tentar melhorar essa situação.

Outra preocupação é relativa às informações falsas que estão sendo disseminadas, como a de que as bombas instaladas na Estrada do Engenho fossem para levar água a outras regiões na cidade, quando na verdade o objetivo é, após as cheias, escoar a água mais rapidamente de volta ao Canal São Gonçalo.

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