A Associação dos Pais e Amigos de Jovens e Adultos com Deficiência (Apajad) tem motivos de sobra para comemorar. As conquistas do grupo foram significativas em 2016. Para celebrar o ano, na tarde desta quinta-feira (15) o tradicional encontro semanal foi, na verdade, uma festa.

A Apajad trabalha com pessoas especiais acima de 24 anos. A fundadora da associação, Marli Resende dos Santos, relata - orgulhosa - que os alunos ganharam novas opções de atividades este ano. Além das já conhecidas aulas de dança, informática e oficinas de culinária, os frequentadores da Escola de Inclusão puderam fazer turismo e terapia ocupacional. "Tudo é uma forma de socialização. Aqui nós não levamos em conta a impossibilidade, mas sim a capacidade de cada um", diz.

A associação começou com oito alunos. Hoje, após quatro anos, tem 27 e trabalha com demanda reprimida. Duas professoras permanentes e quatro voluntárias tomam conta de cada um dos jovens com atenção especial. O carinho dispensado pelas docentes é o que mais encanta Belmira Bastos, mãe adotiva do aluno Sandro. "É muito lindo de ver o tratamento recebido por eles. Realmente aqui eles formam uma família."

O bom trabalho da Apajad é ratificado em cada depoimento emocionado dos familiares. A mãe da jovem Luana, Nara Regina Mendes, conta que a filha vivia triste na escola onde estudava e encontrou a felicidade com os novos companheiros. "Ela voltava todo dia chorando, dizendo que alguém havia falado mal dela. Hoje, na associação, ela recebe toda a atenção que merece e está sempre feliz", garante. "Aqui eu tenho muitos amigos e me divirto bastante", completa Luana. A mudança no comportamento do filho é também a principal alegria para seu Paulino Aires. "O Roger está mais atento, mais observador. Nos dias de aula ele acorda e se arruma sozinho. Isso é uma prova de que está feliz."

Semana de vitórias
Os últimos dias foram de boas notícias para a Apajad. A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) acolheu o projeto como Escola de Inclusão e cedeu um espaço permanente para a realização de atividades. As salas, no Campus Anglo, ficam no térreo para facilitar o acesso de todos. "É um reconhecimento da universidade ao trabalho e a concretização de um sonho para nós", diz Marli.

A outra grande novidade para a associação vem em forma de recurso. Inscrita em um projeto de inclusão digital na 2ª Vara da Justiça Federal, a Apajad foi contemplada nesta semana. O dinheiro será investido em tablets para a realização de atividades com os alunos - ideia que agradou seu Edmílson Quintas. Com 56 anos, ele é o "jovem mais experiente" do grupo. "Eu mexo bastante no computador. Já sei dar espaço entre as palavras e colocar acentos nas letras", diz, radiante.

A busca pelo melhor
Por mais simples que possam parecer, as ações de Edmílson são grandiosas, assim como a satisfação de todos que trabalham no projeto. O sentimento de gratidão por acompanhar a evolução de cada aluno foi relatado por várias pessoas na festa de encerramento das atividades do ano, realizada no salão da Casa da Irmandade, ao lado da Catedral.

Os membros e frequentadores receberam recordações - todas compradas com recursos próprios, provenientes de uma ação ligada à conscientização sobre o meio ambiente, coordenada pela professora Geane Dias.

Em um universo repleto de alegria e carinho, os alunos aproveitaram a tarde com salgadinhos, refrigerante e muitos abraços. Após a revelação do amigo secreto, o grupo foi para casa com presentes nas mãos e a certeza de que 2017 poderá ser um ano ainda melhor.