Estradas
Áreas rurais seguem sem perspectiva de asfalto
Projeto cogitado em 2018 não progrediu e moradores de diferentes distritos sofrem com as condições das estradas, principalmente, para o escoamento da produção
Jô Folha -
Pouco mais de quatro anos depois de projetar a aplicação de asfalto ecológico, que forneceria uma maior durabilidade às vias de acesso, a prefeitura de Pelotas não conseguiu implementar a ideia. Os moradores da zona rural, portanto, seguem sem qualquer perspectiva de ao menos parte das estradas de chão desaparecer. E ao todo são 1.280 quilômetros considerados os sete distritos do interior.
Era maio de 2018, quando a Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) realizou conversas com a empresa Dynacal sobre o asfalto ecológico: um aditivo químico de origem orgânica que impermeabilizaria o solo, tornando-o estável. Na época, a promessa era que o material garantiria capacidade de suporte para tráfego permanente, com duração e resistência. Entretanto, o projeto não foi para a frente.
A prefeitura solicitou aos representantes da empresa uma visita a local onde estivesse sendo aplicado o produto e outra em lugar onde o pavimento já tivesse sido colocado há mais tempo, para avaliar quesitos como a durabilidade. Como as visitas não foram realizadas, o andamento da proposta ficou comprometido.
Os olhares da comunidade
Os problemas na estrada Jacob Muller, no distrito de Monte Bonito, já são conhecidos por muitos e, repetidamente, transformam-se em reclamações de moradores. Não raro, eles precisam realizar desvios devido às condições da estrada. É o caso da agricultora, Marialda Brauch, 56, que menciona problemas mais críticos nos últimos três meses, quando tiveram necessidade de adotar, inclusive, um desvio dez vezes maior do que o trajeto curto, de apenas cinco quilômetros.
"Nesse meio tempo não deu para utilizar aqui. Tive que fazer um grande desvio, de 50 quilômetros, pela estrada do Sinott, porque muitas vezes as estradas estavam cheias de buracos e era bem complicado de andar por elas. Quase perdi o carro em um buraco e ficou bem complicado para levar meus produtos", conta. "Mas agora eles fizeram algumas arrumações e melhorou bastante, mesmo com as últimas chuvas".
Em outras localidades a realidade também não é positiva. O morador do Triunfo, 4º distrito de Pelotas, Bruno Josiel Rutz, 31, também trabalha na região como motorista e ressalta que em Cerrito Alegre, no 3º distrito, também há precariedade. O mau estado das estradas chegou a causar o cancelamento da linha de ônibus que percorre o local. "Aquela área está praticamente abandonada. Alguns trechos estão cheios de buracos e, por conta das chuvas que tiveram nos últimos tempos, vários carros já ficaram presos ali, até mesmo os ônibus", destaca. "E a situação tá assim há muito tempo. A gente reclama nas redes sociais, mas mesmo assim ninguém faz nada".
O que diz a prefeitura
Ao todo 62 funcionários são responsáveis pela manutenção, divididos em 14 operadores de máquinas, oito motoristas de caminhão/caçamba e 40 servidores para atividades manuais. E as equipes são direcionadas conforme cronograma de reparos. A prefeitura explica que alguns trechos demandam mais atenção, como aqueles onde o relevo é mais acentuado, caso da Colônia Santa Clara, no distrito de Santa Silvana. Os locais mais irregulares também recebem essa atenção, onde são colocados cascalhos, para evitar a formação de barro.
A espera de quem deseja se ver livre da buraqueira, acentuada a cada período mais prolongado de chuvas, não tem data para acabar. O Executivo confirma não haver previsão de pavimentação. Enquanto isso, portanto, as equipes do Departamento de Manutenção de Estradas Rurais (Dmer), encarregam-se de diferentes tarefas, como patrolamento, drenagem, roçado, lateral, sinalização e aplicação de cascalho. Um dos critérios, na hora de decidir qual trecho será priorizado, é recorrer ao itinerário do transporte coletivo, do transporte escolar e os mais utilizados, por exemplo, para o escoamento da produção agrícola - explicam os técnicos da Secretaria de Desenvolvimento Rural.
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