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Atividade física ao ar livre comemora o mês do idoso em Pelotas
Organizado pela ABAPP, a turma da terceira idade deu exemplo de disposição e bom humor na manhã de domingo
Carlos Queiroz -
Com disposição de dar inveja à geração Z, dezenas de idosos se reuniram na manhã deste domingo (23) em frente à Associação Beneficente de Aposentados e Pensionistas de Pelotas (ABAPP) para celebrar o mês dedicado a eles. A chuva, que resolveu acompanhar as atividades em alguns momentos, não foi motivo para desistência e, parte dos inscritos, acompanhados de familiares percorreram 12 quilômetros de bicicleta. Depois, com mais adeptos, saíram em caminhada da rua Almirante Barroso, entre Telles e Tiradentes (onde fica a sede da Associação), passando pela Barão de Butuí até a avenida Juscelino Kubitschek, retornando pela rua Cassiano até a Barroso novamente. Na chegada muita animação e comemoração por mais uma conquista.
"Mesmo com o tempo não favorecendo, o pessoal não desistiu, pois a família ABAPP é muito participativa e o que estamos promovendo aqui hoje é qualidade de vida", explicou a organizadora do evento, Aline dos Santos Ribeiro, chefe do departamento de Relações Humanas e assistente do departamento social. Ele conta que a faixa etária dos participantes varia de 70 a 90 anos e envolve um público que ficou muito tempo preso em casa por causa da pandemia, até por ser uma população mais vulnerável ao vírus, e o ano está sendo de retomada. Antes da atividade final, teve sorteio de brindes e a cada nome citado, era uma festa. Depois, ao som de Iza, a aula de dança encerrou as atividades com muito movimento.
Para o educador físico e professor de dança, Michael Farias Duarte, 33, essas atividades, além de fazerem bem ao corpo, são aliadas à saúde mental, pois a participação é uma forma de o público socializar. "É tão importante quando percebemos a evolução dos associados que, muitas vezes, chegam aqui desacreditados em realizar algum exercício e, quando isso acontece, é muito gratificante". Duarte ainda tem a preocupação de pesquisar músicas que fizeram parte da juventude dos alunos e intercala com os hits do momento.
"Quando tinha 30 anos, achava que estaria velha com 50. Cheguei lá e passei a pensar que aos 70 me sentiria uma idosa. Agora que cheguei, não sinto muita diferença", confessou a professora aposentada Osnilda Ribeiro Marins. Ela pensa na velhice e é por isso que mantém em dia a saúde e costuma se alimentar bem. Entre as atividades, estão os trabalhos voluntários até mesmo na ABAPP, na parte de alfabetização. "Também faço dança ou aerodança, que é bom para o físico e o psíquico, pois enquanto estou concentrada no movimento que devo fazer, para direita ou esquerda, esqueço se tenho um conta para pagar ou um problema a resolver", resumiu. Há 11 anos frequentando a associação, ela é assídua sempre às segundas e quintas-feiras à tarde. "Eu indico para todos, sempre que puder, realizar uma atividade".
Quem está há 12 anos na Associação e não perde uma atividade é a aposentada Iracema Simões Freire, 84. Com problema nos joelhos, ficou de fora da caminhada, o que não a impediu de dar uma dançadinha durante a aula ao ar livre. "Eu agora vou dar um jeito no meu problema com os joelhos para logo estar de volta, pois aqui eu faço ginástica, dança, pintura e artesanato. É muito bom manter a mente sempre ocupada", respondeu, movimentando os braços ao ritmo da música. A amiga Loiva Gusmão, 77, complementa a fala dizendo que atividade física é saúde e bem-estar.
Fique de olho nas indicações
O fisioterapeuta Tiago Campos explica que a atividade motora é importante para idosos, primeiramente, para combater o sedentarismo, que é fator de risco para diversas doenças. Em um segundo momento, para manter o idoso independente e autônomo o maior tempo possível. "A atividade motora contribui para o desenvolvimento da saúde física e mental, pois quando o idoso começa a perder sua independência física, as chances do aparecimento de outras doenças em virtude do sedentarismo aumentam, até mesmo a tão temida depressão."
Um detalhe fundamental é avaliar as condições da pessoa idosa. "Quando são atividades moderadas, uma avaliação geral é necessária com o objetivo de identificar as possíveis doenças, seu estado clínico geral e as condições motoras do idoso, levando em consideração, principalmente, o risco de queda", destaca. "Para atividades mais intensas e/ou longas entendo ser necessário avaliação das condições cardíacas, por um profissional capacitado, neste caso, o cardiologista. Também é importante salientar que as atividades físicas devem ser sempre orientadas por profissionais capacitados, educadores físicos". Para o fisioterapeuta, mesmo aqueles debilitados por alguma doença crônica, precisam de atividade para preservar a condição motora e, em muitos casos, buscar uma melhora na condição física.
Questionado se a prática esportiva, aliada a uma boa alimentação, pode ser fator que contribui com a longevidade, Campos concorda, mas faz alguns alertas. "O idoso deve ser acompanhado do médico para ter certeza que está apto à prática esportiva". O fisioterapeuta salienta que as doenças crônicas não transmissíveis são responsáveis pela maior parcela de mortes do mundo (71%), sendo os principais fatores de risco para essa situação a alimentação inadequada, inatividade física, uso excessivo de álcool e tabagismo. "Imagino que pessoas envolvidas em práticas esportivas, orientadas e que almejam uma saúde melhor consigam combater os fatores de risco. Portanto, cabe a todos os profissionais da saúde salientarem e incentivarem a prática de atividade física, não somente do idoso, mas iniciando com as crianças, desenvolver nos adultos e manter a prática nos idosos, assim buscando um envelhecimento de melhor qualidade, com menos dependências, menos doenças, menos remédios e muito mais energia".
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