Mobilização
Ato pede a manutenção do Ensino Médio no Pelotense
Em frente à Prefeitura, alunos, professores, diretores e sindicalistas reivindicaram também o pagamento do piso do magistério e a revogação do novo EM
Foto: Jô Folha - DP - Aproximadamente cem pessoas protestaram em frente à Prefeitura
De um lado, a luta para manter a tradição de 120 anos de ensino público de qualidade do Colégio Municipal Pelotense. Do outro, o Poder Público sendo obrigado a cumprir com a legislação federal, determinando que os municípios priorizem a educação Infantil e Fundamental, sendo o Ensino Médio de competência do Estado, o que acabaria com as turmas do Gato Pelado. O impasse vem mobilizando a comunidade escolar desde novembro do ano passado e, diante de medidas como não abrir vagas novas para o Normal em 2023, levou cerca de cem pessoas até a frente da Prefeitura para uma aula na rua. No ato da manhã desta quarta-feira (22) também foi pedida a revogação do novo Ensino Médio e o pagamento do piso do magistério, o que reforçou a mobilização com a presença do Sindicato dos Municipários (Simp) e Cpers Sindicato.
Na perspectiva da classe trabalhadora, é uma grande perda para a cidade, segundo a coordenadora do Ensino Médio do Pelotense, Ana Lúcia Pinto de Almeida. “Nossa escola é completa. As crianças entram no pré e muitos têm irmãos em outras turmas, o que mantêm eles no educandário, oportunizando aos pais a volta às aulas no EJA (Ensino para Jovens e Adultos) ou no Normal”, justifica. Mas a preocupação de Ana e de muitos professores vai além do vínculo entre aluno e professor. “Temos que considerar as condições das escolas estaduais, sem querer julgar o mérito da questão. Mas toda vez que há um problema, como um processo longo de greve, é perceptível o aumento de matrículas no Pelotense”, apontou.
Em resposta a essa preocupação, ou seja, absorver a demanda dos cerca de 700 alunos do Ensino Médio, mais os do Normal, a assessoria de Comunicação da Secretaria Estadual de Educação (Seduc) respondeu apenas que a rede está apta.
Na avaliação de professores e alunos, o Gato Pelado tem estrutura de colégio particular e, com todos seus problemas, ainda oferece um ensino de qualidade, oportunizando aos estudantes competirem em processos seletivos ou através do Enem nas grandes universidades públicas. Ana diz que poderia ficar toda a manhã justificando as vantagens, entre elas o atendimento a alunos especiais na sala de recursos e o apoio às acadêmicas em licenciatura através dos estágios, mas prefere focar no que vai ser feito de toda a estrutura do prédio. “As crianças não podem estudar à noite”, lembrou. A alternativa seria fazer um convênio entre Município e Estado, para que todo recurso humano e físico fosse aproveitado. Mas ela lembra que ainda foi aberta a porta para o diálogo.
Manifestações
O apoio nos três temas levados para aula na rua teve diferentes depoimentos, alguns emocionados, como o de uma professora que se disse orgulhosa em ver os jovens lutando por uma causa tão importante como a educação. Pelo Cpers, o recado foi de que uma comissão participou na manhã desta quarta-feira do ato público em frente ao Palácio Piratini, e dia de paralisação pelo reajuste de 14,95% para todos os educadores, além do pedido de apoio na Assembleia Legislativa para que os deputados se mobilizem e façam cumprir a lei do piso do magistério.
A estudante do 3º ano do Ensino Médio, Lívia Martins Silveira, 17, diz acreditar que a “desculpa” apresentada pelo Poder Executivo sobre a não obrigatoriedade de oferecer o Ensino Médio não quer dizer que o governo não possa seguir com ele. “A justificativa é que vão poder abrir mais vagas para a educação Infantil e Ensino Fundamental para estudantes de diferentes bairros, que mal conseguem transporte. Só vão dificultar as coisas. O Ensino Médio do colégio é histórico e há uma pressão muito grande para mantê-lo”, avisou. “Nós, estudantes, merecemos um ensino de qualidade como do Pelotense.”
Com quase três mil alunos e um quadro de professores chegando a 300, a professora de Inglês, Fernanda Schlee, estranha a possibilidade de encerramento, uma vez que o Pelotense surgiu para atender alunos do Ensino Médio e isso o coloca numa posição diferenciada das demais escolas. “Não é hábito receber as ordens sem discuti-las”, considerou.
A diretora do Pelotense, Graciane Pereira, lembrou das dificuldades em implementar o Novo Ensino Médio, pois teria que ser com o que a escola tinha, sem nada a mais. “Mas colocamos em prática, o que foi fora do ideal, pois falta muito para atingir o que se deseja para uma escola.” O trabalho foi para atender às 21 turmas dentro do Ensino Médio e que irão acabar. “Este ano não abrimos vagas para o Normal. Já as turmas de primeiros, segundos e terceiros seguem, mas continuamos com a faca no pescoço para 2024”.
Por enquanto
A garantia de quem está matriculado no Pelotense de completar o Ensino Básico vem da Secretária Municipal de Educação e Desporto (Smed). A titular da pasta, Adriane Silveira, explica que a Smed trabalha para viabilizar a manutenção dessa etapa na escola, apesar de ser responsabilidade do Estado. “A única orientação é de que as vagas do Ensino Médio do Colégio Pelotense sejam destinadas somente aos alunos do Ensino Fundamental matriculados na própria escola, não abrindo vagas para alunos de outras unidades de ensino.” Ainda de acordo com Adriane, o quadro de docentes da escola permanecerá atendendo essa etapa da escolaridade.
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