Problema
Burocracia impede reformas em escolas estaduais de Pelotas
Colégios Félix da Cunha e Parque Obelisco estão com ambientes interditados por oferecerem risco aos alunos
Jô Folha -
Duzentos e quarenta e quatro dias depois de o Diário Popular mostrar a situação precária e perigosa de duas escolas estaduais de Pelotas, nada avançou. Pelo contrário, a ação do tempo castiga cada vez mais a estrutura dos prédios do Colégio Estadual Félix da Cunha e da Escola Estadual de Ensino Fundamental Parque do Obelisco, que abrigam centenas de estudantes. A resposta para tanta inércia está na burocracia, uma vez que em 2019 já haviam promessas de obras para ambos os educandários.
Desde que o muro aos fundos do Parque do Obelisco caiu, há quatro anos, o tempo que os alunos permanecem na escola é como se estivessem encarcerados, dependendo do ponto de vista. Para evitar a invasão de criminosos, portas e janelas são protegidas por grades e cadeados, enquanto da quadra esportiva restam apenas as traves de futebol abandonadas. Os atuais 315 estudantes, divididos em três turnos, passam os intervalos espalhados pelos corredores ou na biblioteca.
De acordo com a direção da escola, a rachadura na parede do banheiro térreo, com acessibilidade, construído há quatro anos, só aumentou em sete meses (quando citada em matéria do DP). "Pelo perigo que a estrutura oferece, decidimos interditar o local", diz uma das integrantes da direção, que prefere não ser identificada. Como resposta às demandas, representantes do educandário dizem que a situação do muro está na justiça e que a obra do banheiro está com a 5ª Coordenadoria Regional de Obras Públicas (Crop).
A história em ruínas
Também com acesso restrito estão os 540 alunos do Colégio Félix da Cunha. A escola centenária tem como sede prédio histórico, um dos mais bonitos da cidade, que pertenceu à família Ribas, mas que está em estado decadente, na iminência de desabar parcialmente. A entrada pela rua Benjamin Constant está interditada desde 2017 e, de lá pra cá, nada foi feito. Com o porão interditado, a direção da escola achou melhor não acessar o local, cada vez mais deteriorado pelas infiltrações que atingem o contra piso.
A sala de entrada do prédio ainda guarda troféus e vitrais do século passado, ambos intactos. Diferentemente do madeiramento e do mofo das paredes que remetem ao cenário de abandono. A peça está fechada, pois dá acesso a outro ambiente que já perdeu forro para a ação do tempo, e deixa exposta toda a fiação elétrica e o madeiramento que sustentam as telhas. Ao lado, onde fica a secretaria, nas portas da janela, os buracos são tapados com papelão para proteger os funcionários do frio.
A parte externa oferece maior risco. No piso do alpendre já é visível o desnível e a recomendação é de não pisar. Da estrutura, apenas a escadaria permanece conservada. Já o gradil está todo enferrujado. A diretora Rejane Monteiros explica que a escola recebeu uma verba do Agiliza RS (repasses extraordinários para autonomia financeira das escolas de educação básica e profissional, para pequenos reparos), que será investida na manutenção da parte elétrica, piso e outras demandas emergenciais. "O prédio é inventariado e não podemos mexer em sua estrutura", explica.
Cobranças
No início de dezembro de 2021, a situação desses dois prédios resultou em dossiê elaborado pelo do Cpers e entregue ao governo. De acordo com o diretor do 24º Núcleo do sindicato, em Pelotas, Mauro Amaral, cobranças têm sido feitas diretamente à Secretaria Estadual de Educação (Seduc). "Infelizmente a burocracia do Estado e a não prioridade à educação pública ainda não têm dado resposta a estas necessidades."
O que diz a Seduc
Em nota, a Seduc informou que na escola Parque do Obelisco a reforma geral, orçada em R$ 146 mil, que em dezembro estava em fase de elaboração de aditivo, atualmente passa por novo processo licitatório. A reforma da rede elétrica e reconstrução do muro, orçadas em R$ 190 mil, avançou da análise para a atualização dos elementos técnicos para realização de nova contratação. Já para a reforma do muro da frente, ainda sem orçamento, será elaborado projeto.
Na escola Félix da Cunha, a reforma parcial do prédio principal, orçada em R$ 366 mil (mesmo valor de dezembro de 2021), está em fase de assinatura de ordem de reinício do serviço.
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