Criminalidade
Busto de Getúlio Vargas é furtado
Monumento de bronze foi construído em 1928 e estava localizado no Centro
Jô Folha -
Desde a última quarta-feira, quem passa pela rua 15 de novembro, na esquina com a praça Coronel Pedro Osório, em Pelotas, pode perceber a ausência do busto que homenageia o ex-presidente da República, Getúlio Vargas. O monumento foi furtado durante a madrugada e o crime está sob investigação da Polícia Federal (PF) por se tratar de uma área de patrimônio histórico tombado.
De acordo com a equipe da Secretaria de Cultura (Secult), que é a responsável pelo patrimônio monumental da cidade, o furto foi observado já no início da manhã do dia 27. De imediato, a pasta notificou a PF, a Polícia Civil e a Guarda Municipal, que participam da apuração dentro de suas esferas.
O delegado da Polícia Federal em Pelotas, Robson Robin, conta que metais como o bronze - material da estátua - acabam sendo destaques entre os furtos em função dos valores mais altos na hora venda. Especificamente sobre o crime, Robin explica que está na fase de identificação de autoria. "Já fizemos as diligências. A ação ocorreu por volta das 3h, mas havia muita névoa na hora, o que atrapalha na identificação", diz, relatando as características das imagens a que já tiveram acesso.
Outro ponto destacado pelo delegado é a possível relação entre os crimes e o atual momento econômico. "Na nossa esfera de competência temos percebido um aumento no número de furtos e, pela crise, há um empobrecimento geral da população", afirma.
O monumento
A estátua desaparecida foi feita pelo escultor português Rodolfo Pinto do Couto. Ela foi inaugurada, primeiramente, na praça da Alfândega, no Porto, em 1928. "É um busto em bronze de excelente qualidade, homenageando Getúlio Vargas, feito na época em que ele foi ministro da Fazenda do Brasil, entre novembro de 1926 e dezembro de 1927", conta o jornalista e ex-secretário nacional da Cultura, Henrique Pires, relembrando que, em janeiro de 1928, Vargas sucedeu Borges de Medeiros no governo do Estado.
Pires explica que a maior parte das homenagens em bronze ao ex-presidente é posterior a 1930, quando ele assumiu o governo federal, após a Revolução. "Isso tornou essa estátua desaparecida em algo raro: foi feita antes de Getúlio ser governador, ditador e presidente da República", fala.
Nos anos 90, por iniciativa da bancada do PDT na Câmara de Vereadores, o busto foi colocado no seu lugar atual para fazer conjunto com outro monumento: a carta-testamento do ex-presidente, escrita momentos antes de seu suicídio. A carta em bronze ficava fixada numa pedra irregular na praça central e também foi furtada. Em 2007, a placa se tornou de alumínio - pelo material ser mais barato e para evitar que fosse novamente subtraída - e passou a fazer dupla com o busto, na 15 com a praça. Em 2016 o símbolo varguista desapareceu novamente e, em 2018, foi recolocado. Dessa vez, de acrílico, mas acabou furtada novamente.
Crimes semelhantes em Rio Grande
Em março de 2021, o monumento em homenagem ao Barão do Rio Branco, localizado na praça Sete de Setembro, no Centro de Rio Grande, também teve parte furtada. A estátua contava com uma poltrona de bronze na parte posterior. Na época, o Executivo rio-grandino reforçou o policiamento na área e comprometeu-se com a instalação de câmeras. Até agora a poltrona não foi localizada.
No mês passado, foi a vez da estátua de Brigadeiro Silva Paes, na praça Xavier Ferreira. Um homem furtou um dos braços de uma das figuras que fica ao lado do monumento do fundador da cidade. A Guarda Municipal flagrou a ação e capturou o responsável pelos danos. O homem de 31 anos foi encaminhado à delegacia e autuado em flagrante. A peça foi recuperada e entregue à Secretaria de Cultura do município.
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