Por Victoria Meggiato
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Uma história com final feliz. O feriado de Réveillon seria mais um dia de trabalho qualquer para Roberta Cavalheiro, funcionária do pedágio na praça do Retiro. No dia 1º, ela presenciou a cena de uma cadela já idosa perdida em meio aos carros e, percebendo que ela não tinha donos, resolveu adotar o animal. Agora, Dori, nome escolhido pela família, tem um novo lar repleto de amor junto de Roberta, seu marido e os filhos.

Era manhã de segunda-feira, horas depois da entrada de 2024, quando funcionários do pedágio se depararam com um animal perdido, assustado e em meio aos carros. Roberta, que estaria de folga mas foi trabalhar naquele dia, chegou no final da tarde, por volta das 18h, e presenciou a cena. Como forma de evitar que a cachorra fosse atropelada, resolveu colocá-la para dentro do refeitório. "Fui lá, dei uns salgadinhos para ela ficar lá no fundo, só que eu já estava assumindo o turno, eu pegava às 18h15min", conta. Muito dócil mas ao mesmo tempo amedrontada, Dori acabou conquistando a todos, principalmente Roberta, que decidiu levá-la para casa.

Sem carro e com o turno de trabalho começando, Roberta ficou preocupada em como iria levar o animal embora. Foi então que a colega Aline Couto, que já havia trabalhado e estava indo embora, se ofereceu para ajudar. "Ela trouxe para a casa dela e eu busquei no outro dia", diz Roberta. Aline, que ganhou o título de madrinha de Dori, fala sobre o amor que sentiu quando passou a primeira noite com o animal. "Ela não late, não chora, só pede carinho".

Abandonos são comuns no pedágio

A cadela, já idosa, aparenta ser bem alimentada e cuidada. De acordo com Roberta e Aline, ninguém viu ela ser abandonada, mas os indícios são de que provavelmente isso tenha acontecido.

Segundo as funcionárias, o abandono de animais no pedágio é frequente durante o ano todo. "Muitos animais são resgatados por nós, a empresa nos dá suporte muitas vezes até para a gente conseguir trazer eles. Não é porte pequeno, médio, grande... São todos os tamanhos, caixas com filhotes, é muito triste", lamenta Aline.

Viagens no verão

Com o período de férias, é mais comum que famílias saiam para viajar e não levem seus animais de estimação. Sem ter com quem deixar durante o período, alguns acabam abandonando seus pets. Entretanto, a situação não é comum somente no verão, mas em qualquer época do ano. "Com o aumento da temperatura, a demanda por alimentação, ingestão hídrica e medicações aumentam nos pets, porém não é um fator sazonal. O abandono infelizmente ocorre em qualquer estação do ano, por pessoas que não tem capacidade de amar um animal", afirma o médico veterinário Renan Stefanello.

De acordo com ele, tutores que viajam e deixam os animais em casa, devem se responsabilizar por deixar uma pessoa cuidando deles, seja um pet sitter, um familiar ou um amigo de confiança. "Cuidados como alimentação, água, medicações e passeios devem sempre ser regulares nessa situação, diminuindo o estresse do animal por estar longe de seu tutor", explica.

Para que esse tipo de situação de abandono não ocorra, o veterinário destaca que, quem decide adotar um animal deve estar ciente das responsabilidades. "Quando for adotar um animal, não hesite em amar, dar carinho e cuidar. Se for adotar, jamais abandonar, pois eles se tornam emocionalmente dependentes dos tutores".

Denúncias

Ao se deparar com um animal abandonado, algumas medidas podem ser tomadas para ajudar. "Se possível, adotar o animal que está sozinho. Se não for possível adotar, dar alimento, água e carinho. Tirar fotos e postar nas redes sociais ajuda também para o pet encontrar uma família que lhe dê muito amor e carinho", diz o veterinário.

Quem presenciar uma situação de abandono de animais também pode denunciar através do número da ouvidoria da Prefeitura de Pelotas, 156, ou pelos telefones da Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA): (53) 3227-1642 e (53) 3227-5442.