Educação
Caravana da Seduc explica implementação dos itinerários formativos em Pelotas
Representantes de 27 municípios da 5ª, 13ª e 18ª CREs lotaram o Theatro Guarany em busca de esclarecimentos sobre o novo Ensino Médio
Jô Folha -
O encerramento da caravana de encontros com os seis polos de cobertura das 30 Coordenadorias Regionais de Educação (CREs), no Theatro Guarany, foi palco de muitas discussões sobre o novo sistema de Ensino Médio. O seminário que precede a oferta dos itinerários formativos aos alunos do 1º Ano, no início de setembro, objetiva esclarecer com diretores, supervisores, coordenadores pedagógicos e servidores da 5ª, 13ª e 18ª CREs de Pelotas, Bagé e Rio Grande, respectivamente, as diretrizes a serem adotadas a partir do próximo mês. A abertura do evento foi com a Orquestra do Ginásio do Areal com a apresentação de Stand By Me e Aleluia, impressionando os espectadores. A permanência de alguns integrantes do grupo instrumental, mesmo cursando uma universidade, foi usado de exemplo pela secretária estadual de Educação, Raquel Figueiredo Teixeira, como motivação à permanência dos jovens na escola, exatamente o que trata a nova dinâmica do Ensino Médio.
Por ser considerado um grande desafio, a titular da 5ª CRE, Alice Maria Szezepanski, em seu discurso de abertura desejou que fosse um evento leve, uma vez que o tema trata de direcionamentos das ações que vão impactar diretamente na vida dos jovens estudantes das escolas e dos professores, representados no evento. Por isso, ela pediu que fosse um momento de escuta, de fala, de ponderação e de reflexão para poder levar o melhor do projeto aos educandos.
Raquel Teixeira fez fala mais longa, pois tentou explicar ao público que o momento é de transformação e de adaptação. Com dados de uma pesquisa de 2018 que buscou saber por que os alunos abandonam as escolas, 47% responderam que é por falta de motivação intrínseca. "Ou seja, para o estudante não fazia sentido o que ele fazia na sala de aula e o que ele quer fazer como profissional. Isso é resultado do descolamento da escola com a vida real", constatou. A secretária está ciente de que diretores de escolas terão problemas e que ajustes precisarão ser feitos. "Vão ter professores dizendo que se formaram em Geografia e terão que dar aula de Projeto de Vida. Mas acho impossível eles não fazerem essa mudança. Tiveram capacidade para se adaptar ao sistema de aulas remotas e híbridas. É difícil. É a mudança mais profunda que estamos fazendo na educação, mas a tecnologia se incorporou de vez à rotina e, ou a escola absorve essa realidade ou ela vai ser atropelada".
Para tranquilizar o público, Raquel garantiu que cada caso que surgir será debatido. "Não podemos ficar assustados. Devemos ter serenidade, analisar o cenário e buscar os caminhos. Temos que lidar com dados e não com achismo." O que a secretária se refere é exemplificado pela Escola de Ensino Médio Silvério da Costa Novo, de São José do Norte (18ª CRE). A diretora Verônica Cunha Barcelos fala que a realidade da instituição é única. "Fica distante 20 quilômetros da cidade e atende a comunidade com tendência familiar e itinerante, pois trabalham com a pesca. A nossa preocupação é que itinerário oferecer a esses alunos?" Verônica é a favor da mudança, mas ao mesmo tempo teme como se dará. "Estamos recebendo tudo muito pronto, sem discussão com a comunidade escolar".
A mesma preocupação vem da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Alberto Wienke, que fica no 2º distrito de Canguçu. A diretora Marlei Borchardt Schroder conta que o educandário, com 228 alunos, têm características rurais, o que não impede que os estudantes desejam seguir outras áreas. "Essa é a nossa preocupação, como vão ser escolhidos os itinerários formativos, pois não podemos direcionar somente para o setor agrícola", comentou. Outra dúvida que, durante à tarde, Marlei tentaria sanar é saber se o Estado terá condições de arcar com recursos humanos e físicos. "Hoje estamos com a sala de laboratório desmontada. Se o aluno escolher a área de Ciências, ou até mesmo fazer uma pesquisa sobre análise de solo, não temos atualmente estrutura para disponibilizar", relatou. A dificuldade da direção, no momento, é encontrar professores que tenham aptidões para ministrar as aulas complementares, conforme foi orientado pela CRE. "Será que vamos ter profissionais capacitados para colocar em prática o novo Ensino Médio? Por que hoje está tudo no papel?"
Dinâmica
À tarde, o espaço foi dedicado à apresentação do formato do Ensino Médio Gaúcho aos participantes que tiveram oportunidade de perguntar diretamente ou através de aplicativo. Um dos temas abordados foi o itinerário formativo, que representa a parte flexível do currículo do Ensino Médio e pode ser escolhido pelos estudantes ao final do 1º Ano, a partir do desenvolvimento das reflexões, práticas e atividades desenvolvidas para suscitar autonomia e protagonismo. O próximo passo é colocar em prática as ações em até seis meses, quando se inicia uma nova fase do Ensino Médio mais flexível.
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