Uma casa em situação de abandono tem causado sensação de insegurança nos moradores dos arredores do local há cerca de três anos. Situada na rua Doutor Rasgado, no Bairro São Gonçalo, o imponente imóvel de três andares virou ponto de descarte de lixo e de invasões por parte de supostos usuários de drogas. No final de abril, um incêndio ocorrido dentro da residência foi mais um motivo para intensificar a preocupação dos vizinhos, que recorreram inclusive à Defesa Civil.

Os buracos com partes de materiais de construções expostos onde deveria haver esquadrias exemplifica o que vem ocorrendo na casa. Conforme relatos os furtos de componentes ocorriam inclusive à luz do dia e até mesmo os fios da rede elétrica embutidos dentro das paredes foram retirados. Somado a esse problema começaram a surgir outros, como a presença cada vez mais constante dos invasores dentro e no entorno do local.

Atualmente, o portão da casa está aberto na medida exata para uma pessoa entrar facilmente na residência e a propriedade de 127 metros quadrados está completamente tomada pelo lixo e por resquícios do recente incêndio. "Provavelmente vão colocar fogo de novo. Eu tenho uma tia que é especial e ela não quer mais ficar em casa, a gente mora bem pertinho dali e temos medo", conta um vizinho.

Morador ao lado, ele comenta que a senhora que residia no local não tinha mais condições de arcar com o pagamento do financiamento e abandonou a propriedade. A casa foi reintegrada pela Caixa Econômica Federal desde então.

Trancada

Com 83 anos, a aposentada que reside a poucos metros mantém constantemente a fachada de casa com as grandes trancadas e em nenhuma hipótese ela sai na rua após o anoitecer. "Dorme não sei quantas pessoas aí dentro [casa abandonada], ainda mais com esse banditismo, pode passar alguém, uma mulher à noite e ser puxada para dentro. Tudo escuro, está perigoso", diz.

A senhora conta ainda que o incêndio teria iniciado após os invasores terem ateado fogo em um colchão dentro da casa. "Eram 8 horas da manhã esfumaçava que parecia pneu queimando, a fumaça saía por tudo eu até me assustei. Imagina se pega fogo no vizinho do lado, vai pegando nas outras porque são todas coladas [as casas]".

Para ela, a solução do problema deveria ser imediata com o fechamento de qualquer passagem que possibilite a entrada na propriedade. "Ainda se fosse só para entrar e dormir quietinhos, mas não é isso, acontece de tudo".

Ambos entrevistados não quiseram ser identificados por temerem represálias por parte dos invasores.

Risco a crianças

Por se tratar de uma rua com a presença de muitas crianças, durante o dia é comum que grupos de amigos com idades entre seis e dez anos brinquem ao redor e ainda entrem na casa.

Inspeção

Preocupado com as condições da residência após o incêndio, um dos moradores acionou a Defesa Civil. Na inspeção, conforme o coordenador do órgão em Pelotas, Tenente Paulo Santos, foi constatado que não há nenhum risco de colapso estrutural. Além disso, foi solicitada a Secretaria de Gestão e Mobilidade Urbana o envio de uma notificação a Caixa, responsável pelo imóvel. "Em relação ao fechamento do local e uma avaliação técnica, já que a casa foi incendiada", explica.

Notificação

De acordo com a secretária de Gestão da Cidade e Mobilidade Urbana, Carmen Vera Roig, perante a situações como a da casa, a Prefeitura pode, apenas, notificar o proprietário do imóvel para que tome providências a respeito dos problemas, o que foi feito.

Vistoria e posicionamento da Caixa

Segundo a Assessoria de Comunicação da Caixa, a engenharia credenciada foi acionada visando à realização de vistoria no local. A partir da conclusão do laudo técnico, deverão ser adotadas as providências pertinentes. O banco esclarece ainda que o bem é oriundo de garantia de alienação fiduciária consolidada em favor da Caixa em decorrência de descumprimento contratual.