Alerta

Casos de Covid aumentam 126% em duas semanas

Monitoramento em Pelotas indica alta também em internações hospitalares

Leandro Lopes -

Nas últimas duas semanas, Pelotas registrou quase três mil novos casos de Covid-19, um crescimento de 126,33% no comparativo de 29 de abril a 12 de maio. Nesse período foram constatadas 16 mortes pela doença, o que acende a luz de alerta para as autoridades da saúde, mesmo que o Estado mantenha a emissão de Aviso (dentro do sistema de 3As - Aviso, Alerta, Ação) para a região pela segunda semana consecutiva. A prefeitura diz estar atenta, mas ainda não há definições sobre adotar medidas restritivas e que os hospitais estão absorvendo a demanda. Ontem, 43 leitos estavam ocupados, sendo seis deles de UTI.

A curva crescente no município passou a ser observada um dia antes do Estado publicar decreto que tornou facultativo, em 28 de abril, o uso de máscaras em vias públicas e espaços públicos ou privados, ao ar livre ou em ambientes fechados. Nesse dia foram 99 casos. Porém, o quadro mudou e ontem constatou-se mais três mortes causadas pelo coronavírus, totalizando 16 em duas semanas e 1.416 desde o início da crise sanitária.
No início do mês 600 pessoas estavam em isolamento; agora quase três mil pelotenses deveriam estar em casa para evitar a transmissão do vírus. O presidente do Comitê Covid-19 da UFPel, Marcos Britto Correa, diz que a flexibilização de todas as medidas pode ter chegado como mensagem para a população de que a pandemia acabou. “Isso levou ao relaxamento nos cuidados. O uso de máscaras em locais fechados, principalmente em locais de aglomeração, como escolas, universidades, comércio, cinemas, shows, deveria ser mantido.”

Para Correa, a sensação de fim da pandemia após o encerramento da emergência sanitária, decretado pelo governo federal, também levou as pessoas a deixarem de buscar a vacinação. “Hoje temos apenas 37% das crianças com esquema vacinal completo e 67% dos adolescentes. Nos adultos, há 32% com a dose de reforço atrasada, representando mais de 75 mil pessoas. O esquema vacinal completo, com a dose de reforço, é fundamental para conter a disseminação do vírus”, lembra. Conforme o professor, o pico da Ômicron ocorreu há quatro meses, sendo que a maioria das pessoas recebeu a vacina há seis meses, o que representa uma baixa imunidade contra a Covid-19. “Uma quarta dose deve ser disponibilizada para além da faixa dos 60 anos. Junto a isso, deve-se investir fortemente em campanhas para mobilizar a população a tomar a dose de reforço.”

Gripe ou Covid?
Secretária municipal de Saúde, Roberta Paganini pondera que o aumento da taxa de transmissão (RT), que na quarta-feira atingiu 1.24, provavelmente se deu pelo aumento súbito do número de pessoas positivadas para Covid-19 após período de estabilidade. “Isso já havia sido observado em janeiro. Se esses números se estabilizarem novamente, ainda que em um patamar mais alto, a RT voltará a cair.” A gestora aponta ainda que, apesar das medidas menos restritivas no momento, é importante que pessoas com sintomas gripais façam o devido isolamento e usem equipamentos de proteção.

Para seguir à risca o isolamento, a população que está no mercado de trabalho precisa de justificativa para tal afastamento. Com isso, aumentou a procura nos postos sentinelas (PAM Fragata, Salgado Filho, CSU Cruzeiro e Leocádia). Pelo protocolos, apenas pessoas sintomáticas podem ser testadas na rede pública. A reportagem conversou com usuários de uma destas UBSs e ouviu relatos de que quem está sem sintomas, mas com receio de estar contaminado, acaba por omitir essa informação para garantir atendimento. “Aqui estão distribuindo 30 fichas pelas manhã e 30 à tarde”, disse uma pessoa que estava na fila de espera.
A chegada dos meses mais frios também causa certa confusão da população em relação à distinção de sintomas alérgicos, gripais e de Covid, pois são similares, observa Correa. “É importante que pessoas com sintomas busquem a testagem. Não se trata de loteria. A normalização de sintomas está fazendo com que muitos não realizem o teste e sigam frequentando os ambientes, ocorrendo a transmissão. Particularmente isso é importante nas crianças, que estão nas escolas, sem máscaras, e com dois terços sem esquema vacinal completo.”

Internações
Pelo Painel Covid, as internações neste mês mantiveram a média de 30 leitos ocupados, com oscilação para mais nos últimos quatro dias, sendo que na terça-feira 52 estavam ocupados, sendo nove na UTI.
No momento, a SMS e a Secretaria de Educação e Desporto (Smed), em conjunto com o Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE-E), estudam a necessidade de adoção de novas medidas de controle do vírus. Já relatos dos epidemiologistas da 3ª Coordenadoria Regional de Saúde, durante a reunião realizada na tarde de ontem com os prefeitos da Azonasul e o Comitê Técnico Regional de Enfrentamento à Pandemia, apontam para uma possível quarta onda de casos de Covid-19. A entidade irá solicitar a liberação, junto ao governo estadual, para a vacinação da quarta dose nos profissionais de saúde da região. O Comitê Técnico também emitirá parecer para recomendar a utilização de máscaras em ambientes fechados. “Não é um decreto. Ainda não é uma obrigatoriedade. Mas, sim, um pedido de conscientização à população. Estamos observando o crescimento de casos e um cenário muito parecido com o início da pandemia. O resto do roteiro já sentimos na pele. Por isso esse apelo”, diz o vice-presidente da Azonasul e prefeito de Chuí, Marco Antônio Barbosa (União Brasil).

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Pelotas tem representantes no F1 in Schools Anterior

Pelotas tem representantes no F1 in Schools

Prefeitura encaminha proposta ao Simp Próximo

Prefeitura encaminha proposta ao Simp

Deixe seu comentário