Violência
Casos de estupro aumentaram durante a pandemia em Pelotas
Estudo da UCPel sugere que os casos podem ser ainda mais numerosos, já que o isolamento dificulta a realização das denúncias
Divulgação -
Durante o período de isolamento, o número de mulheres que sofreram estupro aumentou em 15,2% em Pelotas no comparativo entre 2021 e o ano anterior. É o que aponta a pesquisa "Violência contra a mulher em Pelotas: análise do período pandêmico", elaborada pelo Grupo Interdisciplinar de Trabalho e Estudos Criminais-Penitenciários (Gitep) do Programa de Pós-Graduação em Política Social e Direitos Humanos (PPG-PSDH) da Católica de Pelotas.
De acordo com dados analisados pelo programa, em 2021 foram registrados 53 casos de estupro frente a 46 no ano anterior e 43 em 2019. O estudo revela uma situação preocupante: a violência contra a mulher está em crescimento na cidade.
De acordo com Marina Madruga, pesquisadora e responsável pelo boletim técnico publicado pelo Gitep, para a análise o grupo utilizou dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Rio Grande do Sul.
Também conforme a pesquisa, em 2021 houve uma redução no número de denúncias de casos de ameaça. Das 802 registradas em 2020, despencaram para 579 em 2021. Em contrapartida, os dados do primeiro quadrimestre de 2022 sugerem que o ano poderá fechar com aumento dos casos.
No primeiro quadrimestre de 2021 foram registrados 217 casos. Em 2022, nos quatro primeiros meses do ano já foram notificados 275. "Em 2022 houve um aumento de quase 27% dos registros desses crimes, o que pode vir a nos indicar que o ano de 2022 poderá apresentar uma elevação nos casos se seguir o ritmo em que está. Mas é preciso continuar acompanhando os dados da Secretaria", aponta Marina.
Feminicídio tem percentual inalterado, mas preocupa especialistas
De acordo com a pesquisa do Gitep, analisando os dados entre 2019 e 2021 é possível identificar que os casos de feminicídio no período de 2020 a 2021 se mantiveram com o mesmo percentual em casos consumados. Houve, no entanto, o dobro de tentativas de feminicídio no ano de 2021, se comparado com 2020.
Marina explica que o grupo já realizou pesquisas em várias áreas como assédio coletivo e no local de trabalho. E, por conta da pandemia, resolveu dar mais uma vez visibilidade ao tema e tem planos de seguir acompanhando esses dados para que seja possível elaborar novos boletins sobre o assunto.
Casos podem ter sido subnotificados por conta da Covid-19
O boletim aponta que há indícios de que o número de casos de violência contra a mulher estejam sendo subnotificados no período da pandemia, já que - estando em isolamento - muitas mulheres não conseguem denunciar os seus agressores.
Marina lembra que a violência contra a mulher é um tema sensível e que há um silenciamento dessas vítimas, o que acaba propiciando as subnotificações, dificultando que se tenha uma noção real do cenário dessas violências. Além disso, também de acordo com a pesquisadora, dados apontam que muitas denúncias são feitas de maneira informal nas redes sociais. "Há especialistas que vêm apontando que os dados oficiais não irão demonstrar a realidade da violência contra a mulher e que o índice é mais elevado", explica.
A pesquisa também observa que, embora tenha havido ações pontuais durante a pandemia de Covid-19, para que as mulheres tivessem o apoio e informações para identificarem essas agressões, essas políticas públicas possuem acesso limitado, o que faz com que não seja possível mensurar o quanto a violência doméstica impactou a vida das mulheres em Pelotas.
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