Estatística
Censo 2022 começa na prática
Pesquisa, que coleta dados de toda a população do país para traçar o perfil dos brasileiros, chega com dois anos de atraso por causa da pandemia
Carlos Queiroz -
Com dois anos de atraso, por causa da pandemia da Covid-19 e de dificuldades orçamentárias, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) finalmente iniciou o Censo 2022. A pesquisa, que pretende visitar todos os domicílios do país, é feita a cada dez anos para traçar o perfil detalhado da população, cidades e comunidades. Por isso, respondê-lo é essencial. E nesta segunda-feira (1°) mesmo, no primeiro dia de recenseamento, alguns moradores de Pelotas já foram visitados pelas equipes.
No início da tarde, o Diário Popular acompanhou o trabalho do agente censitário municipal Rubens Ramos. Ele explicou um pouco de sua rotina, que consiste em duas etapas: primeiro, percorrer o percurso (sempre atendendo os domicílios do lado direito da rota), cadastrando os endereços e incluindo novos que possam ter surgido. Na sequência, começam as visitas para a aplicação de perguntas. Elas também podem ser de dois tipos: questionário básico, com 26 questões, ou de amostra, com 77 perguntas e que compreenderá 11% dos domicílios. A escolha por qual tipo é feita pelo aplicativo do IBGE. É impossível para o recenseador definir ou modificar esse detalhe.
Uma das primeiras pelotenses a responder o questionário desta edição do Censo, Clara Maria Castro, moradora do Centro, ressaltou a importância de participar do que considera um ato cívico. "É muito importante (...) é uma maneira de direcionar os recursos em diversas áreas", pondera. Ela destaca ainda que as perguntas são tranquilas, rápidas (sua entrevista, do questionário básico, durou cerca de 10 minutos). Os dados são totalmente sigilosos, já que a coleta é totalmente digital, inserida em um sistema criptografado, ao qual nem os recenseadores têm acesso. Perguntas sobre finanças podem, inclusive, ser preenchidas diretamente pelo cidadão no sistema.
Comunidade receptiva
A coordenadora do IBGE em Pelotas, Tatiana Gautério, explica que a agência atende 13 municípios da região, com cerca de 650 recenseadores, além de 43 supervisores. Arroio do Padre, Arroio Grande, Canguçu, Capão do Leão, Cerrito, Herval, Jaguarão, Morro Redondo, Pedro Osório, Piratini, São Lourenço do Sul, Turuçu e Pelotas são as cidades. Esta última é dividida em cinco postos de coleta, com cerca de 300 recenseadores. A expectativa é de que o trabalho dure cerca de quatro meses, com visita a 100% dos domicílios de todas as cidades do país.
Ela destaca a importância do Censo para a definição de políticas públicas nos próximos anos. Por isso, é importante participar. Pontos como quantos médicos terão em uma região, verbas destinadas e até a composição das Câmaras de Vereadores são definidos pelas estatísticas do Censo. "Participar é um ato de cidadania", declara. Já o agente Ramos ressalta que a comunidade costuma conversar bastante e até indicar pontos que julgam importantes. Mesmo quando há certa resistência por parte de algum cidadão, eles dialogam, explicando que o trabalho do IBGE não é ligado a governos, mas sim à coleta de informações para traçar o perfil do país. "Mas, no geral, a gente tem uma resposta muito boa", garante.
As perguntas
O site do IBGE informa que o questionário básico traz perguntas sobre identificação do domicílio, informações sobre moradores, características do domicílio, identificação étnico-racial, registro civil, educação, rendimento do responsável, mortalidade e dados da pessoa que prestou as informações. Já o ampliado investiga também informações sobre trabalho, rendimento, casamento, núcleo familiar, fecundidade, religião ou culto, pessoas com deficiência, migração interna e internacional, deslocamento para estudo, deslocamento para trabalho e autismo.
Zelo pela segurança
Todos os recenseadores do IBGE estão identificados com boné e colete, além do crachá de identificação, com um QR Code para o qual o cidadão pode apontar a câmera do celular e confirmar nome e foto do trabalhador. Também é possível checar de maneira online, em http://respondendo.ibge.gov.br ou pelo telefone 0800-7218181. O verso do crachá também traz informações sobre a legislação que garante o sigilo envolvendo os dados coletados. Além disso, as visitas podem ser feitas no pátio ou calçada dos domicílios. Não é necessário ingressar na parte interna dos imóveis.
Um outro ponto ressaltado por Tatiana é de que, por vezes, os horários de visitas podem ser pouco usuais, como final da tarde, início da noite, meio-dia ou finais de semana. Isso acontece pela maior probabilidade de encontrar alguém em casa, já que é bastante comum que os domicílios fiquem vazios em horário comercial.
Saiba mais
> O Censo responde questões sobre quantos somos, por exemplo. Se no último levantamento, de 2010, éramos 190,8 milhões de brasileiros, hoje estima-se que sejamos 215 milhões. Mas só através dessa pesquisa, existente desde os tempos do Brasil Império, é que as respostas serão certeiras.
> Estima-se que 89 milhões de endereços serão visitados pelas equipes, com 211 mil pessoas trabalhando na coleta de dados.
> Há a possibilidade de responder o questionário de forma remota, por internet ou telefone. Ainda assim, o recenseador irá até o domicílio entregar um código.
> Este será o primeiro Censo a tratar de autismo. Os questionários de amostragem trarão perguntas sobre o tema e também sobre deficiências. O objetivo é produzir informações atualizadas sobre os indivíduos com essas características.
> O investimento para a realização do Censo é de R$ 2,3 bilhões, com 80% destinado à contratação de pessoal.
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