Saúde
Centro de Cuidados Paliativos, que deveria estar pronto desde 2014, segue em construção
Obra se mantém em ritmo lento devido à escassez de recursos; diretora do Hospital-Escola da UFPel, Julieta Fripp, vai a Brasília pressionar pela liberação de verba
Jerônimo Gonzalez -
O Centro Regional de Cuidados Paliativos, que deveria estar de portas abertas desde o final de 2014, segue em construção e sem data para inaugurar. A escassez de recursos coloca os trabalhos em ritmo lento. A estimativa é de que com o investimento de mais R$ 500 mil e o reforço de operários no canteiro de obras, o Hospice pudesse ser concluído até o final do ano. A diretora do Hospital-Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel), Julieta Fripp, estará em Brasília nesta quinta-feira (14), quando tensionará pela liberação de verba.
E os motivos para negociação são nobres: o Centro qualificará a Rede de Cuidados Paliativos, que já conta com os Programas de Internação Domiciliar Interdisciplinar (Pidi) e o Melhor em Casa e com a retaguarda do HE, referência em tratamentos, como os de Oncologia e de HIV-Aids. "Teremos um projeto terapêutico construído entre várias mãos, com as equipes interagindo e um olhar integral sobre o paciente", ressalta a médica. E, o mais importante, diante do desafio de promover qualidade de vida e aliviar sofrimento, os profissionais enxergam cada cidadão sobre quatro aspectos: físico, psicológico, social e espiritual.
Longe por um lado, perto por outro
Ao se chegar a um dos prédios da antiga Laneira, no bairro Fragata, confirma-se a longa lista de tarefas que está por vir, até o Hospice poder entrar em funcionamento. Construção de escada, reboco em paredes, instalação de pisos e acabamentos na maioria das salas, colocação de portas e janelas, finalização dos banheiros, pintura geral e instalação de elevador... É algo a ser cumprido em prazo de aproximadamente cinco meses, desde que com dinheiro para intensificar o ritmo - garante o mestre de obras.
Para equipar a área de 900 metros quadrados, uma boa notícia: o mobiliário e os equipamentos necessários para colocar a Unidade em operação já foram adquiridos e permanecem guardados em depósito do HE.
Entenda melhor
- O Centro Regional de Cuidados Paliativos, o Hospice, será dirigido a pacientes com doenças graves, ameaçadoras à vida.
- O trabalho 100% SUS tomará como base a máxima Ainda que não se possa curar, sempre é possível cuidar.
- A proposta é de que o Hospice possa servir de ponte entre as internações domiciliares e as do HE. Por isso, o serviço ambulatorial oferecido será fundamental. Poderão ser atendidos casos em que o paciente, já em tratamento de doenças graves, sofre intercorrências, contrai uma pneumonia, por exemplo, e através do Centro terá a chance de permanecer mais próximo à família. Afinal, colocar o núcleo familiar no centro das atenções é uma das filosofias dos Cuidados Paliativos.
A estrutura física
- Leitos de internação: de 16 a 20; a fase ainda é de avaliação
- 3 consultórios médicos
- 2 postos de Enfermagem
- Salas de procedimentos
- Sala de reunião de equipe
- Área de convivência de pacientes e familiares
- Auditório
- Almoxarifado
- Copa-cozinha
- Lavanderia
- Garagem
- Valor total a ser investido na obra: R$ 3 milhões
A equipe
- Serão cerca de 40 profissionais, todos já concursados: médicos, enfermeiros, psicólogo, fisioterapeutas, assistente social, terapeuta ocupacional, farmacêutico, educador físico, odontólogo e técnicos de Enfermagem.
Algumas curiosidades
- Sala segura - O ambiente, específico à Tecnologia da Informação (TI), será de ponta. A proteção de dados contra furtos e contra incêndios, por exemplo, pode ser controlada a distância. O projeto, contratado via Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), está em fase inicial, mas não representaria qualquer empecilho para o Hospice começar a funcionar.
- Espaço ecumênico - Uma gruta, que servia de reduto à religiosidade dos funcionários da antiga Laneira, deve ser valorizada, recuperada e virar ambiente especial à reflexão e à meditação de pacientes e familiares.
- Integração com outros cursos da UFPel - A área verde localizada aos fundos do Hospice, que será preservada, poderá servir de fonte de estudo a acadêmicos de Biologia e Zootecnia - projeta Julieta Fripp. E, quem sabe, transformar-se em momento de interação entre esses estudantes e pacientes da Unidade - sonha a médica. Uma horta comunitária e o cultivo de plantas medicinais também estão previstos e devem contemplar parcerias com a Faculdade de Enfermagem. Alunos de Música, de Teatro e de Dança também serão muito bem-vindos para dar vida aos serviços prestados ao longo de 24 horas.
Relembre
O Centro Regional de Cuidados Paliativos é idealizado desde 2008. Em janeiro de 2014, entretanto, foi assinado o contrato para o início da obra viabilizada através do Programa de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf). Um dos prédios da estrutura da Laneira passou a ser restaurado e adaptado para abrigar, então, o Hospice. Esse, aliás, é um dos motivos que ajudam a explicar a demora nos trabalhos. A existência de reservatórios d´água - desconhecidos durante a elaboração dos projetos complementares, já que o local era usado para lavagem das lãs - e o desabamento de uma das paredes acabaram por retardar as obras.
A necessidade de aditivos para elevar os valores de R$ 2,1 milhões para R$ 2,5 milhões e, agora, para R$ 3 milhões também provocou atrasos. E, para piorar, os repasses federais, aos pingados, dificultam, até hoje, o andamento dos trabalhos.
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