Transtornos

Chuva alaga ruas, invade casas e aumenta prejuízos de moradores

Após 95mm em 48 horas, água inundou ruas em diferentes bairros; no Arco-Íris, famílias tiveram de ser retiradas pelos Bombeiros

Foto: Jô Folha - DP - Segundo moradores, essa é a segunda vez em questão de quinze dias em que a situação acontece

A intensa chuva que caiu entre a noite de terça e a manhã desta quarta-feira (26) em Pelotas, com 95 milímetros de precipitação acumulada, mudou o cenário em várias regiões da cidade. Nesta quarta, o dia foi de transtornos para moradores que tiveram suas casas invadidas pela água que se acumulou nas ruas.

Regiões do Areal, Vila Governaço e Colônia Z-3 estiveram entre as mais prejudicadas pelo temporal. Assim como o Arco Íris, nas Três Vendas, onde vias ficaram submersas e três famílias precisaram ser retiradas das casas com o apoio do Corpo de Bombeiros devido ao volume de água acumulada em uma espécie de sanga no final da rua 15 e que tomou conta dos imóveis. As pessoas foram realocadas em casas de parentes até que a situação fosse normalizada.

Conforme relatos de moradores da localidade, é a segunda vez que o problema se repete em duas semanas, já que na passagem do ciclone anterior também houve o alagamento. "A água chegou na altura das camas, perdi tudo", lamentava a higienizadora Cristiana Azambuja, que precisou ser retirada de casa pelos bombeiros às pressas junto com os quatro filhos no final da manhã.

Poucos metros adiante de Cristiana, duas vizinhas recorreram a enxadas para cavar em frente às residências na tentativa de fazer com que água acumulada dentro do pátio e na rua ecoasse mais rápido. Uma delas, Daiane Cardoso, disse que durante o ciclone anterior a água já tinha invadido sua casa, mas com menor intensidade. "Já não tinha muito porque perdemos no ciclone e agora menos ainda", disse, ao contabilizar a perda dos móveis que havia recebido há poucos dias como doação.

Condomínios
Na entrada do loteamento Dunas, próximo aos condomínios Guimarães e Acácias, quem precisava sair de casa para trabalhar logo cedo deu de cara com três quadras de ruas intransitáveis. A água restringia a passagem de pedestres e, dependendo do ponto da rua, chegava a cobrir os pneus dos veículos. Situação ainda mais complicada para quem precisava pegar o transporte coletivo, já que a parada de ônibus tornou-se inacessível.

Com a Rua das Flores completamente submersa, a alternativa encontrada por moradores do condomínio Acácia para conseguir sair foi se segurar aos muros, equilibrando-se em um estreito pedaço de grama ainda seco. A doméstica Maria Dias era uma das pessoas que tentava vencer o percurso. "Tive que vir me agarrando e o muro está meio frouxo ainda. Tenho medo de cair porque tenho problema no joelho." Mesmo com sacolas nos pés, a trabalhadora molhou os tênis e, sem outra alternativa, permaneceria com os pés encharcados por horas, durante toda a jornada de serviço. Há oito anos morando ali, garante que o alagamento não é algo raro, fruto de dias de ciclone. Se repete a cada vez que há uma noite inteira de chuva. "E a gente fica com medo de passar por dentro d'água por causa das doenças e de fios caídos."

Outra residente, Cintia Cardoso, teve que recorrer a uma carona com vizinho para se chegar até um ponto do transporte coletivo, já que na primeira tentativa de sair de casa não conseguiu andar poucos metros a pé. "Tive que voltar para casa porque me embarrei toda e para não passar o dia inteiro molhada", reclamava.

Do outro lado da rua, moradores do residencial Guimarães enfrentaram dificuldades para atravessar a via para chegar à avenida Manoel Antonio Peres. Duas mulheres arriscaram e resolveram levantar as calças até a altura do joelho para cruzar a água com duas crianças no colo. Outra mulher não escondia a indignação por ter perdido o ônibus por não conseguir atravessar a rua alagada a tempo de chegar na parada a cerca de dez metros.

Descarte de lixo e dificuldade de escoamento

Em alguns locais, o acúmulo de água se torna pior devido ao lixoFoto: Jô Folha - DP


Conforme a Secretaria de Serviços Urbanos e Infraestrutura (SSUI), as equipes da Prefeitura atuaram ininterruptamente desde a madrugada para resolver os casos mais críticos causados pelo grande volume de precipitação. Após questionamentos da reportagem, o secretário Fábio Suanes esteve no local com equipes de limpeza. O gestor alertou para o descarte incorreto de lixo, o que estaria dificultando o escoamento da água. Em diferentes pontos da avenida havia grandes acúmulos de materiais, incluindo, móveis, roupas e pneus.

Na vila Governaço, o acumulo de água, segundo a SSUI, teria ocorrido por entupimentos dos canos de drenagem, considerados pequenos. A promessa é que ainda hoje ocorra uma "boa revitalização no sistema de escoamento de água".

Houve trabalho também na rua 13 do Jardim Europa, onde equipes realizaram serviços de alargamento e limpeza das valas, assim como no loteamento Thoussaint, na rua Três da Vila Princesa e na avenida Ernani Osmar Blaas, na Cohab Lindoia, onde bueiros e valetas foram desobstruídos.

Estrada danificada
Outro local que precisará de atenção é a estrada do Totó, que dá acesso à Colônia de Pescadores Z-3. A erosão acentuada pela chuva deixou ainda pela manhã a via intransitável, isolando toda a comunidade.

Já no Laranjal, a Unidade Básica de Saúde teve de encerrar o atendimento logo cedo por causa do volume de água nas avenida Espírito Santo e ruas São Borja e Mostardas. A água acumulada na área da UBS atingiu quase meio metro de altura.

Volume
Conforme a Prefeitura, a chuva acumulada em Pelotas entre terça e quarta-feira chegou a 95 milímetros, volume equivale a 65% do total previsto para todo o mês, conforme a série histórica da Agroclimatologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). O esperado normal para todo o mês é de em média 146 milímetros.

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