Memória

Colônia Maciel tenta salvar sua história

Telhado do prédio construído em 1928 que desde 2005 abrigava o museu da comunidade desabou há duas semanas, comprometendo parte do acervo

Paulo Rossi -

No interior de Pelotas uma comunidade tenta salvar sua história. Há duas semanas o telhado do Museu Etnográfico da Colônia Maciel desabou, danificando o acervo que, em sua maioria parte, foi doado pelos moradores daquela região. O prédio foi interditado pelo Corpo de Bombeiros e o trabalho de remoção dos escombros só pôde iniciar na última quinta-feira, após a liberação de um laudo de segurança.

O prédio, construído em 1928 para abrigar a Escola Municipal de Ensino Fundamental Garibaldi, é propriedade da prefeitura e desde 2005 foi cedido à Universidade Federal de Pelotas (UFPel) para abrigar o museu. A criação do espaço foi uma demanda da própria comunidade, que viu ali uma alternativa de contar, por meio de suas exposições, toda a história da colonização italiana na região, informou a arqueóloga Luciana Peixoto. Antes da inauguração, há dez anos, todo o telhado havia sido reformado, mas a ação do tempo e as chuvas podem ser as responsáveis pelo acidente, já que algumas goteiras apareceram com as últimas chuvas e parte do madeiramento apodreceu.

O museu, que recebe 600 visitas por ano, foi cercado pelos bombeiros, a fim de evitar a aproximação dos curiosos. Escoras foram colocadas nas paredes por voluntários da UFPel para evitar outros danos à estrutura, e o material resgatado foi armazenado em um salão na Colônia Maciel. A primeira parte a ser retirada é composta pelos objetos e documentos que estavam na reserva técnica, a única parte intacta. Na próxima semana o acervo será transportado para o antigo Campus II da Universidade Católica (UCPel), alugado pela Federal e onde funciona o curso de Conservação & Restauro, cujos alunos e professores já se disponibilizaram a cuidar do material. “O estrago foi menor do que imaginávamos”, afirmou Luciana.

Entre os moradores da Colônia Maciel a tristeza é perceptível. “É uma tragédia. Destruiu nossa história”,disse o agricultor Jair Vieira Habner, que teme que o acervo não possa ser reconstruído. A dona de casa Ondina Soares só tomou conhecimento do ocorrido quando passou em frente ao prédio, no caminho para o posto de saúde, e ficou chocada com a situação. Ela tem expectativa de que o espaço possa voltar a contar parte da história de sua comunidade.

Restauro
O pró-reitor de Planejamento da UFPel, Otávio Peres, responsável pela criação do laudo de segurança pós-acidente, já pensa no futuro. Ele espera que a parceria entre prefeitura e universidade possa encontrar uma maneira de reabrir o Museu Etnográfico da Colônia Maciel. “Afinal, é um prédio de grande interesse patrimonial”, ressaltou ele. Peres também informou que o reitor Pedro Curi Hallal, quando esteve em Brasília, expôs o incidente no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, a fim de sensibilizar o Ministério da Cultura sobre a importância do prédio para a comunidade e conseguir verbas para o restauro.

Os problemas também foram apresentados ao Instituto Brasileiro de Museus com a mesma finalidade, recursos.

O secretário municipal da Cultura, Giorgio Ronna, também está mobilizado. Durante a semana ele conversou com o secretário estadual de Cultura, a quem pediu ajuda. Outra medida tomada é a criação de um projeto para arrecadação de recursos internacionais e do Fundo Nacional de Cultura. “A verba pode não pode vir da secretaria, mas vamos procurar outras formas” afirmou Ronna. Para que acidentes como este não se repitam, o secretário planeja a criação de um Inventário do Patrimônio da Colônia, assim como existe com os casarões da cidade, para que eles sejam protegidos e que haja recursos municipais específicos.

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