São 412 milímetros de chuva em 26 dias. Umidade relativa do ar oscilando entre 78% e 100% e dias seguidos sem a presença do sol. Clima totalmente inadequado para quem tem um pilha de roupas para lavar e não tem coragem de ligar a máquina. Sem contar com quem tem compromisso no centro da Cidade e a rua do bairro que mora está alagada ou totalmente intransitável. A alternativa é buscar quem faça o serviço. No mês de setembro, três setores estão tendo bastante procura: lavanderias auto service, tele-entregas e transporte por aplicativo. Diante de tanta demanda, alguns vão exigir um pouco de paciência do cliente.

No domingo, por exemplo, as filas que se formaram nas lavanderias fizeram o veterinário Marcelo Ritta, 40, desistir de lavar e secar as roupas. Como movimento mais tranquilo na segunda-feira, ele aproveitou o intervalo entre um atendimento e outro para colocar as peças em dia. "Parecia até fila de rodízio de pizza", comentou ele ao se referir aos estabelecimentos que oferecem esse tipo de serviço em Pelotas. Em uma das franquias, que fica na Gonçalves Chaves, o movimento duplicou no início da semana do feriado de 20 de Setembro, e depois triplicou.

A justificativa pode estar na quantidade de roupa suja acumulada em casa desde o início do mês e o guarda-roupa quase vazio. Lavar até que não está sendo a questão, mas com umidade relativa do ar muito elevada, a secagem ficou impossível. "A demanda é enorme e a busca maior é pelo serviço de secagem", disse a empreendedora Giovana Milena Mancini, 54. Ela conta que o atendimento é auto service, mas que com o tempo, resolveram mudar um pouco o serviço e, atualmente a família atende no local e o que diferencia dos demais é que o cliente não precisar esperar para operar o sistema. "Nós combinamos o horário de entrega. Mas, quem estiver aqui e optar pela espera, terá prioridade", explica. Durante a semana, o atendimento é das 9h às 18h e no sábado até ao meio-dia, então tivemos que combinar entregas para terça-feira.

Em outro estabelecimento, o máximo que o estudante Alisson Pereira, 21, esperou para secar suas roupas foi uma hora. Como mora perto de uma franquia que fica na rua Almirante Barroso e viu a fila avançar pela rua Argolo, deixou para ir na segunda. Ele conta que a busca sempre foi pela secagem, mas, com tanta umidade, a placa da máquina de lavar queimou e agora a espera fica um pouco maior pelo tempo de lavagem e secagem.

Sem tempo ruim
Quem teve o serviço redobrado foram os motoboys. Em uma das tele-entregas de Pelotas, o coordenador Roger Flores, conta que a demanda nos dias de chuva aumenta 80%. "Os destinos são geralmente em vilas e loteamentos, onde o excesso d'água dificulta o acesso. Tem situações que o cliente quer que entregue de qualquer forma, mas temos que preservar a integridade dos motociclistas", revela. Na empresa, mesmo com a demanda, o número de entregadores se manteve o mesmo. "Fizemos uma escala de atendimentos para não sobrecarregar nenhum horário e trabalhador". O formato facilita a vida para os que não precisaram sair de casa. Diferentemente das pessoas que trabalham ou têm compromissos, principalmente no centro de Pelotas. Estas, nos dias de muita chuva, optam pelo serviço de transporte por aplicativo.

"Teve um certo aumento, mas nada expressivo", comentou o motorista de transporte por aplicativo Cyro Carlos Pombo Fagundes, 43. Ele observou que a demanda é nos horários de pico, principalmente por usuários de transporte coletivo que preferem o aplicativo. Embora o movimento ajude no faturamento, uma das preocupações é com a conclusão da corrida, pois em muitos pontos da cidade o acesso estava impossibilitado pela água. Os motoristas também estão preocupados com as condições das ruas (situação que pode ser conferida na página 8 de hoje). Isso porque a previsão é de mais chuva até o final do mês.