Confusão

Concurso para professor da UFPel é alvo de polêmicas

Após denúncias de racismo e favorecimento de candidatos, concurso foi anulado; UFPel garante que anulação não está relacionada às acusações

Foto: Jô Folha - DP - Universidade garante que anulação se deu por erro administrativo

Uma seleção para professor do curso de Gastronomia, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), virou alvo de polêmicas nos últimos dias. No campus Anglo, cartazes colados nas paredes pediam providências após a suposta desclassificação de um candidato negro, já aprovado, do processo seletivo. Entre as acusações, está a denúncia de racismo e favorecimento de outros candidatos por parte do curso. Após o ocorrido, nesta quinta-feira (21), a UFPel informou que o concurso foi anulado, mas garantiu que a medida não está relacionada às acusações.

Aprovado em quinto lugar no processo, que previa uma vaga para docente no curso de Gastronomia, o candidato Brenno Rodrigues teria direito a assumir o cargo por conta das cotas raciais, que previam a destinação de quatro das 22 vagas disponíveis em diversos cursos no edital público para candidatos cotistas. “O edital é bem claro quanto ao processo eliminatório. Nós estávamos na fase de recurso da classificação final, não era um processo eliminatório. De alguma forma, que ainda não tem uma resposta, dentro desse processo, eu fui eliminado”, conta Rodrigues. O nome de Brenno estava, inclusive, entre a lista de aprovados homologada pela Faculdade de Nutrição, departamento do qual o curso faz parte, em reunião de junho deste ano.

No início do mês de setembro, após julgamento de recursos, foi apresentada, e aprovada por unanimidade, uma lista de selecionados, sem o nome de Brenno. “O que ocorre é que a minha eliminação foi feita sem nenhum tipo de justificativa”, argumenta. Único candidato cotista aprovado para a vaga, Rodrigues alega que houve falta de clareza no processo e uma postura racista na decisão. “Foi aceita a exclusão de um candidato negro sem justificativa. Há uma contradição dentro do processo todo, das etapas de provas, que foram seguidas e vistas por todos, com a obscuridade da etapa de recursos, onde não há nenhuma informação”, relata. Após o ocorrido, Rodrigues entrou com denúncias na Controladoria Geral da União e no Ministério da Igualdade Racial.

Mobilização
A indignação de Brenno foi endossada por alunos e também por um professor do curso, que fizeram um abaixo-assinado online e também colaram cartazes na UFPel pedindo respostas. Na ouvidoria Fala.BR, o professor Iuri Baptista confirmou a versão do candidato e foi além nas denúncias sobre a falta de transparência em todo o processo seletivo. “Foi homologada uma composição da Banca Examinadora do concurso e, no dia, apareceu outra pessoa”, exemplifica o professor. Baptista confirma que houve muita contradição e falta de explicações ao longo do concurso. “Tudo foi muito mal explicado. Quando se usa recursos para mudar notas de todo o mundo, está se escolhendo o candidato que quer. Mas todo o processo do concurso tem mecanismos para evitar esse tipo de coisa”, avalia.

O que diz a UFPel
Em nota enviada ao Diário Popular, a UFPel afirmou, primeiramente, que o candidato cotista não foi eliminado do concurso. “Durante a fase recursal do concurso, e tal qual possibilitado na norma editalícia, foram interpostos recursos contra as notas obtidas pelo candidato cotista na Prova Prática”, diz o texto. Os recursos alegaram que o candidato descumpriu critérios de “boas práticas de manipulação de alimentos e uso de uniforme” na prova prática. A Banca Examinadora acolheu parte dos recursos e efetuou descontos na nota do candidato, que culminaram na reprovação de Brenno no concurso.

A instituição informou ainda que, nesta quinta-feira, o Conselho Coordenador do Ensino, da Pesquisa e da Extensão (Cocepe), reunido para análise do resultado final do concurso, constatou um erro administrativo no procedimento de homologação dos candidatos e composição da Banca Examinadora e decidiu por anular o concurso. No entanto, a UFPel alega que a decisão não está relacionada às acusações. “Indispensável salientar que a anulação do certame em nada se relaciona com as alegações do candidato”, afirma o texto. A medida afetou apenas o concurso do curso de Gastronomia e, até o momento, não há previsão de realização de novo processo. Por fim, a instituição reforçou o repúdio a qualquer ilação de que o resultado do certame possa estar maculado com a prática de atos em desconformidade com os valores da UFPel.

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