A tecnologia traz muitos benefícios e facilidades, mas também pode causar alguns mal entendidos. Foi o que aconteceu com a pelotense Ingrid Farias, 52, que levou um susto quando ao descobrir na conta bancária uma transferência inesperada de R$ 5 mil. A representante comercial recebeu um Pix e, a partir disso, tratou de viabilizar a devolução do dinheiro à responsável pelo depósito.

Ingrid relata que começou a receber ligações do estado da Paraíba e não atendeu, desconfiada que fosse algum golpe ou chamadas de telemarketing. Depois, vieram as mensagens que falavam sobre um Pix feito por engano. A princípio, ainda sem ter notado o dinheiro na conta, todas as tentativas de contato foram ignoradas. "Fiquei assustada achando que era golpe e bloqueei tudo", relembra.

A situação só começou a mudar quando a pelotense ouviu os áudios e mensagens de um advogado, que entrou em contato expondo a situação. A partir daí, Ingrid resolveu conferir as movimentações bancárias nas duas contas mais utilizadas. "Não tinha nada de diferente, então eu segui achando que era golpe mesmo." No entanto, conversando com uma amiga advogada, a autônoma resolveu se certificar da veracidade das informações enviadas pela pessoa que a procurou e buscar a conta que, segundo o interlocutor, havia recebido a suposta transferência.

Quando Ingrid conseguiu acessar a conta, que estava vinculada a ela mas permanecia sem uso, veio a surpresa: estava lá o valor de R$ 5 mil transferido por engano. "Não é que estava lá mesmo? Quando eu vi, fiquei apavorada e o sentimento, na hora, foi de falar com a pessoa", relata. Segundo ela, até que a devolução ocorresse foram dias intensos. "O processo todo me assustou por achar que era golpe, mas receber um Pix errado e não devolver não era uma opção."

O outro lado da história

Enquanto Ingrid, em Pelotas, tentava entender a situação, a médica Kátissa Feitosa, que mora em João Pessoa, na Paraíba, torcia para que as mensagens explicando a história chegassem à pelotense. "Ela pensava que era um golpe e bloqueou nossos telefones, aí o desespero foi ainda maior, mas eu segui tentando mandar mensagens para que ela verificasse a conta."

A médica, natural do Ceará, explica que a transferência era destinada para outra pessoa, que também se chama Ingrid, e que um erro de digitação na hora de inserir a chave Pix acabou causando toda a confusão. Kátissa chegou a preencher um boletim de ocorrência, mas assim que Ingrid respondeu as mensagens, ela dispensou o advogado e conversou diretamente com a receptora do dinheiro. A cearense diz que ficou muito agradecida com o desfecho da história. "Graças a Deus deu certo, porque são poucas pessoas que fazem isso", finaliza.

Fique atento

Felizmente, a história de Ingrid e Kátissa não passou de um mal entendido. No entanto, golpes e ações mal intencionadas utilizando o Pix são cada vez mais frequentes e é importante estar atento. Segundo a estimativa dos bancos para o fechamento de 2022, o volume de golpes financeiros no país deve alcançar R$ 2,5 bilhões, sendo 70% deste total relacionado ao Pix. Por isso, vale conferir algumas dicas para se proteger:

- Nunca clique em links recebidos por e-mail, WhatsApp, redes sociais ou SMS para cadastro de chave do Pix. Busque sempre os canais de atendimento oficiais do seu banco;

- Nunca compartilhe o código de verificação recebido quando você realiza o cadastro da chave Pix;

- Desconfie sempre que desconhecidos entrarem em contato mencionando algo com relação às suas chaves Pix e transferências;

- Não faça qualquer tipo de cadastro no Pix através de ligações ou contatos por WhatsApp. Essa prática não existe;

- Use uma chave aleatória para receber Pix de desconhecidos;

- Não faça transferências para amigos ou parentes sem confirmar se realmente se trata da pessoa em questão, pois o contato pode ter sido clonado ou falsificado;

- Monitore o seu CPF através de aplicativos como o Registrato, do Banco Central, para garantir que não foi vítima de fraudes.